23ª Flip se inicia em meio às fortes movimentações na maré de Paraty e números superlativos
PublishNews, Guilherme Sobota, 30/07/2025
Água ocupa ruas da cidade no final da tarde, mas fenômeno, fruto do planejamento urbano da cidade, vem acompanhado de mais de 600 mesas entre a agenda principal e as 35 casas parceiras

Paraty em julho: sol durante o dia, friozinho à noite | © Guilherme Sobota / PublishNews
Paraty em julho: sol durante o dia, friozinho à noite | © Guilherme Sobota / PublishNews
Em meio a uma cheia que preenche as ruas de Paraty (RJ) nos finais das tardes com a mistura da água do mar e do Rio Perequê-Açu – um fenômeno planejado pelo desenvolvimento urbano da cidade ainda no século 18 –, começa nesta quarta-feira (30) a 23ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). O evento literário realizado no litoral sul fluminense desde 2003 se tornou um marco para outras iniciativas semelhantes no país e, desde o ano passado, conta com um plano plurianual aprovado na Lei de Incentivo à Cultura, rumo a completar 25 anos de existência. Neste ano, são mais de 630 debates, painéis de discussão, lançamentos de livros, contação de histórias, eventos culturais em geral, entre muitas outras variedades, durante os cinco dias da Festa, que vai até o próximo domingo (3).

O número superlativo é resultado da parceria da organização da Festa – realizada pela Associação Casa Azul – com mais de 35 casas parceiras, entre elas, a Casa PublishNews. “Todos os anos a Flip promove e apoia programações paralelas ao Programa Principal, enriquecendo as abordagens da Festa e ampliando as vozes e discussões que tornam essa manifestação cultural potente e plural. São diversas programações e projetos que integram o ecossistema da Flip, com curadoria compartilhada ou independente”, diz o material de comunicação da Flip. As casas estão identificadas na cidade com a tradicional sinalização desenvolvida pela produção.

No ano em que homenageia Paulo Leminski (1944-1989) – poeta curitibano que se utilizou de conhecimentos variados para construir uma poesia feita de cortes rápidos e recheada de imagens visuais –, a Flip se projeta também como espaço de discussão política. Nomes como Marina Silva e Ilan Pappe se somam na programação principal a escritores mais "literários", como Rosa Montero, Sandro Veronesi, Gaël Faye, Alice Ruiz, Claudia Roquette-Pinto e muitos outros.

Neste ano, a Festa também mudou sua configuração espacial na Praça da Matriz, no Centro Histórico de Paraty – o Auditório da Matriz, com ingressos à venda, fica próximo à margem do Rio Perequê-Açu, ao lado da Livraria da Travessa e do novo Café da Flip. O projeto Caprichos & Relaxos ocupará este espaço inédito, recebendo 15 poetas brasileiros a convite da curadora literária, Ana Lima Cecílio. Cada convidado terá 20 minutos para realizar uma apresentação autoral com leitura e performances de poemas.

Do outro lado da Praça, costeando a Rua da Cadeia – ponto boêmio da cidade –, fica o Auditório da Praça, que transmite todas as mesas realizadas na tenda principal de maneira gratuita. A agenda principal também é transmitida pelo site e YouTube da Flip e pelo canal Arte1.

Outra mudança é que a Flip melhorou a visibilidade das editoras independentes na Praça Aberta, que fica do outro lado da ponte, na região do Areal do Pontal. Segundo editores consultados pelo PN, o valor cobrado pela Festa foi maior neste ano para quem quisesse uma área equivalente a 2024. Banca Tatuí, Lote 42, Borboleta Azul, Impressões de Minas, Garota FM e Mondru são algumas das editoras que retornam ao evento. Entre as estreias na área, está a Laranja Original. No ano passado, as casas reclamaram do posicionamento dos espaços no Areal. A Praça Aberta funciona das 19h às 22h na quarta (30), das 10h às 22h de quinta a sábado, e das 10h às 13h no domingo (3). Além das editoras, autores independentes, espaços parceiros, instituições e coletivos locais também ocupam o Areal. De acordo com a organização, a ideia da Praça Aberta é ser um lugar de encontro, “onde ocorre uma programação paralela ao Programa Principal, de modo a ampliar e democratizar o debate, valorizando a bibliodiversidade”.

Para Mauro Munhoz, diretor artístico da Associação Casa Azul, as mudanças fazem parte de um ciclo natural de urbanidade, pensados pela Flip desde o início de sua realização. “A ideia é aproveitar as possibilidades de uma cidade tão singular como Paraty, e isso funciona como uma espécie de urbanismo dinâmico. A ideia é proporcionar aos moradores e visitantes da cidade uma experiência diferenciada, especial, que pode fazer as pessoas imaginarem. O que seriam as cidades brasileiras se as dimensões artísticas, culturais, de educação fossem colocadas no lugar em que elas merecem estar”, disse, em entrevista ao Podcast do PublishNews.

