Esta é a primeira vez que um grupo tão grande se reúne para montar um estande na Bienal – tanto os espaços quanto os custos foram igualitariamente divididos entre as 20 editoras. São elas: Arquipélago, Âyiné, Bazar do Tempo, Carambaia, Cobogó, Dublinense, Ercolano, Fósforo, Ímã Editorial, Lote 42, Mundaréu, Mórula, Nós, Oficina Raquel, Relicário, Seiva, Solisluna, Tabla, Tinta-da-China e Ubu.
Entre literatura e não ficção, as editoras se destacam pela qualidade dos seus catálogos e o cuidado editorial com seus livros – as casas são de diferentes tamanhos e diferentes regiões (além de São Paulo e Rio, há editoras de Porto Alegre, Salvador e Belo Horizonte).
Segundo o grupo, a aposta das Compiladas é levar para a Bienal um estande bibliodiverso e coletivo. Todas as editoras são 100% brasileiras e independentes, isto é, não integram nenhum grupo editorial ou econômico. Quase todas as Compiladas foram fundadas no século 21 – a exceção é a baiana Solisluna.
A iniciativa surgiu quando o Rio foi escolhido pela Unesco como Capital Mundial do Livro. A homenagem à cidade, berço da atividade editorial no Brasil, foi vista pelas editoras como uma oportunidade para destacar a produção brasileira independente. Pelo alto investimento e planejamento necessários para adquirir o espaço e montar os estandes, a presença em Bienais é desafiadora até mesmo para editoras de porte médio e grande. Ao se articularem no estande Compiladas, as empresas levam para a Bienal do Rio uma forma diferente de trabalhar, com o dinamismo e a atuação coletiva que marcam a cena independente, de acordo com o comunicado do grupo.
"Fundamentais para o lançamento de novos autores, a renovação bibliográfica e a circulação de ideias, as editoras independentes trabalham sob pressão constante e desenvolvem estratégias criativas para superar as adversidades. Projetos editoriais ousados e inovadores são a sua resposta para as crises recorrentes do mercado de livros", diz ainda a nota.
Os participantes do estande se organizaram em grupos de trabalho, como para montar a identidade visual (feita pelo artista Pedro Inoue), a expografia (projetada pelo estúdio chão, um ateliê de projetos de arquitetura e cenografia sediado no Rio de Janeiro, fundado em 2015), a operação comercial (gerenciada pela empresa Canal dos Livros), entre outros aspectos: como um treinamento para as equipes das editoras que se revezam no atendimento aos leitores. Para montar uma escala adequada, editoras de uma casa aprenderam sobre livros das outras para poder atender bem aos clientes.
Segundo editores ouvidos pela reportagem, o esforço coletivo vem de uma vontade anterior de uma geração de profissionais, com diferentes idades, que se questiona se fariam sentido ações conjuntas no mercado editorial, tradicionalmente dividido. O estande rosa-choque montado na Bienal é mais um indício nesse sentido.
*Com informações fornecidas pelas editoras.
1. Arquipélago
Porto Alegre
www.livrariaarquipelago.com.br
Áreas de atuação: Literatura (ficção e poesia), ciências humanas/ensaio, jornalismo
Desde 2006, a Arquipélago Editorial publica o que há de melhor no jornalismo brasileiro. E também na literatura. Por isso, está entre as mais premiadas editoras independentes do país. Ao longo dos últimos dez anos, nossos títulos foram vencedores ou finalistas dos prêmios Jabuti, Portugal Telecom, Açorianos e Esso. Tamanho reconhecimento demonstra a vitalidade de uma linha editorial ancorada em obras de repórteres, intelectuais e cronistas de grande talento.
2. Âyiné
Belo Horizonte
Áreas de atuação: Literatura (ficção e poesia), ciências humanas/ensaio
Fundada em 2013 por Pedro Fonseca, Simone Cristoforetti e Dhuane Fabbris, a Âyiné é uma editora brasileira com sedes em Belo Horizonte e Veneza.
