Bienal do Livro Rio 2025: editoras relatam crescimento de vendas em comparação a 2023
PublishNews, Guilherme Sobota, 16/06/2025
Expositores se mostraram satisfeitos com a movimentação e as vendas nos primeiros três dias do evento

Bienal teve bom primeiro fim de semana para expositores | © Bienal do Livro Rio
Bienal teve bom primeiro fim de semana para expositores | © Bienal do Livro Rio
As editoras estão relatando recordes e boas vendas no primeiro fim de semana da Bienal do Livro Rio, no Riocentro. O evento começou oficialmente na sexta-feira (13) e vai até o domingo (22). Casas consultadas pelo PublishNews relataram vendas até 80% maiores do que no primeiro fim de semana da edição anterior, em 2023. Entre os destaques, estão os livros de colorir, subgêneros da literatura jovem adulta (suspense, romantasia e outros), e obras teológicas e religiosas.

Embora a GL events, empresa que organiza a Bienal ao lado do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), não divulgue dados de frequência durante a semana, o sábado (14) teve seus ingressos esgotados e a percepção dos expositores, bem como a da reportagem, era de um movimento intenso mesmo comparado com outros fins de semana do evento em outros anos.

A Planeta, por exemplo, informa ter vendido 80% a mais que na Bienal do Rio 2023, resultado também do aumento da área de 150 para 250 metros quadrados de seu estande. Os mais vendidos, com exceção dos eventos que contaram com a presença dos autores, seguem as linhas já presentes nos rankings semanais: livros de colorir, infantojuvenis e romantasias.

A Rocco fechou o primeiro final de semana da Bienal faturando 78% a mais do que nos três primeiros dias do evento em 2023. A editora fez nesse final de semana praticamente metade do faturamento de toda última edição da cidade.

“Superou muito a expectativa. Foi o melhor final de semana de todas as nossas participações em termos de faturamento. No sábado tivemos o recorde histórico de visitação no estande. Alguns dos livros mais vendidos chegaram a esgotar e já no sábado à noite tivemos que puxar uma nova remessa de títulos que só estavam programados para recebermos na segunda. Especialmente ‘romantasias’ e Clarice Lispector tiveram muita saída”, afirma o diretor comercial e de marketing da Rocco, Bruno Zolotar.

Com um estande de 396 m², a Sextante e a Arqueiro encerraram o primeiro fim de semana com um crescimento de 70% nas vendas em relação ao mesmo período da edição de 2023.

Entre os destaques de vendas, a Arqueiro emplacou diversos títulos da escritora italiana Ali Hazelwood no ranking dos mais vendidos do estande, entre eles o lançamento Um amor problemático de verão, seguido por Amor, teoricamente e A hipótese do amor. Já na Sextante, os títulos mais procurados foram A morte é um dia que vale a pena viver, de Ana Claudia Quintana Arantes, As coisas que você só vê quando desacelera, de Haemin Sunim e Mistérios do universo, de Manual do Mundo.

“Estamos muito impressionados com o crescimento nas vendas neste primeiro fim de semana da Bienal. O aumento no número de visitantes foi visível, no sábado, por exemplo, os ingressos chegaram a esgotar. Também notamos uma procura maior pelos nossos títulos de ficção, especialmente entre o público mais jovem. Uma das estratégias que funcionou muito bem foi o lançamento de títulos exclusivos durante a feira, com brindes e preços atrativos, além de um estande visualmente pensado para gerar engajamento nas redes. Isso atraiu leitores ávidos por comédias românticas, suspenses e romantasias. Em não ficção chamam atenção os autores nacionais que participaram da programação, como Ana Claudia Quintana Arantes e o Manual do Mundo”, comenta Mariana Kaplan, diretora de marketing da editora.

A Intrínseca trouxe à Bienal Lynn Painter – autora que já vendeu mais de 450 mil exemplares no Brasil. O top 5 de vendas no estande neste primeiro fim de semana foi dominado pela autora, incluindo os livros voltados para o público adulto, como Sorte no amor, lançado na Bienal. Até este domingo (15), foram vendidos cinco mil livros da escritora. Esse boom de vendas se reflete no faturamento da editora, que cresceu 63% em relação à edição de 2023.

“A Bienal do Livro é um evento que consegue nos surpreender todos os anos”, diz a gerente de Marketing da Intrínseca, Vanessa Oliveira. “Estamos com o nosso maior estande da história e com 11 caixas que trabalham sem parar, isso garante uma experiência de compra bacana e rápida para os nossos leitores, mas o volume só cresce. A expectativa é que a gente encerre mais esse evento com muitos motivos para comemorar. Não só pelo faturamento, mas principalmente pela alegria de ver tanta gente jovem se interessando pelos livros que lançamos todos os anos. É muito gratificante ver lançamentos recentes lado a lado de clássicos de quase 20 anos de sucesso.”

Roda gigante é uma das atrações deste ano | © Bienal do Livro Rio
Roda gigante é uma das atrações deste ano | © Bienal do Livro Rio
O Grupo Editorial Record registrou um crescimento de 45% de faturamento em relação à Bienal de 2023, com um terceiro dia que iniciou muito mais aquecido do que o equivalente da edição anterior.

