Romance que aposta na fronteira entre realidade e absurdo
PublishNews, Redação, 15/05/2025
A partir de um universo a priori restrito, composto por poucos elementos, a obra encadeia situações que se revelam absurdas

Em A cabeça boa (DBA, 88 pp, R$ 64,90), Lilian, a protagonista deste livro, mora sozinha no décimo terceiro andar do Baroneza, edifício situado em uma zona fronteiriça, próximo a uma linha de trem. Dentro de seu apartamento: uma mesa, quatro cadeiras, um sofá, uma tv, poucas plantas, um quadro com o contorno do mapa da América do Sul. Lilian quer preparar um jantar para a família. A partir de um universo a priori restrito, composto por poucos elementos, e por meio de uma linguagem que dispensa floreios, a obra encadeia situações que se revelam absurdas. A narração em segunda pessoa — como se a Lilian autora se dirigisse à Lilian personagem — acentua a sensação de estranhamento e o humor particular. Parte da “tetralogia da perda”, série de livros que Lilian Sais escreve sobre o luto após a morte do pai, A cabeça boa não tenta ordenar, apaziguar ou dar sentido à desconcertante experiência da morte de um familiar, tampouco se fecha nesta ou em outra chave de leitura. Pelo contrário: investe na indefinição. Não é possível determinar se o terreno é de loucura ou sanidade, de realidade ou absurdo, de vida ou morte.

Tags: DBA, romance
[15/05/2025 07:00:00]