A notícia da falência da Livraria Cultura na semana passada é uma notícia ruim para o mercado como um todo, e as editoras têm motivo para preocupação: quando uma empresa entra em falência, a prioridade nos pagamentos é, em primeiro lugar, para os créditos trabalhistas, em segundo, ao Fisco, e em terceiro aos demais credores. Há uma possibilidade de que a liquidação dos bens da empresa não seja suficiente para que os pagamentos efetivamente cheguem às editoras. A avaliação é de Carlos Camara e Thiago Arruda, da Ccamara Consultoria, empresa responsável pela recuperação judicial da Editora Rideel. Camara conversou com o PublishNews e ajudou a esclarecer alguns pontos sobre o processo de "convolação" da RJ em falência. Agora, com a sentença sobre a Cultura proferida, os advogados podem pedir um efeito suspensivo para manter as atividades das lojas, mas é pouco provável que ele seja aceito pela Justiça. Com a falência, os bens da Cultura devem ser avaliados e penhorados: estoque, veículos, imóveis, o que mais for possível. O dinheiro resultante serviria para pagar as dívidas. Este pleito será conduzido pela Laspro Consultores, apontada na decisão como a empresa responsável por esse processo. Clique no Leia mais para ler a matéria na íntegra.

O convidado deste episódio do Podcast do PublishNews é um dos maiores biógrafos do país: Ruy Castro. O autor lançou há pouco o livro A vida por escrito: Ciência e arte da biografia (Companhia das Letras), um guia de como escrever biografias. Nesta conversa, falamos sobre como ele desenvolveu o processo deste livro – resultado de dezenas de cursos sobre assunto que ele ministrou no Rio e em São Paulo. A obra é também uma espécide de "autobiografia" profissional, tem dicas para entrevistadores, fala de sua íntima relação com o século passado e de suas referências. No papo, abordamos ainda sua forte afinidade com a música, seu sucesso como escritor e de como a sorte também o ajuda – e a todos os biógrafos, em certa medida. Ruy Castro começou sua carreira como repórter em 1967, passou por todos os grandes veículos da imprensa carioca e paulistana e, a partir de 1990, concentrou-se nos livros. É autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, e de livros de reconstituição histórica sobre o samba-canção, a Bossa Nova, Ipanema, o Flamengo e o Rio de Janeiro moderno dos anos 20. Entre outros, recebeu o Prêmio Machado de Assis de 2021 e, em 2022, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL). Clique no Leia mais para ouvir o episódio.

Para os fãs de sagas literárias, o final de semana veio com novidades. A escritora Stephenie Meyer, autora dos livros de sucesso da saga Crepúsculo, anunciou que escreverá mais dois livros para a franquia. Ainda sem detalhes revelados, como datas de lançamento, temáticas ou em qual perspectiva o livro será escrito, ela disse que quer tentar algo totalmente novo. O Estadão publicou uma matéria sobre sebos para visitar em São Paulo e gastar pouco comprando livros. Mesmo com a guerra, uma tradução do livro A paixão segundo G. H., de Clarice Lispector, acaba de ser publicada na Ucrânia. A coluna de Ancelmo Gois no O Globo destacou que o trabalho é da editora Anetta Antonenko. O Estadão do final de semana também destacou que o ditador português Antonio Salazar ganhará uma biografia. Escrita pelo italiano Marco Ferrari, o livro A incrível história de António Salazar (Todavia) é uma tradução de Vasco Gato. Na Folha, três notas sobre livros que acabaram de estrear no mercado. Clique no Leia mais e confira a nota na íntegra.