Entre os mais vendidos da editora, estão Biblioteca da meia noite, de Matt Haig, e livros de Colleen Hoover, Freida McFadden e Carla Madeira. Dois livros de grande porte, acima de oitocentas páginas, Um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves, e Uma vida pequena, de Hanya Yanagihara, aparecem no top 10.

“Valeu o esforço da organização da Bienal, dos editores e do SNEL para atrair um volume gigantesco de leitores”, analisa o diretor da Globo Livros, Mauro Palermo. “Os corredores lotados, os estandes cheios e as pessoas felizes renovam a esperança de um Brasil melhor. Este ano foi a nossa maior aposta em todas as edições da Bienal — e o esforço está valendo a pena: já registramos um crescimento de 50% em relação a Bienal do Rio de 2023.” Entre os gêneros mais procurados do estande, estão romantasia e livros hot.

“Estar em uma Bienal do Livro é sempre um momento especial”, comenta a diretora de Marketing e Vendas do Grupo HarperCollins Brasil, Daniela Kfuri. “Esse ano está sendo ainda mais, pois estamos completando 10 anos da chegada do Grupo HarperCollins no país e ainda temos o Rio de Janeiro como a capital mundial do livro. Estamos animados para os próximos dias e esperamos que os leitores se divirtam e aproveitem bastante a experiência que preparamos”.

No estande da Companhia das Letras, a maior procura tem sido pelos livros de Raphael Montes. A escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, principal atração internacional da Bienal neste fim de semana, teve também seus livros entre os mais vendidos, como A contagem dos sonhos, seu último romance, e O lenço de cetim da mamãe, seu título para famílias. Na JBC, editora de mangás do grupo, um título que se destacou foi Iraúna do olhar âmbar, do autor nacional Gabriel Pieri. Para os pequenos, o destaque foi a série Diário de Pilar, de Flávia Lins e Silva.

A Ediouro também apresentou desempenho consistente, com aumento de 23% nas vendas. A lista de mais vendidos inclui a Coleção Elo Monsters Books e também o título Taylor Swift Style.

“O resultado reflete não só a força do nosso catálogo, mas também o engajamento dos leitores e a grande movimentação no estande. Cada encontro, cada livro autografado e cada história compartilhada fazem parte desse crescimento que nos enche de orgulho. A gente encontra um consumo que, apesar de ser majoritariamente jovem, encontra linhas mais clássicas que continuam vendendo muito bem”, conta Bruno Mendes, diretor de Marketing e Comercial do Grupo Ediouro.

O Grupo Editorial Aleph fechou o primeiro final de semana com um crescimento de 10% no faturamento em comparação a 2023. A ficção científica tem se destacado como o gênero de maior interesse entre os visitantes do estande da editora. Ações interativas, como uma roleta, atraíram leitores ao espaço. A distribuição de brindes e a oferta de até 50% de desconto também foram decisivas para atrair o público jovem, de acordo com a casa.

“Estamos com uma alta expectativa, já que esta Bienal tem tudo para ser uma das maiores já realizadas na história. Esperamos que isso aconteça tanto em número de público quanto em vendas”, diz Ellen Costa, líder de vendas do Grupo Editorial Aleph.

O Grupo Elo Editorial está participando da Bienal do Rio pela primeira vez. "Estamos muito satisfeitos com a procura do público por literatura infantojuvenil de qualidade. O impacto de oferecermos livros com total acessibilidade, audiodescrição e Libras trouxe um olhar diferenciado para a editora”, avalia o CEO Marcos Araújo.

Livros para jovens leitores se destacam entre os mais vendidos | © Bienal do Livro Rio
Livros para jovens leitores se destacam entre os mais vendidos | © Bienal do Livro Rio
O Grupo Editorial Alta Books encerrou o primeiro fim de semana com crescimento de 37% em relação à edição de 2023. O resultado já se reflete no ranking de vendas da casa no evento, com títulos como Hábitos atômicos e Pai rico, pai pobre. “Acreditamos profundamente no crescimento da nossa linha de ficção, e nosso top 10 só reforça essa trajetória de sucesso. Estamos muito otimistas com a Bienal do Livro Rio, especialmente nesse momento em que a cidade se torna a Capital Mundial do Livro. É uma alegria enorme acompanhar o crescimento e a energia desse primeiro fim de semana — que já reflete o quanto a literatura continua conectando, inspirando e transformando pessoas”, comenta Gorki Starlin, CEO do Grupo Editorial Alta Books.

Presente pela primeira vez no evento carioca, a Matrix Editora celebrou sua estreia com um aumento de cerca de 10% nas vendas em comparação com o primeiro fim de semana da Bienal de São Paulo no ano anterior. “É a primeira vez que estamos participando da Bienal do Rio de Janeiro e os resultados nesse primeiro fim de semana foram bem interessantes. Estou com boas expectativas para o restante da semana, especialmente com a participação dos professores. Estou muito animado pelo que já vi de movimentação na Bienal, pelo carinho com que as pessoas têm recebido as nossas obras. Sendo essa a nossa primeira participação, vejo que os leitores estão muito felizes que a gente esteja no evento”, afirma Paulo Tadeu, fundador e editor da Matrix Editora.

[16/06/2025 11:54:57]