
O júri concedeu o prêmio ao autor por sua “excepcional obra literária e trabalho intelectual com os quais tem contribuído de maneira profunda e sustentada para o enriquecimento do idioma e da cultura hispânica”. Além disso, destacou que “ao longo de mais de cinco décadas, Gonzalo Celorio consolidou uma voz literária de notável elegância e profunda reflexão, na qual conjuga a lucidez crítica com uma sensibilidade narrativa que explora as nuances da identidade, da educação sentimental e da perda. Sua obra é, ao mesmo tempo, uma memória do México moderno e um espelho da condição humana”.
Por fim, ressaltou que “em seus livros ressoam a ironia, a ternura e a erudição, traçando um mapa emocional e cultural que influenciou gerações de leitores e escritores. Celorio representa a figura do escritor integral: criador, mestre e leitor apaixonado. Construtor de um legado inestimável que honra a língua espanhola e a mantém viva em sua forma mais elevada: a da palavra que pensa, sente e perdura.”
A decisão do júri foi anunciada pelo ministro Ernest Urtasun, acompanhado da diretora-geral do Livro, do Quadrinho e da Leitura do Ministério da Cultura, María José Gálvez, em um evento realizado no Auditório Jorge Semprún, em Madri.
Biografia
Gonzalo Celorio nasceu na Cidade do México em 1948. É narrador, ensaísta, cronista e uma das figuras mais proeminentes da literatura mexicana contemporânea.
Doutor em Língua e Literaturas Hispânicas, especializado em Literatura Hispano-americana pela Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), desenvolveu um extenso trabalho acadêmico e docente. Desde 1974, tem ministrado aulas em diversas instituições, entre elas a Universidade Ibero-americana, o Instituto Politécnico Nacional e El Colegio de México.
Exerceu numerosos cargos acadêmicos e culturais, como o de secretário acadêmico e diretor da Faculdade de Filosofia e Letras da UNAM (1998-2000); diretor de Literatura do Instituto Nacional de Belas Artes; coordenador de Difusão Cultural da UNAM (1989-1998); e diretor-geral do Fundo de Cultura Econômica (2000-2002). Atualmente, é professor de literatura hispano-americana na Faculdade de Filosofia e Letras da UNAM, onde dirige a cátedra extraordinária ‘Maestros del Exilio Español’ (Mestres do Exílio Espanhol).
É membro de número da Academia Mexicana da Língua, da qual é seu diretor, e também membro correspondente da Real Academia Espanhola e da Academia Cubana da Língua.
Entre suas obras mais reconhecidas encontram-se os romances Amor propio, El viaje sedentario, Y retiemble en sus centros la tierra, El metal y la escoria e Mentideros de la memoria. Sua obra é inédita no Brasil.
Sua trajetória foi distinguida com numerosos reconhecimentos, como o Prêmio de Jornalismo Cultural do Instituto Nacional de Belas Artes (1986) por Los subrayados son míos; o Prix des Deux Océans (1997, Festival de Biarritz) por El viaje sedentario; o Prêmio Nacional de Romance IMPAC-CONARTE-ITESM (1999); o Prêmio Universidade Nacional no campo de Criação Artística e Extensão da Cultura (2008); o Prêmio Nacional de Ciências e Artes em Linguística e Literatura (2010); o Prêmio Mazatlán de Literatura (2015); e o Prêmio Xavier Villaurrutia de Escritores para Escritores (2023). Além disso, recebeu a Ordem da Cultura Nacional, concedida pelo Ministério da Cultura de Cuba em 1996.
Sua obra, caracterizada pela erudição, pelo rigor estilístico e pela reflexão sobre a memória, a identidade e a tradição literária hispano-americana, o coloca entre os autores mais relevantes da literatura mexicana atual.
Escolha foi feita por 14 jurados
O júri foi presidido por María José Gálvez, diretora-geral do Livro, do Quadrinho e da Leitura do Ministério da Cultura da Espanha.
Além disso, o júri foi composto pelos seguintes nomes: Aurora Gloria Egido Martínez (Aurora Egido), pela Real Academia Espanhola; Bruno Rosario Candelier, em representação da Academia Dominicana da Língua; Ana María Gallego Cuiñas, pela Conferência de Reitores das Universidades Espanholas (CRUE); José Luis Mauricio Carrera Guerrero (Mauricio Carrera), pela União de Universidades da América Latina e do Caribe (UDUALC); Raquel Caleya Caña, pelo Instituto Cervantes; María del Carmen Marín López (Karmentxu Marín), pela Federação de Associações de Jornalistas da Espanha (FAPE); Pablo Rubén Villalobos Hernández, pela Federação Latino-americana de Jornalistas (FELAP); María Teresa Alves de Araújo (Teresa Araújo), pela Associação Internacional de Hispanistas (AIH); Araceli Iravedra Valea, pela Associação Espanhola de Críticos Literários (AECL); Manuel Rico Rego, pela Associação de Escritoras e Escritores da Espanha (ACE); Constantino Bértolo Cadenas (Constantino Bértolo), pelo Ministério da Cultura; Luis Mateo Díez Rodríguez (Luis Mateo Díez), escritor galardoado na edição de 2023, e Álvaro Pombo, escritor galardoado na edição de 2024.
A história do Prêmio Cervantes
Pode ser agraciado com o Prêmio Cervantes qualquer autor ou autora cuja obra literária esteja escrita totalmente, ou em parte essencial, em castelhano. Os candidatos ao Prêmio podem ser apresentados pelas Academias da Língua Espanhola, pelos autores premiados em edições anteriores, por instituições vinculadas à literatura em língua castelhana e pelos membros do júri.
Os vencedores anteriores do Prêmio Cervantes são os seguintes:
- 1976 Jorge Guillén
- 1977 Alejo Carpentier
- 1978 Dámaso Alonso
- 1979 Jorge Luis Borges y Gerardo Diego
- 1980 Juan Carlos Onetti
- 1981 Octavio Paz
- 1982 Luis Rosales
- 1983 Rafael Alberti
- 1984 Ernesto Sábato
- 1985 Gonzalo Torrente Ballester
- 1986 Antonio Buero Vallejo
- 1987 Carlos Fuentes
- 1988 María Zambrano
- 1989 Augusto Roa Bastos
- 1990 Adolfo Bioy Casares
- 1991 Francisco Ayala
- 1992 Dulce María Loynaz
- 1993 Miguel Delibes
- 1994 Mario Vargas Llosa
- 1995 Camilo José Cela
- 1996 José García Nieto
- 1997 Guillermo Cabrera Infante
- 1998 José Hierro
- 1999 Jorge Edwards
- 2000 Francisco Umbral
- 2001 Álvaro Mutis
- 2002 José Jiménez Lozano
- 2003 Gonzalo Rojas
- 2004 Rafael Sánchez Ferlosio
- 2005 Sergio Pitol
- 2006 Antonio Gamoneda
- 2007 Juan Gelman
- 2008 Juan Marsé
- 2009 José Emilio Pacheco
- 2010 Ana María Matute
- 2011 Nicanor Parra
- 2012 José Manuel Caballero Bonald
- 2013 Elena Poniatowska
- 2014 Juan Goytisolo Gay
- 2015 Fernando del Paso
- 2016 Eduardo Mendoza
- 2017 Sergio Ramírez
- 2018 Ida Vitale
- 2019 Joan Margarit
- 2020 Francisco Brines
- 2021 Cristina Peri Rossi
- 2022 Rafael Cadenas
- 2023 Luis Mateo Díez
- 2024 Álvaro Pombo
- 2025 Gonzalo Celorio






