A quinta-feira (17) na Feira do Livro de Frankfurt contou com grande participação brasileira em diferentes espaços do evento. A manhã começou o Círculo de Poemas, representada por sua criadora, Rita Mattar, recebendo oficialmente o Prêmio Aficionado, que promove indivíduos, organizações e iniciativas que estão fazendo a diferença na indústria editorial.

Ainda sobre a ideia do Círculo, “um projeto que se baseia na cooperação ao invés da competição” – segundo Camila Cottafavi, da editora Giangiacomo Feltrinelli, e que também participou da conversa – Mattar frisou que criar uma coleção, um clube como o Círculo, é sobre criar uma comunidade engajada. Já sobre os planos sobre o futuro, ela adiantou que estão preparando materiais para chegar em professores, escolas e bibliotecas e incentivando que eles assinem a coleção. “São eles que estão mais na posição de entender realmente a importância do nosso trabalho”, disse.
“A ideia é ser muito diverso, o tanto quanto nós pudermos ser”, comentou.
O dia continuou com Sevani Matos, presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e diretora da VR Editora, em um painel sobre ações climáticas, no qual falou para o público internacional sobre a criação do Guia ESG, da CBL, lançado no mês passado.
O painel também discutiu como o mercado pode ser mais sustentável e o que as editoras podem fazer para ajudar nesse processo. “Temos que pensar como nossas ações vão impactar o planeta”, disse EJ Hurst, da New Society Publishers. A cadeia vulnerável de suprimentos e as escolhas corretas de papel também foram assuntos da conversa. “Acredito que o conhecimento é o primeiro passo para começarmos a mudança”, afirmou Hurst.
O autor Fabricio Corsaletti, vencedor do Prêmio Jabuti 2023 com a obra Engenheiro fantasma (Companhia das Letras), participou de uma mesa sobre poesia ao redor do mundo para falar sobre seu trabalho e compartilhar sua visão sobre a poesia contemporânea.
Luiz Schwarcz

Em seu discurso, ele compartilhou sua visão sobre o que é ser editor. Para ele, a edição não é uma arte. “Esse termo deve ser utilizado apenas para o trabalho dos escritores, a quem dedicamos nossas vidas. (...). Edição não é uma arte, mas sim devoção. E devoção no sentido literário, não religioso”, disse.
“Também somos os primeiros responsáveis pela integridade de um livro. Integridade em português tem dois sentidos. Em inglês também. Quer dizer que algo está completo, inteiro, e ao mesmo tempo que é digno, honesto. Uma narrativa escrita durante muitos meses ou anos precisa de alguém que a leia no presente e sinta se o tempo a afetou positiva ou negativamente, se tudo o que precisava ser dito está lá, e se o resultado honra a dignidade da literatura e o espírito de um trabalho artístico”, destacou em outro momento.
Logo após o discurso, o editor participou de um bate-papo no qual deu um panorama sobre o mercado editorial brasileiro. “Temos um enorme gap entre ricos e pobres e a boa coisa a dizer, é que isso está mudando. No Brasil, nos anos que tivemos como presidentes Fernando Henrique, Lula e Dilma, tivemos muito investimento nos livros. Eles compraram muitos livros e desenvolveram programas magníficos que distribuíram livros para muitas crianças. Então tirando o gap entre o governo Bolsonaro, tivemos momentos que incentivaram as pessoas lerem mais”, disse.
"Um dos melhores trabalhos que posso fazer é descobrir um bom autor brasileiro e apresentá-lo aqui para vocês”, comentou ainda. “Eu sou parte disso e estou muito orgulhoso porque eu realmente amo a literatura brasileira, é o que está na minha pele”.
Schwarcz comentou ainda sobre a dificuldade das livrarias se manterem no Brasil e do crescimento da Amazon. “A competição com a Amazon é muito difícil”.
Caipirinha Hour
O dia finalizou com a já tradicional Caipirinha Hour, junto com o SPDAY, ação da CreativeSP que visa promover as editoras presentes aproveitando a grande movimentação do estande brasileiro.
Em quatro horas e meia de happy hour, o estande recebeu 800 pessoas. Foram consumidas 1 mil caipirinhas, 240 litros de cachaça, 200 litros de cerveja e 300 pretzels.
A Caipirinha Hour - evento que ocorre há anos no estande do Brasil e que originalmente tem o nome "Caipirinha meets Oktoberfest” - é realizada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), com apoio da MVB, que é responsável pela cerveja e pelos pretzels.
Já o estande do Brasil, também conta com o apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE).





*A jornalista viajou com o apoio do CreativeSP, e do Publishing Perspectives, veículo de comunicação ligado à Feira de Frankfurt.