3. Bazar do Tempo
Rio de Janeiro
Áreas de atuação: Literatura (ficção e poesia), ciências humanas/ensaio, artes visuais e crítica de arte, infantojuvenil
A Bazar do Tempo foi fundada no fim de 2016 por Ana Cecilia Impellizieri Martins. Baseada no Rio de Janeiro, a editora publica livros de nomes de destaque em áreas como feminismo, história, ciências sociais e naturais, filosofia, poesia, literatura, teoria literária e artes. A partir de 2018, com a publicação dos primeiros volumes da coleção Pensamento Feminista, a Bazar do Tempo passa a se dedicar à criação de um catálogo de obras de mulheres que são referência em seus respectivos campos de atuação e livros que debatem questões raciais e a história do Brasil.
4. Carambaia
São Paulo
Áreas de atuação: Literatura (ficção e poesia), ciências humanas/ensaio, infantojuvenil
A CARAMBAIA publica obras que continuarão relevantes por muito tempo. Procuramos “furos” literários, textos excelentes que merecem uma nova ou inédita edição no Brasil, e buscamos tradutores, ensaístas e designers para desenvolver um projeto especial para cada uma delas. Desse modo, queremos dividir com o leitor aqueles livros que gostaríamos de ler, comentar, sugerir e presentear, e, ao mesmo tempo, criar um catálogo que servirá como garantia de traduções e edições de qualidade.
5. Cobogó
Rio de Janeiro
Áreas de atuação: Ciências humanas/ensaio, artes visuais e crítica de arte, infantojuvenil, dramaturgia
A Editora Cobogó foi criada em 2008, com o objetivo de refletir sobre a arte, a cultura e o tempo presente. Esta casa possui, hoje, um catálogo de mais de 300 títulos. Para compor o conjunto de títulos e coleções inovadoras, a Cobogó valoriza a interdisciplinaridade, a pluralidade de vozes e a diversidade de temas, colocando-se como um agente de mudanças.
6. Dublinense
Porto Alegre
Áreas de atuação: Literatura (ficção e poesia), ciências humanas e ensaio
Fundada em 2009, a Dublinense nasceu com o objetivo de se permitir experimentar e navegar livremente por gêneros. Depois de muitas experiências, a editora atualmente se concentra na ficção e não ficção literárias, além de manter uma linha de títulos sobre psicanálise. Gostamos de obras que conversem com temas importantes do nosso tempo, através de vozes diversas do exterior e da nova literatura nacional. Ou seja: livros bons, divertidos, emocionantes e relevantes.
7. Ercolano
São Paulo
Áreas de atuação: Literatura (ficção e poesia), artes visuais e crítica de arte
A Editora Ercolano se inspira no arrebatamento através da experiência estética e aposta em uma curadoria criteriosa, movida pela arqueologia literária, seja na redescoberta de clássicos, seja na apresentação de vozes contemporâneas que dialogam com esse legado. Descobrir ou reencontrar publicações pouco conhecidas, injustamente esquecidas ou ainda não ouvidas, trazer ao público brasileiro obras e autores que, por razões diversas, permaneceram inéditos ou negligenciados, mas que carregam um valor literário, histórico e cultural incontestável: eis a proposta dessa editora para um tempo que se impõe como apressado e que, em favor de uma suposta praticidade, sequestra a Beleza.
8. Fósforo
São Paulo
Áreas de atuação: Literatura (ficção e poesia), ciências humanas/ensaio e divulgação científica
Fundada em 2021 por Fernanda Diamant, Luís Francisco Carvalho Filho e Rita Mattar, a Fósforo surgiu com o objetivo de expandir o horizonte cultural de seus leitores e de contribuir para o debate público brasileiro. Suas principais áreas de atuação são ficção literária, não ficção narrativa e jornalística, ciências humanas, divulgação científica e poesia. A Fósforo combina em seu catálogo autoras e autores brasileiros e estrangeiros de diferentes países, idiomas e épocas. Acima de tudo, buscamos dividir com o público o prazer da leitura e a pluralidade de ideias.