Para a curadora Ana Lima Cecílio, além de analisar as mudanças pelas quais a Flip passou ao longo dos anos, também é interessante notar o que permanece. “Hoje parece um pouco óbvio, mas a Flip criou um modelo de conversa entre autores e mediadores. Isso é uma das coisas mais legais nos eventos literários, fazer as pessoas conversarem e pensarem sobre o mundo”, disse ao PN.

Uma presença inédita na Flip deste ano é também institucional: neste ano, a Casa MinC faz a sua estreia no evento, realizada em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no sobrado do órgão, no Centro Histórico da cidade, e dividirá espaço com a já tradicional Casa do Cordel. O espaço vai receber representantes do Ministério da Cultura e de entidades vinculadas, como a Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB) e a Fundação Nacional de Artes (Funarte). A programação contempla temas como políticas culturais, leitura e democracia, acervos literários e fomento à cultura nos estados e municípios.

Casa PublishNews

A Casa PublishNews vai reunir mais de 102 convidados em 28 painéis e mesas de debates numa programação voltada para discutir e propor reflexões e ações para o setor do livro no Brasil. Assuntos como formação de leitores, políticas públicas do livro, tecnologia na indústria editorial, livros mais vendidos, feiras e eventos literários, ESG, literatura, podcasts e neurociências estarão contemplados nos debates – entre outros temas. A programação da Casa PublishNews começa nesta quarta-feira (30 de julho), às 15h, e vai até o sábado (2 de agosto), em Paraty (RJ) – veja aqui a agenda completa.

Casa PublishNews na Flip 2025: mais de 100 convidados | © Guilherme Sobota / PublishNews
Casa PublishNews na Flip 2025: mais de 100 convidados | © Guilherme Sobota / PublishNews
A Casa está localizada no mesmo endereço dos últimos anos, na Rua do Comércio (Rua Tenente Francisco Antônio, 300, ao lado da sorveteria Pistache), no coração do Centro Histórico da cidade. Como já é tradição, todas as noites a Casa PublishNews recebe happy hours, com apoios de parceiros – todos os eventos são abertos ao público.

Nomes importantes do mercado editorial nacional e internacional, como Marifé Boix-García, Rui Campos, Bruno Zolotar, Daniela Kfuri, André Palme, Marcelo Gioia, Daniel Lameira, Júlio Cruz, Rodrigo Meinberg, Flavio Moura, Haroldo Ceravolo Sereza, Ricardo Costa, Mariana Figueiredo e Rita Palmeira estão confirmados na programação. Figuras envolvidas com as políticas públicas, como Fabiano Piúba, Jeferson Assumção, Dani Balbi e Lucas Padilha, também estarão presentes. Diversos autores e autoras, como Alice Ruiz, Monique Malcher, Fabrício Corsaletti, Lilia Guerra, Tiago Rogero, Aline Midlej, Leandro Teles, Daniel Kondo, Estevão Ribeiro – e outros – fazem parte dos painéis ao longo dos quatro dias.

Uma das novidades deste ano é que os nomes dos finalistas do Prêmio Jovens Talentos da Indústria do Livro 2025 serão anunciados nesta quarta (30), durante a programação da Casa, com a presença de Marifé Boix-Garcia, vice-presidente da Feira de Frankfurt para a América Latina e Sul da Europa. A Casa PublishNews é parceira oficial da Flip. O PublishNews também é parceiro de mídia da Flip.

A Casa PublishNews tem patrocínio Master de CBL, MVB e Transpo Express. Patrocínio: Abrelivros, Alta Books, Antroposófica, Bookwire, Disal, Gráfica Viena, Labrador, Skeelo, S2 Consultoria e UmLivro; apoio: Edições Sesc e SNEL; oferecimento de Happy Hours: MVB, Disal, CBL e Skeelo.

Realização Flip

A Flip é um projeto realizado pelo Ministério da Cultura e Governo Federal e pela Associação Casa Azul, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Conta com patrocínio Jequitibá do Nubank, patrocínio Figueira da Vale, patrocínio Guapuruvu do Itaú Unibanco e da Motiva, por meio de seu Instituto, patrocínio Cedro do Sesc, da Maqmóveis e de O Globo, patrocínio Araribá da Globo Livros, e apoio institucional da Prefeitura de Paraty, do Governo do Estado do Rio de Janeiro, e do Museu do Território.

Em 2024, a Flip celebrou a aprovação de seu plano plurianual pelo Ministério da Cultura, um reconhecimento da relevância da Festa como instituição no tecido cultural brasileiro, de acordo com a organização. O plano permite que, através da renúncia fiscal, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, a Flip garanta captação de recursos para suas ações de permanência, legado e impacto, em um planejamento de médio e longo prazo, até o ano de 2027.

"O engajamento de patrocinadores garante avanços significativos e consistentes na realização da missão da Flip e no fortalecimento de seus valores. Com o plano plurianual, patrocinadores e parceiros podem se somar à Flip em qualquer momento do ano, contribuindo diretamente para a continuidade e expansão de uma das mais relevantes iniciativas culturais do país", diz uma nota da Flip.

Clique aqui para ver o programa principal. Uma planilha elaborada pela jornalista Tatiany Leite reuniu os mais de 620 eventos promovidos na Flip 2025.

[30/07/2025 09:18:00]