As dores de uma mãe
PublishNews, Redação, 10/05/2024
Ao tratar sobre a perda de um filho, 'O que não tem nome' aborda a busca de uma mãe para dar sentido ao que não pode ser nomeado

Em O que não tem nome (DBA Literatura, 152 pp, R$ 62,90 - Trad.: Elisa Menezes), a poeta colombiana e dramaturga Piedad Bonnett narra com honestidade contundente o suicídio de seu filho. Diagnosticado com esquizofrenia, Daniel batalhou por anos contra a depressão e a paranoia, consequências da doença e da dificuldade de nomeá-la. O relato autobiográfico tem início no apartamento de Daniel em Nova York – cidade onde cursava o mestrado –, poucas horas depois de sua morte. Com linguagem sóbria e delicada, a autora relata as batalhas do filho, o estupor do luto, as formalidades ligadas à perda e, acima de tudo, a luta desigual de um jovem contra a loucura. Dividido em quatro partes, cada uma centrando-se em um tema particular – a dor, a enfermidade, a loucura e o suicídio –, O que não tem nome é um livro de memórias em que o ficcional é introduzido apenas para especular acerca das ações e motivações de seu filho, acossado pela paranoia e pela depressão. Enumerando os momentos decisivos dessa vida dividida entre a luz e as sombras, Bonnett faz, a partir de fragmentos, um relato pessoal, preciso e sensível da experiência da dor. No livro, a autora encontra um caminho para explorar os limites da linguagem diante da morte – se esta não é capaz de mudar ou suavizar um evento definitivo, escrever pode assumir um caráter terapêutico para dar conta de uma experiência íntima e, ao mesmo tempo, universal. A edição da DBA Literatura conta com um autorretrato feito pelo próprio Daniel na capa e também com um prólogo escrito pela autora após dez anos da primeira publicação do livro.

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[10/05/2024 07:00:00]