A Feira do Livro recebe 80 mil pessoas e vê livros de autores brasileiros entre os mais vendidos
PublishNews, Guilherme Sobota, 24/06/2025
Esta foi a quarta edição do evento paulistano, que entrou agora no Calendário Oficial da Cidade; público foi maior do que em 2024 (quando foi de 64 mil pessoas)

A Feira do Livro divulgou que recebeu 80 mil pessoas durante os nove dias de sua realização na Praça Charles Miller, em São Paulo (SP) – 14 a 22 de junho de 2025. Esta foi a quarta edição do evento paulistano, que entrou agora no Calendário Oficial da Cidade. O público foi maior do que em 2024 (quando foi de 64 mil pessoas), mas ficou abaixo das expectativas divulgadas anteriormente pela organização, que esperava receber 110 mil visitantes. De toda forma, a duração do evento (nove dias) e a realização durante o feriado de Corpus Christi parecem ter dissipado dúvidas que ficaram do ano passado, quando alguns expositores manifestaram questionamentos sobre esses assuntos.

Na Livraria da Travessa – livraria oficial e espaço de autógrafos do evento –, o livro mais vendido foi Ideologia: Uma introdução (Boitempo), de Marilena Chauí, seguido de Uma delicada coleção de ausências (Companhia das Letras), de Aline Bei, e Que não se repita: A quase morte da democracia brasileira (Seja Breve), de Eugênio Bucci. Veja a relação dos top 15 títulos abaixo.

Entre as editoras, os resultados também foram celebrados. O Grupo Autêntica registrou um crescimento de 140% nas vendas na Feira em relação ao ano passado. O aumento da área ocupada no evento e a presença de autores de destaque na programação foram os principais fatores para esse desempenho histórico, de acordo com a editora.

No estande do Grupo, o livro mais vendido foi de um autor que ainda desembarcará no Brasil. O colibri e Setembro negro, ambos escritos pelo italiano Sandro Veronesi, ocuparam os dois primeiros lugares em venda, mostrando que a expectativa pelo vencedor do Prêmio Strega, que estará no país em breve para a Flip, está alta.

Com saldo positivo, a Companhia das Letras também completou mais uma participação na Feira do Livro. Pelo terceiro ano, a editora levou ao estande a campanha “Literatura Brasileira Viva”, que celebra a força e a diversidade da produção nacional. Nesta edição, o convite ao público foi para mergulhar no melhor da ficção brasileira por meio dos contos — uma oportunidade de descobrir novas vozes e revisitar autores consagrados do gênero.

O grande destaque da editora foi o lançamento de Uma delicada coleção de ausências (Companhia das Letras), de Aline Bei, que se tornou o livro mais vendido do estande. Aline esteve na feira para participar de uma mesa na programação oficial e, na sequência, realizou uma longa sessão de autógrafos.

A Editora Nós também vendeu 40% a mais do que na edição passada. “Para a Nós, que foi a primeira das editoras brasileiras a aderir à Feira do Livro de São Paulo, quando ela era ainda uma ideia na cabeça do Paulo Werneck, todas as possíveis expectativas foram superadas", diz Simone Paulino, fundadora da editora. "A Feira se consolidou como um espaço de altíssimo valor cultural, literário e editorial para a cidade. Com um pouco mais de apoio financeiro, a organização pôde melhorar significativamente a estrutura do evento, sem perder a ternura, o cuidado, a pessoalidade no trato com os expositores, o que é muito raro conservar em tudo que cresce muito e rápido. E em termos comerciais, também foi sensacional. Vendemos quase 40% a mais do que a edição passada, com destaque para a nova edição de Mrs. Dalloway, que foi o livro mais vendido na nossa tenda.”

O diretor da DBA Literatura, Alexandre Dórea Ribeiro, também avaliou o evento positivamente. “Melhor edição da Feira do Pacaembu até agora. Bom público, boa organização, boas mesas e até o tempo ajudou”.

Para os editores da Ercolano, Régis Mikail e Roberto Borges, o evento entrou de vez para o calendário literário brasileiro. "Foi lindo de ver a Praça Charles Müller lotada por pessoas abertas para o conhecimento. Ocupar o espaço público, de forma gratuita, tendo os livros como ponto de partida, é uma verdadeira proeza”, comentaram Régis Mikail e Roberto Borges.

