
A BIBF vai receber este ano 1,6 mil expositores, sendo 1.050 deles de 71 países e regiões – um acréscimo de 17% em relação ao ano passado. Países como Japão, Malásia, Reino Unido e Itália (a convidada de honra em Frankfurt este ano) expandiram sua presença, e no total, há 11 pavilhões internacionais a mais do que em 2023. A área de exibição é estimada em 55 mil metros quadrados e 220 mil livros estarão em exibição, entre títulos chineses e internacionais.
Entre as grandes editoras internacionais presentes, estão casas como a Penguin Random House, Elsevier, Pearson, Wiley, Scholastic, Springer Nature e Cengage.
Conferências
Entre as conferências na programação do evento, estão a PubTech Conference 2024 (dia 19), a BIBF World Children’s Book Forum (20), e a Beijing International Publishing Forum (21).
O Reino da Arábia Saudita é o convidado de honra desta edição, que ainda receberá a cerimônia do Prêmio Especial do Livro da China, o Summit Internacional de Publicações Educacionais, e eventos dedicados a publicações de arte, ilustrações, entre outros.
Programação
- Conferência PubTech 2024: IA no setor editorial, 19 de junho
A conferência reúne acadêmicos, editores e especialistas em tecnologia de IA de todo o mundo.
Principais palestrantes:
Niels Peter Thomas, Chefe Global de Livros, Springer Nature;
Lyndsey Dixon, Vice-Presidente Global de Publicação Acadêmica, De Gruyter.
- Fórum Mundial do Livro Infantil BIBF 2024, 20 de junho
Tema: "Novas Tendências de Cooperação Internacional na Publicação de Livros Infantis"
Descrição: O fórum discutirá novas ideias e direções para a edição de livros infantis por meio de políticas, inovação em marketing e desenvolvimento de produtos.
Principais palestrantes:
Shu Lin Wu, Presidente da Associação Chinesa de Publicação;
Karine Pansa, Presidente da Associação Internacional de Editores;
Evgeny Kapiev, CEO da Eksmo Publishing;
Marc Handler, ex-produtor executivo da Disney na China, atualmente escritor, executivo de desenvolvimento e consultor internacional na CCTV;
Caroline Purslow, Diretora de Vendas, DK Asia.
- Fórum Internacional de Publicação de Pequim, 21 de junho
Tema: "Nova Produtividade e Inovação no Mercado Editorial"
Descrição: Um fórum influente desde sua criação em 2004. O fórum deste ano vai focar na inovação, explorando tendências de desenvolvimento, avanços tecnológicos e aplicações práticas de uma perspectiva internacional.
Principais palestrantes:
Shu Lin Wu, Presidente da Associação Chinesa de Publicação;
Alexander Broich, Vice-Presidente Executivo, Cengage Select;
Jiuzhen Zhang, Chefe do Instituto de Pesquisa em Publicação da Universidade de Pequim;
Arnout Jacobs, Presidente da divisão chinesa, Springer Nature
Entrevista com Leopoldo Cavalcante, editor da Aboio
“Todo intercâmbio internacional que participamos trouxe algo para assimilarmos e aplicarmos no mercado brasileiro”
PublishNews – Como a participação nessa Feira em específico pode ajudar os negócios da Aboio?

Mas, como disse, vivemos um momento especial. No final do ano passado, a Aboio, em parceria com a Lavoura Editorial, fundou o selo Cachalote, que passa a assumir o braço de literatura brasileira contemporânea. Nossa operação se alargou, a equipe cresceu, e hoje estamos descobrindo novos autores de todo o país, com alguns títulos já publicados e outros tantos em pré-venda. Durante a Feira, teremos a oportunidade de apresentar não só os tradutores e autores brasileiros já publicados pela Aboio, como também os autores e livros da Cachalote.
O mercado editorial brasileiro, apesar de suas instabilidades, costuma ser bastante sensível aos movimentos de editoras independentes que “furam a bolha”. Mais do que uma oportunidade circunstancial, no entanto, acreditamos em posicionar nosso grupo como um agente cultural que trabalha com projetos de médio e longo prazo, favorecendo a bibliodiversidade e a criação de novas oportunidades de negócio em escala nacional e internacional.
PN – Pelo que entendo, as relações brasileiras com o mercado editorial chinês são tímidas, pra dizer o mínimo. Qual a sua expectativa nesse sentido?