Um movimento que está sendo divulgado nas redes do Teatro Eva Herz e por outros leitores e frequentadores da Livraria Cultura convida autores e artistas para um movimento de "ocupação" no prédio do Conjunto Nacional (Av. Paulista, 2073, São Paulo / SP), na terça-feira (14), das 15h às 19h30. "Traga um livro, separe um trecho de até 1 minuto. Vamos mostrar que a CULTURA é maior que tudo", diz o texto do convite, que tem a logo da Livraria e do Teatro. "É um movimento que está voltado ao afeto cultural", explica o curador e gestor do Teatro Eva Herz, André Acioli. "Estou no Teatro há 16 anos, desde a inauguração. Preciso fazer algo até em prol deste 'luto'. Esse chamamento é para uma reunião de pessoas que celebrem a história desse lugar, tão importante enquanto polo cultural. Não é um protesto contra a Justiça, é um encontro de artistas, um ato simbólico".

A editora Globo abriu uma vaga para designer diagramador. As funções do cargo incluem cuidar de emendas e ajustes de livros e capas; fazer a adaptação de miolo e capas de originais estrangeiros; ajustar arquivos para reimpressão; fazer o fechamento de arquivos para gráfica; cuidar da aprovação (online) de arquivos de capa e miolo em processo de impressão; cuidar do controle de arquivamento na nuvem; e realizar orçamentos. O trabalho é híbrido e entre os benefícios vale-transporte, vale-refeição ou alimentação; plano de saúde e odontológico Bradesco; seguro de vida; assistência funeral; convênio com empresas parceiras; apoio psicológico; total pass; PLR (participação nos lucros e resultados); e day off aniversário. Interessados devem encaminhar currículos para selecao@edglobo.com.br colocando no assunto ‘Designer diagramador’.

A Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) empossou na última sexta (10) a sua nova diretoria. O jornalista João Baltar Freire assume a presidência da editora, tendo o administrador de empresas Igor Burgos como diretor administrativo e financeiro e o jornalista Ricardo Melo reconduzido na diretoria de Produção e Edição. A secretária executiva de Imprensa, Daniella Brito, assume o Conselho Administrativo da Cepe. À frente da Cepe desde 2014, o jornalista Ricardo Leitão destacou a assertividade de todo o processo de transição de gestão. “Nós tivemos uma transição muito cordial. João teve condições de conhecer separadamente cada setor e avaliar o que foi feito por cada um. Tenho certeza de que a nova diretoria terá condições de avançar onde não pudemos ou não tivemos condições para isso”, afirmou. Clique no Leia mais para conferir a íntegra desta nota.

A Prefeitura de Belo Horizonte lançou a 7ª edição da Mostra Descontorno Cultural, para abarcar grupos artísticos do entorno e de dentro dos Centros Culturais da capital. O projeto é em parceria com a Associação Cultural e Artística Ouro Negro e nasce com o objetivo de fomentar o trabalho de agentes culturais e artistas da cidade que já atuam como referência em suas comunidades ou estão em fase de profissionalização, experimentação e formação. As inscrições podem ser feitas aqui. As propostas artísticas devem ser enviadas até a próxima quinta-feira (16). Criada em 2013, a Mostra “Descontorno Cultural” selecionará, em 2023, 68 propostas artísticas nos segmentos de Música, Artes Cênicas, Artes Visuais e Audiovisual, Promoção da Leitura e Escrita, e Culturas Populares e Tradicionais. A mostra acontecerá nos dias 15 e 16 de abril (sábado e domingo), no entorno e dentro dos 17 equipamentos culturais administrados pela Prefeitura de Belo Horizonte. Clique no Leia mais e saiba os detalhes sobre a seleção.

O Instituto Estação das Letras inicia em março dois novos cursos focados na formação de escritores e mediadores de leitura. Com 28 anos de atuação, o Instituto criou os cursos com o objetivo de continuar o incentivo à produção da escrita e no despertar do interesse do público leitor. As inscrições terminam no dia 3 de março. Segundo a fundadora e diretora da Estação das Letras, Suzana Vargas, essas formações literárias "foram pensadas para dar organicidade ao que até então vinha sendo feito por meio de cursos livres. O objetivo é aumentar o alcance a toda a comunidade de pessoas interessadas em literatura, por meio de aulas 100% ao vivo e on-line. Mas, além dos escritores, educadores ou agentes culturais, que desejam compreender melhor esse universo, terão como ferramenta a Formação Literária para Mediadores de Leitura", explica, em nota. Para falar sobre os universos da criação e da leitura e sobre a importância da formação literária para escritores e mediadores, o escritor Luiz Antonio de Assis Brasil inaugura o semestre das Formações em uma aula aberta e gratuita, dia 1º de março, às 18h. As vagas são limitadas e podem ser feitas pelo iel@estacaodasletras.com.br e (21) 99127-4088 (WhatsApp). Clique no Leia mais para conferir a íntegra desta nota.