Para o editor Estevão Azevedo, da FTD, o Espaço Rebentos foi uma novidade muito bem-vinda. “Foi uma feira democrática, bastante inclusiva, bem-organizada, com uma programação vasta e que deu conta dos temas contemporâneos mais relevantes. A atenção dada à literatura para as infâncias no espaço Rebentos, que teve grande público na maior parte dos encontros, foi uma das melhores novidades da edição desse ano”.

A Editora Instante registrou um crescimento de 5% nas vendas em relação à edição anterior. “A Instante vem crescendo a cada edição da Feira, este foi o segundo ano em estande solo e tivemos um crescimento de 5% em relação ao ano passado, uma vitória que para nós representa o reconhecimento da marca Instante", afirma o editor Silvio Testa.

Gustavo Faraon, da Dublinense, conta que esta foi a primeira vez que a editora participou com uma tenda só pra si. "Então, as comparações são um pouco difíceis de serem feitas. Em todo caso, a Dublinense vendeu mais do que no ano passado (o que era esperado, com o dobro do espaço), e tivemos a impressão de termos mais visitantes, mais conversas. A Feira cresceu e melhorou. Parece estar indo na direção certa e se aprimorando ano a ano", avaliou.

Para a Seja Breve, o evento foi um batismo. "Instalada no estande da Martins Fontes, a Seja Breve, que acaba de nascer, se sentiu em casa. Encontramos nossos novos colegas de ofício, vibramos com a participação de um de nossos autores, Eugênio Bucci, no palco principal, e constatamos que ainda tem muita gente que lê e compra livros. Editores, leitores e escritores que encontramos nesses dias comprovaram que nossa ideia de livros pequenos, curtos e bem cuidados era boa. Ficamos muito felizes com essa recepção geral. A festa foi bonita, sem dúvida. Mesmo nos primeiros eventos da manhã e também nos últimos eventos da noite, a impressão era de que os autores sempre encontravam os seus leitores. E isso num espaço ao ar livre, entre conversas que qualquer pessoa poderia assistir. Parece que essa é a nossa nova praia, com livros para todo lado", disseram os editores Cadão Volpato e Bernardo Ajzenberg, em nota enviada ao PN.

Ranking de mais vendidos por estande

Livraria da Travessa

  1. Ideologia: uma introdução (Boitempo), de Marilena Chauí
  2. Uma delicada coleção de ausências (Companhia das Letras), de Aline Bei
  3. Que não se repita: A quase morte da democracia brasileira (Seja Breve), de Eugenio Bucci
  4. A boba da corte (Fósforo), de Tati Bernardi
  5. Diário de Pilar no México (com brinde) (Pequena Zahar), de Flavia Lins Silva
  6. A razão desumana: Cultura e informação na era da desinformação inculta (e sedutora) (Autêntica), de Eugenio Bucci
  7. Teologia negra: O sopro antirracista do espirito (Zahar), de Ronilso Pacheco
  8. Tornar-se palestina (2ª edição) (Relicário), de Lina Meruane
  9. Misericordia (Autêntica), de Lidia Jorge
  10. Ainda estou aqui (Alfaguara), de Marcelo Rubens Paiva
  11. Fullgás: poesia reunida (Companhia das Letras), de Antonio Cicero
  12. Gaza está em toda parte: Textos e fotografias pós‑7 de outubro (com uma última ida a gaza seis anos antes) (LucasBazar do Tempo), de Alexandra Coelho
  13. Imortalidades (Companhia das Letras), de Eduardo Giannetti
  14. O livro que me escreveu (SolisLuna Design), de Mario Lucio Sousa
  15. O peso do pássaro morto (nova edição) (Companhia das Letras), de Aline Bei