9. Ímã Editorial
Rio de Janeiro
Áreas de atuação: Literatura contemporânea e resgatada, vozes africanas e femininas, sobretudo.
A Ímã Editorial é uma casa editorial independente, fundada no Rio em 2011, dedicada a publicar obras que desafiam o pensamento estabelecido. Com um olhar atento para obras raras ou perseguidas, a Ímã amplifica vozes silenciadas e narrativas potentes, quase sempre à margem do campo de poder. Nosso catálogo valoriza a liberdade intelectual, a diversidade de ideias e o compromisso com uma literatura crítica e plural. Acreditamos no livro como força de atração e de resistência — por isso, somos o Ímã Editorial.
10. Lote 42
São Paulo
Áreas de atuação: Literatura (ficção e poesia), ciências humanas/ensaio, artes visuais e crítica de arte, quadrinhos
A Lote 42 é uma editora criada em São Paulo em dezembro de 2012. Publica autores que exploram as possibilidades da linguagem e têm uma abordagem criativa frente à vida contemporânea. O catálogo transita por vários gêneros, como ficção, não ficção, quadrinhos e poesia. O ritmo mais parcimonioso de lançamentos permite que a editora desenvolva com cuidado diversos aspectos do livro, do conteúdo ao projeto gráfico. Em cada título, o design gráfico tem um papel fundamental como elemento narrativo, que acrescenta novas camadas de interpretações à obra.
11. Mórula
Rio de Janeiro
Áreas de atuação: Literatura (ficção e poesia), Ciências humanas/ensaio, Infantojuvenil
Na mórula editorial fazemos livros que tenham beleza, sejam saborosos, estimulem ideias e multipliquem conhecimento. Livros de ficção e não ficção. Ensaios e poesias. Podem até ser quadrinhos. Mas não fazemos qualquer livro. Fazemos livros que contribuam para a disseminação de ideias pautadas na crítica, na valorização da diversidade e de uma cultura emancipadora. Somos uma editora jovem, mas ousamos pensar grande: que os valores contidos em nossos livros dominem o mundo
12. Mundaréu
São Paulo
Áreas de atuação: Literatura (ficção e poesia), Não ficção
A Mundaréu é uma editora que gosta de ler. Gosta de ler livros de diferentes gêneros; de variadas tendências; de muitos países; de diversos conteúdos, formas e atmosferas. Para a Mundaréu, os livros podem ser densos, leves, divertidos, sisudos, complexos, simples, minimalistas, rebuscados, locais, universais, atuais, atemporais. Nossos livros não têm luxos, mas são bonitos e de leitura agradável, feitos para resistir a diversas leituras, compartilhamentos, consultas e estantes.
13. Nós
São Paulo
Áreas de atuação: Literatura (ficção e poesia), Ciências humanas/ensaio, Infantojuvenil
A Editora Nós atua desde 2015 no lançamento de autoras e autores de destaque na literatura brasileira contemporânea. Compõem também seu catálogo autores de língua francesa, italiana e inglesa, bem como de outros países de expressão lusófona. Em 2023, lançou o selo infantil pequeNÓS, dedicado à publicação de livros para todas as infâncias.
14. Oficina Raquel
Rio de Janeiro
Ao longo de sua existência, a Editora Oficina Raquel preocupou-se, de maneira contínua, em oferecer aos seus leitores o melhor da literatura, ensaios, poesia, infantis, mas sobretudo um catálogo que representasse a pluralidade, a defesa incondicional dos valores democráticos e o respeito aos direitos humanos. Para nós, portanto, a DIVERSIDADE sempre foi – e continuará sendo – uma virtude a ser cultivada com constância em nossas práticas e escolhas editoriais.