O projeto “Donas da Rua”, ação da Mauricio de Sousa Produções para incentivar meninas e mulheres na carreira científica, artística, esportiva e literária, escolheu homenagear Lorrane Olivlet, jovem astrônoma amadora que descobriu cerca de 50 asteroides em um programa da NASA. Ela é representada pela personagem Aninha. Nascida em Belo Horizonte, a mineira é apaixonada pelo espaço desde os três anos, quando ganhou um livro sobre o Sistema Solar. A partir daí, nem o céu foi o limite para ela. Sempre de olho nos astros, Lorrane tornou-se astrônoma amadora e inscreveu-se no projeto de caça a asteroides da NASA, a agência espacial dos Estados Unidos, o International Astronomical Search Collaboration. Nele, cientistas amadores do mundo todo podem fazer descobertas astronômicas. A homenageada também foi responsável pela criação do grupo de STEAM (sigla em inglês para ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática), o InSpace Group, com foco em assuntos ligados ao espaço, em que lidera mais de cem participantes. Para saber mais sobre o projeto, clique no Leia mais.

O escritor Moacyr Vergara de Godoy Moreira fará o lançamento de sua nova obra nesta segunda-feira (13), no Bar Balcão (Rua Doutor Melo Alves,150 – São Paulo / SP) a partir das 19h. O autor lança o livro Um certo nascer ali, pela editora Paraquedas. Em sua quinta publicação, há textos mais antigos, convivendo com narrativas escritas ao longo dos últimos meses. O autor conta: “Procurei refletir sobre o que nos faz brasileiros, este 'certo nascer ali’ que nos define e por outro lado nos condena a uma certa imobilidade, um redemoinho que nos leva mais ao fundo do poço que a algo mais luminoso, na maior parte das circunstâncias”. Em narrativas híbridas de gênero, como expõe o escritor Ronaldo Cagiano no prefácio, Moacyr oscila em uma “tênue fronteira entre o conto e a crônica, pois o escritor constrói uma tessitura que funde realidade e ficção, cujo resultado culmina numa epifania de linguagem”. Por ser médico da linha de frente durante os anos de pandemia, ele esteve exposto ao cotidiano da morte e do desespero, diante de um governo central omisso. Clique no Leia mais e confira a nota na íntegra.

A protagonista deste romance, chamada simplesmente de "a esposa", planejava não se casar nunca: "Durante anos, mantive um post-it na minha escrivaninha. Não ame, trabalhe!". Mas, como esta narrativa ágil e fragmentária mostra ao leitor, as vontades por vezes se transformam, e a personagem acaba num relacionamento com um músico, com quem se casa. Alguns anos depois, eles têm uma filha, e as ambições vão se dissolvendo no caos aconchegante da vida doméstica. Departamento de especulação (Todavia, 136 pp, R$ 59,90 – Trad.: Carol Bensimon) é como são assinadas as cartas trocadas entre os dois, nas quais divagam sobre a intimidade, a literatura, a ciência e a arte, e sobre o sentimento de solidão que perpassa a vida. Enquanto o casal atravessa diversas catástrofes mundanas — uma infestação de insetos, uma bebê com cólica, escolhas profissionais motivadas por problemas financeiros —, a esposa medita sobre o lugar que ocupa no mundo. Organizado em capítulos curtos que soam quase como aforismos, este romance mostra de que maneiras a experiência inclassificável do amor materno pode resultar na destruição quase completa do eu. Primeira obra de Jenny Offill publicada no Brasil, Departamento de especulação foi eleito um dos livros do ano pelo New York Times em 2014.

