
Foram mais de 150 expositores e cerca de 40 mil livros foram doados para recompor o acervo de bibliotecas escolares e comunitárias do Rio Grande do Sul atingidas pelas enchentes. Na programação, provavelmente o maior destaque foi a escritora argentina Camila Sosa Villada, com três livros sendo lançados por aqui por três editoras diferentes: A namorada de Sandro (Planeta), A viagem inútil (Fósforo) e Tese sobre uma domesticação (Companhia das Letras). Outros nomes como Jamaica Kincaid, Rui Tavares, Michel Nieva e dezenas de escritores e escritoras brasileiros também fizeram parte da agenda.
Em entrevista ao PublishNews na última quinta-feira (4), o diretor cultural d'A Feira do Livro, Paulo Werneck, disse que a decisão de mudar para nove dias teve a intenção de aproximar o evento paulistano de outras feiras que o inspiram, como de Porto Alegre e as feiras ibéricas. "Pegar dois fins de semana fortes em vendas nos pareceu uma boa ideia, com dias úteis que abrem a possibilidade de públicos diferentes daquele dos sábados e domingos. Além disso, acreditamos que os dois fins de semana ajudam a criar um 'seguro meteorológico', ou seja, reduzir as chances de prejuízo se chover em um dos fins de semana", comentou.
Para o diretor editorial do Grupo Editorial Record, Cassiano Elek Machado, A Feira se consolidou como um espaço importante no cenário cultural brasileiro. "Do ponto de vista comercial, nosso estande teve um crescimento pequeno nas vendas em relação ao ano passado, então a gente precisaria refletir sobre essa mudança da quantidade de dias da feira, de cinco para nove dias", avaliou. "Mas ainda assim foi um bom resultado, a gente teve um crescimento muito grande do número de títulos vendidos: no ano passado vendemos cerca de 350 títulos diferentes, e neste ano foram mais de 500. O grande destaque de vendas foi o livro póstumo do Gabriel García Márquez, Em agosto nos vemos, e as obras da Carla Madeira, com destaque também para o Box, que junta as três obras dela", comentou.
A Record deu destaque no evento para seus dois novos selos, Amarcord e Reco-reco, com autores como Michel Nieva, Sérgio Rodrigues e Daniel Kondo na programação principal.
No estande da Rocco, o faturamento foi 27% acima de 2023, e apesar do movimento fraco nos dias de semana, foi considerado positivo pela editora. Avaliação parecida na HarperCollins Brasil. "O grupo HarperCollins Brasil está muito feliz por ter participado d'A Feira do Livro", comenta a diretora de marketing e vendas, Daniela Kfuri. "É sempre muito positivo estarmos mais próximos dos leitores para vermos quais são as suas preferências literárias e o que estão buscando. Com relação ao evento do ano passado, tivemos um excelente resultado: um crescimento em torno de 50%. Liderando nossa lista de mais vendidos estão Aurora: O despertar da mulher exausta, da Marcela Ceribelli, seguido por títulos da coleção Clube do Crime".
A editora-executiva do Grupo Autêntica, Rejane Dias, também avalia que A Feira já é um dos eventos mais relevantes no setor do livro no Brasil. "Foi interessante a experiência de ampliar o evento para nove dias, não apenas no aspecto de vendas, mas pensando também na comodidade de público, que teve mais chance de visitar a feira. Nesse sentido, e considerando a ampliação para o público escolar, talvez fosse interessante considerar sua realização no início de junho, para que crianças e escolas possam estar mais presentes", aventou.
Para o editor Gustavo Faraon, da Dublinense, a mudança para nove dias foi positiva, mas algumas adaptações podem ser realizadas. "Achei positivo, e espero que permaneça assim. Algumas adaptações podem ser feitas de acordo com os aprendizados deste ano pra melhorar o fluxo na semana, quanto ao horário de funcionamento, quanto à programação. Também acho que uma data que tenha um feriado no meio seria perfeito. Se fosse possível realizar a Feira uma semana pra frente, neste período de 6 a 14 de julho, teríamos na prática apenas três dias úteis se contarmos a emenda de segunda-feira, e um deles seria uma sexta-feira, que já foi super boa. Fora isso, começar logo depois do dia 5, que é quando muita gente recebe, ajuda bastante nas vendas. Quem sabe pro ano que vem role?", sugere.
Na banca Dublinense + Elefante, houve um crescimento de 15% nas vendas em relação ao ano passado. Os dois livros mais vendidos foram Tudo sobre o amor (Elefante), de bell hooks, seguido por Vamos comprar um poeta (Dublinense), de Afonso Cruz, "os clássicos do catálogo de cada editora". Nesta edição, as vendas durante os dois finais de semana representaram 75% do total.
"Fazer o evento durante as férias escolares poderia ter sido um trunfo, mas não foi explorado", comenta Faraon. "Nesse período em que todos os pais estão desesperados em busca de atividades para a criançada sem escola, ter uma área infantil legal e toda agrupada, uma programação infantil pensada todos os dias e bem divulgada de maneira centralizada nos canais da Feira teria trazido mais gente, especialmente nos dias de semana", diz. Entre outras observações do editor, está a necessidade de divulgar a programação com maior antecedência e, talvez, deslocar atrações mais chamativas para os dias de semana.

