Instituto Caminhos da Palavra cria clube de leitura em Paraty
PublishNews, Redação, 30/06/2025
Clube criado por Henrique Rodrigues é composto majoritariamente por atendentes, garçons e outras pessoas pouco relacionadas ao consumo de livros; primeira obra comentada será 'Flores da batalha', de Sérgio Vaz

Antecedendo a Flip (30/07 a 3/08), a cidade de Paraty ganhou um novo projeto cultural: um clube de leitura especial para o evento, composto majoritariamente por atendentes, garçons e outras pessoas pouco relacionadas ao consumo de livros.

A ideia é do escritor e colunista do PublishNews Henrique Rodrigues, que em um dia e meio visitando o comércio local formou o grupo para o Clube de Leitura Caminhos. “Bastam duas ou três frases para descobrir que essas pessoas são grandes leitores de mundo. E, por que não, de livros?”, pergunta Henrique. O grupo recebeu gratuitamente o livro de poesia Flores da batalha, de Sérgio Vaz e doado pela Editora Global, e irá se reunir ao longo do próximo mês para compartilhar as leituras da obra.

Henrique, que dirige o Instituto Caminhos da Palavra, foi a todas as edições da Festa Literária Internacional de Paraty, e sempre percebeu uma característica: os moradores mais pobres da cidade quase sempre pensam esses eventos como possibilidade de trabalho, o que é natural. No entanto, segundo Rodrigues, não são realizadas ações sistemáticas e formativas para a cidade na área da leitura, pelo menos na proporção de um evento do porte e relevância da festa literária. “Paraty é uma cidade movida a turismo, e a Flip acabou se tornando um maravilhoso e desejado evento para todos os envolvidos com literatura, que migram para a cidade para aproveitar a festa. Mas um evento assim precisa olhar para a cidade não só como força braçal, mas também como leitores potenciais. Essa é a nossa contribuição”, afirma.

Jose Lopes, que trabalha numa cachaçaria de Paraty
Jose Lopes, que trabalha numa cachaçaria de Paraty
Entre os participantes do clube, a funcionária da padaria Natalina, que trabalha da madrugada até a noite, mas que adoraria voltar a ler mais durante a sua longa e corrida jornada; o garçom argentino Gabriel, que também é poeta e músico; a vendedora ucraniana Julia, que chegou a Paraty fugindo da guerra e vai ler o primeiro livro em português; Cristiano, que faz quentinhas a comunidade Ilha das Cobras. Para Jose Lopes, atendente da cachaçaria, ter sido convidado como leitor foi especial: “Geralmente, em grandes eventos da cidade, participamos apenas com nosso trabalho e dificilmente conseguimos ser espectadores.”

O primeiro encontro do grupo aconteceu na pousada Arte Colonial, que cedeu o seu espaço. Antes da Flip, o grupo irá se juntar para conversar sobre a obra, sob mediação da jornalista e mediadora Débora Nobre Monteiro. No evento, todos farão um encontro com o próprio Sérgio Vaz.

[30/06/2025 10:00:00]