15. Relicário
Belo Horizonte
@relicarioedicoes www.relicarioedicoes.com
Áreas de atuação: Literatura (ficção e poesia), ciências humanas/ensaio, artes visuais e crítica de arte A proposta editorial da Relicário Edições aproxima-se da definição de seu verbete, com a diferença de que a transpomos para um sentido laico. Escritas por mãos humanas, as palavras são fruto de um amálgama de sentidos, percepções e afetos – muitas delas palavras-relíquias, signos carregados de aura, rastros de tempo. Fundada em 2013 pela editora mineira Maíra Nassif, a Relicário Edições deseja dar continuidade à função mais cara que o livro escrito possui: preservar e divulgar os saberes e memórias postos em letras e palavras por seus autores.
16. Seiva
São Paulo
Áreas de atuação: Literatura (ficção e poesia), artes visuais e crítica de arte Seiva é uma marca voltada para a criatividade, fundada em 2024 por Daniel Lameira e Adriano Fromer, que mescla produção digital e analógica em torno da arte e do ato criativo. Com o propósito de instigar a busca pessoal em áreas diversas, como escrita, pintura e programação, tanto como profissão quanto como hobby, a marca utiliza diversas frentes: livros, newsletters, podcasts, cursos e eventos gratuitos.
17. Solisluna
Salvador
Fundada em 1993, na Bahia, a Solisluna desenvolve projetos que promovem a reflexão sobre diferentes realidades e formas de ver o mundo. Comprometida com o coletivo e com questões importantes da nossa sociedade, valoriza a cultura, o pensamento crítico e a diversidade brasileira. Em 2024, foi finalista do BOP Bologna Prize, ficando entre as cinco melhores editoras de livros para as infâncias do Caribe, América Central e América do Sul. Ao longo de sua trajetória, destaca-se pela publicação de literatura de qualidade — prosa, poesia, romances, ensaios afro-brasileiros, livros de arte e infantojuvenis.
18. Tabla
Rio de Janeiro
Áreas de atuação: Literatura (ficção e poesia), ciências humanas/ensaio, infantojuvenil, arte
A editora Tabla tem como foco a publicação de autores do Oriente Médio e do Norte da África, estejam eles em sua terra ou na diáspora. O objetivo é dar voz a literaturas sub-representadas no Brasil, estabelecendo pontes diretas num eixo sul-sul. O catálogo busca, portanto, representar a diversidade cultural, étnica, linguística e religiosa dessa parte do globo, a fim de combater preconceitos e estereótipos tão difundidos por aqui. “Tabla”, em árabe, significa “tambor”. E nosso propósito está intimamente ligado ao instrumento: fazer ressoar as culturas através da literatura, pelos mais complexos e variados ritmos.
19. Tinta-da-China
A Tinta-da-China é uma editora de livros independente, sediada em São Paulo, controlada pela Associação Quatro Cinco Um, organização sem fins lucrativos dedicada à difusão da cultura do livro. Desde 2005, publica com independência e alta qualidade editorial o melhor da literatura clássica e contemporânea, além de livros de história, jornalismo, humor, literatura de viagem, ensaios, fotografia, poesia, a edição em língua portuguesa da mais importante revista literária da era moderna — a britânica Granta — e a mais bonita coleção de Fernando Pessoa em qualquer língua.
20. Ubu
São Paulo
Áreas de atuação: Literatura (ficção), ciências humanas/ensaio
Lançada em 2016, a Ubu tem como vocação participar do debate contemporâneo publicando sobretudo nas áreas de antropologia, filosofia, psicanálise, literatura clássica, design e artes visuais. Com autores de referência em seus campos, a editora atua em três frentes: formação de fundo de catálogo universitário, participação ativa no debate contemporâneo e produção de edições caprichadas de obras clássicas.
*O jornalista viajou a convite da GL events.
