
Em 2025, a Casa Aleph na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) será um espaço para trazer ainda mais público para conhecer as histórias do gênero.
As editoras com livros mais vendidos

Segundo o relatório feito a pedido do PN, foram vendidos 52.948 livros de ficção científica em 2023. No ano seguinte, esse montante foi para 77.990 livros, representando um aumento de 47,29% nas vendas. Comparando desempenhos individuais de editoras de ficção científica, a Morro Branco foi a que mais aumentou percentualmente a sua participação nas vendas do mercado editorial nos últimos dois anos. Em 2023, vendeu pouco menos de 2 mil exemplares, enquanto que, em 2024, o número saltou para mais de 12 mil volumes vendidos. A editora é casa de autores como Octavia E. Butler, Ursula K. Le Guin, TJ Klune, N. K. Jemisin – e também publicou um livro de Margaret Atwood, Semente de bruxa.

Ela complementa que houve um direcionamento de investimentos para espaços estratégicos do público de ficção, além de foco em ações de marketing digital. Em julho de 2024, a Morro Branco foi adquirida pela Alta Books.
A Arqueiro se manteve nos últimos dois anos em considerável destaque entre as editoras por conta de conter em seu catálogo a clássica série de livros de O guia do mochileiro das galáxias, publicado originalmente por Douglas Adams em 1979 – mesmo sem grandes investimentos recentes em marketing e reposicionamento, o livro permanece com boas vendas nas livrarias brasileiras.
Livros mais vendidos de ficção científica em 2024

- O problema dos três corpos (Suma) — 3.430
- Duna com sobrecapa + pôster filme (Aleph) — 2.954
- Nada mais será como antes (Planeta Minotauro) — 2.716
- O guia definitivo do mochileiro das galáxias (Arqueiro) – 2.560
- O guia do mochileiro das galáxias - Edição Ilustrada (Arqueiro) — 1.999
- Star Wars - Livro dos Sith (Bertrand Brasil) — 1.942
- Stranger things: raízes do mal (Intrínseca) — 1.845
- Semente originária (Morro Branco) — 1.795
- O guia do mochileiro das galáxias (O mochileiro das galáxias – Livro 1) (Arqueiro) — 1.736
- O céu da meia-noite (Morro Branco) — 1.470
Fernanda Dias, editora da Suma, menciona a relevância de sair um pouco das obras vindas dos EUA e buscar vozes de outros contextos culturais. Ela cita o exemplo do romance sul-coreano Contrapeso, de Djuna, que apresenta uma visão bem particular sobre tecnologia e poder. Em 2025, a editora lançará uma obra de Kim Bo-Young, autora de grande destaque do gênero na Coreia do Sul: Odisseia Estelar, que contém três histórias que misturam ciência, espaço sideral e questões bastante particulares da experiência humana. “Esse olhar mais plural, tanto geográfica quanto esteticamente, é essencial pra manter o gênero vivo e em diálogo com a contemporaneidade”, diz Fernanda.
Ficção científica agora na Flip
No mês de abril, a Aleph realizou um evento no Reag Belas Artes, em São Paulo, em que convidou atores do mercado editorial para mostrar para o público o novo status da empresa, agora autodenominada um Grupo Editorial. Segundo a casa, os dois últimos anos foram bons para a editora, que em 2024 comemorou seu aniversário de 40 anos, e que se mantém na liderança de vendas do segmento de livros de ficção científica. O grupo também conta com os selos infantojuvenil Glida, e o selo Goya, de não-ficção, que teve o título O animal social como destaque de vendas em 2024, chegando a integrar listas de mais vendidos. Para o PublishNews, a Aleph divulgou os carros-chefe de vendas do Grupo em 2025:
Aleph
- Flores para Algernon
- Duna livro 1
- Box Jurassic Park
Goya
- Animal social
- Morada da alma
- Singularidade está mais próxima
Glida
- Box Gatos alados
- Gatos alados
- Retorno dos gatos alados
O grupo terá destaque em Paraty, levando pela primeira vez a Casa Aleph para integrar o circuito da programação da Flip. A publisher do Grupo Aleph, Luara França, detalhou que a Casa Aleph terá como objetivo explorar a capacidade da ficção científica em desbravar um futuro e de tentar desafiar limites da literatura.

"Nosso principal objetivo é despertar o interesse de novos leitores para o gênero, removendo qualquer mito ou preconceito. Também queremos enriquecer a experiência dos fãs já existentes, promovendo debates aprofundados e discussões sobre as tendências e os desafios da ficção científica contemporânea. Contaremos com autores, pesquisadores, professores, tradutores e outros diversos profissionais que pensam o futuro através da ficção científica", afirma. A Casa Aleph estará localizada na rua Comendador José Luiz, 379, no Centro Histórico de Paraty (RJ).
Dentre os destaques da programação, estão os autores Carol Chiovatto, Ana Rüsche e Felipe Castilho, além de uma palestra com escritor e tradutor Braulio Tavares. A casa oferecerá também bate-papos sobre as obras de Philip K. Dick, Mary Shelley e Ursula K. Le Guin.
Produções do audiovisual
Assim como o mercado de mangás, o segmento de ficção científica tem como importante aliado comercial a intersecção com produções audiovisuais. Nos últimos anos, o cinema mundial teve grandes bilheterias com obras de ficção científica, o que impacta também no número de vendas de livros do setor. As próprias editoras colocam a força dessas adaptações como elemento relevante no aumento das vendas.
Fernanda Dias, da Suma, explica que o caso do O problema dos três corpos uniu o público fiel que acompanhava o gênero e uma adaptação de sucesso. "É inegável que a adaptação da Netflix teve um papel fundamental em ampliar esse alcance. Foi um caso bastante emblemático de como uma adaptação bem-sucedida pode influenciar a recepção e a difusão de uma obra, levando-a a um novo patamar em termos de vendas e de presença cultural", conta.

Outros casos recentes de sucesso audiovisual são O eternauta, minissérie argentina da Netflix lançada em maio de 2025 e que foi elogiada pela crítica especializada – uma edição definitiva do livro será lançada no Brasil em agosto pela Pipoca & Nanquim. Também já está no streaming a série original Diários de um robô assassino, da Apple, baseada no livro Alerta-vermelho (Aleph), de Martha Wells, que conta com Alexander Skarsgård no papel principal.