Os editores da Ercolano, Roberto Borges e Régis Mikail, celebraram a primeira participação da editora na Feira. “Para nós foi muito importante estar frente a frente com os leitores e ver ao vivo a receptividade do nosso catálogo”, comentaram. O editor da DBA, Alexandre Dórea Ribeiro, também celebrou os resultados. "A Feira do Livro 2024 foi excelente! A DBA contou com a presença do Dan, autor de Vale o que tá escrito, na programação. É sempre muito bom a editora e os autores terem contato direto com os leitores", afirmou.
Silvio Testa, da Instante, também destacou a oportunidade de ter contato direto com os leitores. "É revigorante e inspirador ver o entusiasmo do público diante dos livros e das mesas com os autores. Este ano contamos com a presença de Jabari Assim e Maria Adelaide Amaral, dois autores Instante na programação, e foi uma honra participar dessa festa popular que exalta a nossa bibliodiversidade", disse. A Instante teve um crescimento nas vendas de 62% em relação à edição de 2023 d’A Feira do Livro.
Mais Vendidos
Confira algumas listas de mais vendidos nos estandes das editoras:
Estande dos Sete Selos
- Âyiné: Nostalgias canibais, de Odorico Leal
- Bazar do Tempo: A obrigação de ser genial, de Betina González
- CARAMBAIA: Esquizofrenias reunidas, de Esmé Wang
- Círculo de Poemas: cova profunda é a boca de mulheres estranhas, de Mar Becker
- Cobogó: Macacos, de Clayton Nascimento
- Fósforo: A viagem inútil, de Camila Sosa
- Ubu: Sobre desistir, de Adam Phillips
Autêntica
- Ressuscitar mamutes (Autêntica Contemporânea) – Silvana Tavano
- O colibri (Prêmio Strega 2020; Autêntica Contemporânea) – Sandro Veronesi
- Tempo de reacender estrelas (Editora Gutenberg) – Virginie Grimaldi
- Velar por ela (Goncourt 2023; Editora Vestígio) – Jean-Baptiste Andrea
- O que aprendi sobre a felicidade com meu vizinho de 102 anos (Editora Vestígio) – David Von Drehle
- Talvez você deva conversar com alguém (Editora Vestígio) – Lori Gottlieb
- A família (Autêntica Contemporânea) – Sara Mesa
- Minha vida fora de série – 1ª temporada (Editora Gutenberg) – Paula Pimenta
- Chapeuzinho amarelo (Editora Yellowfante) – Chico Buarque, Ziraldo
Rocco
- Powerless, de Lauren Roberts
- A hora da estrela, de Clarice Lispector
- Quebrando o gelo, de Hannah Grace
- Água viva, de Clarice Lispector
- No calor do momento, de Hannah Grace
- Mulheres que correm com lobos, de Clarissa Pinkóla Estés
- Amêndoas, de Won-pyung Sohn
- Um cartão para você, de Pedro Um Cartão
- Nos vemos à meia-noite, de K.L. Whalter
- Só para mulheres, de Clarice Lispector
Instante
- Os vulneráveis, de Sigrid Nunez – que chegará às livrarias a partir do dia 15/7
- Em algum lugar lá fora, de Jabari Asim – autor que esteve na programação principal d’A Feira.
- Aos meus amigos, de Maria Adelaide Amaral – autora que esteve na programação principal d’A Feira.
- Morra, amor, de Ariana Harwicz
- O olhar dourado do abismo, de Olga Savary
Zain
- Floresta de lã e aço, de Natsu Miyashita
- Leopold, de Luiz Antonio de Assis Brasil
- Todas as manhãs do mundo, de Pascal Quignard
- Duas línguas, de Laura Cohen Rabelo
- Os passos perdidos, de Alejo Carpentier
Ercolano
- Fantásticas (vol. I)
- A Revolta dos bichos
- Brenda Lee empatada com Codinome Daniel
- Manet no Rio
- O homem-formiga
DBA
- Vale o que tá escrito, de Dan
- Nelson Freire: O segredo do piano, de Olivier Bellamy
- Noite e dia desconhecidos, de Bae Su-Ah
- O que não tem nome, de Piedad Bonnett
- O inconsciente corporativo e outros contos, de Vinícius Portella
- As herdeiras, de Aixa de la Cruz
- Meus dias com os Kopp, de Xita Rubert
- Fachada, de Elisabeth Sanxay Holding
- O jardim de Reinhardt, de Mark Haber
- O túnel, de A. B. Yehoshua
Planeta
- Descolonizando afetos (Paidós), de Geni Núñez
- Em cada instante nascemos e morremos bilhões de vezes (Academia), de Monja Coen
- Toda ansiedade merece um abraço (Paidós), de Alexandre Coimbra Amaral