Grupo Autêntica

  1. O colibri (Autêntica Contemporânea), de Sandro Veronesi | Tradução Karina Jannini
  2. Setembro negro (Autêntica Contemporânea), de Sandro Veronesi | Tradução Karina Jannini
  3. Misericórdia (Autêntica Contemporânea), de Lídia Jorge
  4. Só sei que foi assim: A trama do preconceito contra o povo do nordeste (Autêntica), de Octávio Santiago
  5. Diante da manta do soldado (Autêntica Contemporânea), de Lídia Jorge
  6. O que você pensa quando falo África (Ed. Yellowfante), de Lavínia Rocha
  7. A extraordinária cozinha dos livros (Ed. Gutenberg), de Kim Jee-Hye | Tradução Juliane Ferreira da Silva Santos
  8. Louças de família (Autêntica Contemporânea), de Eliane Marques
  9. O que resta de nós (Gutenberg), de Virginie Grimaldi | Tradução: Julia da Rosa Simões
  10. Uma história da velhice no Brasil (Vestígio), de Mary Del Priore
  11. Xamãs elétricos na festa do sol (Autêntica Contemporânea), de Mónica Ojeda | Tradução: Silvia Massimini Felix
  12. Era uma vez um coração partido (Gutenberg), de Stephanie Garber | Tradução: Lavínia Fávero

Companhia das Letras

  1. Uma delicada coleção de ausências, de Aline Bei
  2. Diário de Pilar no México, de Flavia Lins Silva
  3. O peso do pássaro morto, de Aline Bei
  4. Na nossa pele, de Lázaro Ramos
  5. A cabeça do santo, de Socorro Acioli
  6. O sentido das águas, de Dráuzio Varella
  7. O primeiro leitor, de Luiz Schwarcz
  8. Fullgás, de Antonio Cicero
  9. Quem limpa?, de Bianca Santana e Ana Cardoso
  10. O avesso da pele, de Jeferson Tenório
  11. Oração para desaparecer, de Socorro Acioli
  12. Horas azuis, de Bruna Dantas Lobato
  13. Como salvar a Amazônia, de Dom Philips
  14. Dias perfeitos (edição de colecionador), de Raphael Montes
  15. Ainda estou aqui, de Marcelo Rubens Paiva

Nós

  1. Mrs. Dalloway, de Virginia Woolf
  2. Se deus me chamar não vou, de Mariana Salomão Carrara
  3. É sempre a hora da nossa morte amém, de Mariana Salomão Carrara
  4. Um esboço do passado, de Virginia Woolf
  5. Ano passado, de Júlia de Carvalho Hansen

DBA

  1. Orbital, de Samantha Harvey
  2. O inconsciente corporativo e outros contos, de Vinícius Portella
  3. Tinha um tsunami no caminho, de Deborah Telesio e Marie Felice
  4. Cadelas de aluguel, de Dahlia de la Cerda
  5. Tédio terminal, de Izumi Suzuki

Ercolano

  1. Da próxima vez que você cair do cavalo, de Panayotis Pascot
  2. Homem com homem, org. Ricardo Domeneck
  3. Damas de casaco de pele e chicote, de Wanda von Sacher-Masoch
  4. Antes que eu esqueça, de Anne Pauly
  5. Claudia Wonder: Flor do asfalto, de Dácio Pinheiro

Instante

  1. O bruxo, de Maria Adelaide Amaral
  2. Morra, amor, de Ariana Harwicz
  3. Só um pouco aqui, de María Ospina
  4. Nenê Bonet, de Janete Clair
  5. O amigo, de Sigrid Nunez

Zain

  1. Manhã e noite (edição especial limitada), de Jon Fosse
  2. Os peixes também sabem cantar, de Halldór Laxness
  3. Mumbo Jumbo, de Ishmael Reed
  4. Floresta de lã e aço, de Natsu Miyashita
  5. Rádio Noite, de Yuri Andrukhóvytch

Perspectiva

  1. Teoria feminista, de Bell Hooks
  2. O Jeito Yanomami de Pendurar Redes, de Thiago Benucci
  3. Humor no Divã, de Tute
  4. 101 Adágios, Erasmo de Roterdã
  5. O Genocídio do negro brasileiro, de Abdias Nascimento

FTD

  1. Contos dos curumins guaranis (FTD), de Jeguaká Mirim, Tupã Mirin e Geraldo Valério
  2. Querido Papa Francisco: o papa responde às cartas das crianças do mundo todo (FTD), de Papa Francisco
  3. Agueiro (FTD), de Patricia Auerbach e Roberta Asse
  4. Coisa sim, coisa não (FTD), de Edimilson de Almeida Pereira e Larissa da Cruz
  5. Nhemongarai e Avaxi: crônicas da vida Guarani Mbyá, de Kerexu Mirin (FTD), de Maria Kerexu, Olívio Jekupé e Wanessa Ribeiro
[24/06/2025 09:20:00]