Leopoldo – Antes de fundar o braço editorial da Aboio, tive o privilégio de ter sido um dos fundadores do Pagode Chinês, um podcast jornalístico semanal vinculado ao think tank Observa China e, depois, parceiro da Folha de S.Paulo e da StartSe. Nós fomos uma das primeiras iniciativas de cobertura imparcial e exclusiva da China e, por isso, acompanhei de perto o interesse público crescente naquele país.
Quando começamos, era bem menor o número bruto de institutos públicos e privados de estudo das relações entre Brasil e China. Quem se interessava pelo assunto ou eram acadêmicos vinculados à sinologia ou empresários dos ramos de infraestrutura, tecnologia e similares. Hoje, já percebo um cenário muito diferente, mais popular, até. Brasileiros de várias classes sociais estão interessados nas possibilidades que a China pode trazer. Cada vez mais, a China deixa de ser um objeto de estudo esotérico para se tornar um assunto popular, uma curiosidade persistente do público. O que é uma oportunidade para quem estiver disposto a desbravar searas em que ainda haja “timidez”, como o mercado editorial.
Só que mais do que suprir uma demanda econômica, nossa maior expectativa é ajudar a pavimentar o caminho para outras editoras brasileiras poderem trazer obras chinesas para cá e levar títulos brasileiros para lá. Está no DNA da Aboio a crença no colaborativo e no fortalecimento das estruturas.
Além disso, por conhecer mais de perto as barreiras políticas na China, sei que, por trabalharmos com ficção literária, temos vários livros na Aboio que não poderiam ser editados por lá. Mas por conhecer, de maneira holística, a produção brasileira nesse segmento, sei também que temos muitas obras de alta qualidade que podem encontrar um público bom em solo chinês, como por exemplo o livro A resistência, do Julián Fuks, publicado recentemente por lá.
PN – De maneira mais geral, o que você espera da Feira? Tem algum assunto mais específico, por exemplo, que você gostaria de ter mais informações por lá?
Leopoldo – Todo intercâmbio internacional que participamos trouxe algo para assimilarmos e aplicarmos no mercado brasileiro – ou na nossa visão do que o mercado brasileiro pode se tornar. Por isso, minha grande expectativa é aprender. Soa clichê, é claro, mas eu falo de um aprendizado com fins práticos, estratégicos. Queremos conhecer novas editoras, rever parceiros internacionais e discutir novos projetos, e sobretudo entender melhor as dinâmicas operacionais, financeiras, comerciais, administrativas e editoriais do mercado chinês. Como estão produzindo? O que estão vendendo? E, principalmente, como estão vendendo?
Não tivemos uma repercussão brasileira desse caso, mas em março deste ano, Abdulrazak Gurnah, autor de Tanzânia e laureado com o prêmio Nobel de literatura em 2021, vendeu mais de 100 mil cópias dos livros dele durante uma live de uma hora na plataforma de vídeo Douyin – o TikTok chinês. Isso nos faz pensar sobre o futuro da venda de livros no Brasil. Ainda mais com toda a polêmica recente das relações entre editoras e livrarias. Talvez as vendas por livestream possam ser um dos maiores trunfos para dar vazão ao catálogo vasto das livrarias. Vejo como positiva a união de influenciadores com livrarias num futuro próximo. Um canal com cada vez mais adesão de público auxiliando um modelo de negócios essencial ao ecossistema do livro, mas com dificuldades de se modernizar. Como fazer isso? Espero que a Feira nos dê uma luz.
Feira do Livro de Pequim
A Feira Internacional do Livro de Pequim (BIBF) é organizada pela Corporação de Importação e Exportação de Publicações Nacional da China desde 1986. Ao longo dos últimos 35 anos, a BIBF tornou-se a segunda maior feira de livros do mundo, atraindo expositores e visitantes de mais de 97 países.
Em 2023, a 29ª Feira Internacional do Livro de Pequim (BIBF) foi realizada com sucesso em formatos físico e virtual em Pequim. Ela atraiu 2,5 mil expositores apresentando mais de 200 mil títulos. Com mais de 200 mil visitantes presentes, a feira contou com expositores de 56 países e regiões ao redor do mundo.
*O jornalista viajou a convite da Feira Internacional do Livro de Pequim.