Lula Bernardo regressa ao interior de Alagoas na intenção de reencontrar sua família e trazer as boas-novas da modernidade à terra natal. Influenciado por tudo o que leu e viu na cidade grande, pretende salvar os habitantes da ilha de Santa Luzia de uma vida miserável e repleta de doenças. Mas suas ideias encontram um ferrenho opositor: o coronel Totô de Canindé, personagem que encarna o latifúndio, a incivilidade e, principalmente, a violência. Nas falas de Totô podemos identificar os códigos de segregação racial e social que, até hoje, dizem muito sobre o nosso país. Jorge de Lima, ao contrário de tantos gigantes da nossa literatura que fundaram suas obras na paisagem seca e flagelada do Nordeste — como Rachel de Queiroz, Jorge Amado e Graciliano Ramos —, ambientou seu Calunga (Alfaguara, 152 pp, R$ 64,90 – Trad.: Claufe Rodrigues) na terra ensopada dos mangues, em meio a chuvas torrenciais, no lamaçal açoitado pelo vento e o frio úmido. Uma região devastada pelo descaso e pela ganância, com consequências terríveis para aqueles que tiram da lama o seu sustento. Publicado originalmente em 1935, Calunga é, em grande medida, fruto do assombro do autor diante do sofrimento humano, que conheceu muito de perto nas inúmeras viagens que fez pelo interior alagoano como médico.

A creche na qual a jovem Betty Oudkerk trabalhava foi transformada pelos alemães num espaço para onde as crianças judias são encaminhadas – e lá aguardam o transporte em direção aos campos de concentração. Mas Betty e suas amigas funcionárias da creche se recusam a aceitar o destino que os nazistas querem dar a esses meninos e meninas. Elas escolhem pôr em risco as próprias vidas para salvar centenas de inocentes, enquanto nas ruas da cidade o dia a dia se torna cada vez mais assustador para os judeus. Essas mulheres lutaram dia e noite não apenas para salvar centenas de crianças da morte anunciada, mas para dar a elas a esperança de um futuro. Órfãos de Amsterdã (Melhoramentos, 304 pp, R$ 52,90 – Trad.: Renata Tufano) é uma história de resistência – uma leitura, que fará o leitor chorar, mas também refletir. Elle van Rijn se inspira no relato de Betty Goudsmit-Oudkerk, que antes de falecer teve uma longa conversa com a autora, para nos apresentar a um livro capaz de tocar leitores de todas as gerações.

Considerado um dos romances fundadores do surrealismo, Nadja (100/cabeças, 184 pp, R$ 82), de André Breton, volta às livrarias brasileiras em capa dura, com tradução de Ivo Barroso e projeto gráfico de Flávia Castanheira. A obra, revolucionária em seu formato e conteúdo, explora os limites do inconsciente e da racionalidade, a partir da descrição de encontros do autor com Nadja pelas ruas de Paris, por meio dos quais elaborou o conceito de “acaso objetivo”, tema central para o movimento. Além do inovador estilo ensaístico, que alterna descrição e questionamento sobre os fatos, o uso de colagens, desenhos e fotografias que ora ilustram, ora aprofundam o mistério da deambulação retratada, são marcas do uso ampliado da construção imaginativa do autor, com uma narrativa anti-literária que mescla sonho e realidade. A presente publicação tomou como base a edição francesa de 1963, totalmente revista por Breton em relação à publicação original de 1928, com acréscimo de fotografias, notas documentais e autocrítica. A publicação reproduz de forma integral as imagens contidas no livro: fotos de autoria J.-A Boiffard, Man Ray, Henri Manuel e André Bouin que retratam Breton, Nadja e seus companheiros surrealistas, além das ilustrações feitas por Nadja.