
A editora brasileira selecionada para a Feira foi a Aboio – leia aqui uma entrevista com o editor Leopoldo Cavalcante.
A editora The Orlando Books nasceu em Buenos Aires há dois anos com a ideia da escritora Marcela Citterio de aproximar o universo audiovisual dos livros. Ela é autora do livro Lady voyeur, que publicou e em que é baseada a série Olhar Indiscreto, sucesso produzido pela Netflix Brasil em 2023, com Débora Nascimento e Emanuelle Araújo.
Agora, já são quatro livros com direitos vendidos para diferentes plataformas de audiovisual dentro e fora da Argentina, e em dois anos de existência da editora já são 19 títulos publicados. São obras de escritores e escritoras argentinos (e também um espanhol) de romance, policiais e de outros gêneros preferidos entre os produtores das telas. Com presença nas livrarias do país, nos últimos meses a editoras também chegou em lojas de Chile e Uruguai. “Estamos abrindo portas”, diz a editora.
Marcela também esteve presente na Feira de Frankfurt e em Guadalajara. “Frankfurt me pareceu uma loucura, é como a Disney dos livros, e Guadalajara é mais próxima da gente”, explica. “Consegui bons contatos, muitos olheiros de livros para plataformas, e começamos conversas. Anteriormente, frequentava eventos assim do audiovisual. Essa experiência nos outros mercados me diz para estar nos lugares: ir todos anos, falar com as pessoas, construir uma rede de contatos para que uns pensem nos outros. Esse pensamento coletivo me parece uma boa saída para fazermos bons negócios”, diz.
Em Pequim, ela chegou com encontros marcados com produtoras para ver se conseguia distribuir algum dos títulos. “Meu pensamento foi: vou a Pequim e vejo o que faço!”, riu.
Outra editora que faz parte do programa de apoio da Feira é a The Lela Initiative – uma editora independente sem fins lucrativos sediada na região metropolitana de Londres, que publica trabalho de autores da África Oriental, especialmente Uganda, país natal da editora Lela Burbridge.

Eles publicam os livros no Reino Unido e seus principais clientes são livrarias independentes que compreendem a missão. “Mas agora estamos tentando ampliar nosso alcance ao vender direitos internacionais, especialmente com os EUA. Mas claro, temos interesse em trabalhar outros mercados, como a China e o Brasil, por que não?”. A editora conta que a participação na Feira do Livro de Londres é uma das suas principais plataformas de negociação nesse sentido.
“Aqui em Pequim, espero conversar muito com outros editores de todo o mundo, e também explorar a ideia de ver nossos livros em outros idiomas”, explica.
Um sorteio e tanto
Outra editora que teve a oportunidade de vir a Pequim foi a italiana Oriana Conte, com a sua Edizioni Sui Generis – casa independente interessada em literatura, teatro, poesia, filosofia e outros assuntos, de autores contemporâneos locais e internacionais. Ela não foi exatamente selecionada pelo programa: mas foi a sorteada em uma ação realizada pela Corporação chinesa que organiza a BIBF em Frankfurt, no ano passado. Ela deixou seu nome em uma urna, sem muitas esperanças, mas foi surpreendida por uma ligação com a oportunidade de participar da BIBF pela primeira vez.
“Confesso que fiquei um pouco ansiosa para a viagem por conta das diferenças culturais, mas essas viagens fazem você conhecer pessoas e profissionais de diferentes países, o que contribui muito com o negócio editorial”, explicou.

“Os chineses são muito receptivos, o pessoal do estande aqui da frente fica me oferecendo comida o tempo todo”, comenta. “Já passaram por aqui para falar comigo muitos agentes, editoras, gráficos e até autores. Claro, também espero vender os direitos dos meus livros para serem publicados por aqui”.
*O repórter viajou a convite da Feira Internacional do Livro de Pequim.