
A Feira Internacional de Livros de Bogotá (FILBo), trouxe uma nova possibilidade de diálogos entre a literatura brasileira, colombiana e os países vizinhos do continente. Para quem quer adentrar novos universos e desfrutar da diversidade literária latino-americana, as autoras convidadas neste ano para a FILBo ajudam com suas indicações de escritoras:

"Quero indicar como referência uma autora afro-colombiana que está traduzida no Brasil pela Editora Jandaíra chamada Velia Vidal. Ela é de uma região litorânea chamada Bahia Solano, do departamento de Chocó, ela está lançando um livro que se chama Cuerpos de Agua, e tem outros livros também. São vários temas que são importantes para autora: a natureza bem como pensar outros lugares da maternidade, outros lugares do ser mulher. Além disso ela também desenvolve projetos de leitura na Bahia de Solano".

"Quero indicar a escritora amefricana uruguaia Graciela Gonzalez Paz, com o livro Zambeze. Este livro foi traduzido do castellano para o português em 2022 e Gabriela sintetiza a história do avô, um homem africano que depois foi levado para a França e lá trabalhou em plantações, casou com uma mulher branca e veio para o que hoje é o Uruguai.
E também a escritora porto-riquenha Maira Santos-Febres, que tem um livro em edição bilínguie espanhol-português Brasil se chama Conjuro da Guiné (Orisun Oro), a Mara explica o que vamos chamar de uma experiencia literária que parte da avó dela, da mãe dela e dela.
A outra é a escritora cubana chamada Fortin Herrera, e o livro se chama Cabeça de Fé, um conjunto de poemas de vários livros. É uma escritora cubana maravilhosa que divide histórias em comum com outras escritoras do Brasil e da Argentina.
Existem vários pontos em comum entre os países da América do Sul, mas parece que o Brasil está sempre olhando para a Europa e para os EUA. Há um olhar das outras editoras pequenas, mas as grandes editoras, parece que só publicam o que já está lá no alto”.
3. Luiza Romão, premiada com o Jabuti com o livro Também guardamos pedras aqui indica Yuliana Ortiz Ruano, Silvia Cusicanqui e Andrea Cote.
“Nossa, que tarefa díficil! São muitas autoras incríveis! Vou escolher três, então, que escutei na feira e cujas palavras ainda tão reverberando em mim: a primeira é a Yuliana Ortiz Ruano, poeta equatoriana, que acaba de lançar o livro Cuaderno del imposible retorno a Pangea no qual dialoga com o poema de Césaire e propõe o mar como espaço - "mar-ritório" - e a ilha como corpo vivo e falante. Outra é Silvia Rivera Cusicanqui - uma referência incontornável nos estudos feministas e indígenas - que apresentou na feira uma fala sobre a "coquita" (folha de coca), sua importância na cultura boloviana e os processos de perseguição e criminalização do Estado. Que aula! E por fim, fiquei muito tocada pela mediação que a poeta colombiana Andrea Cote fez de uma mesa com Lídia Jorge sobre a velhice hoje; especialmente, um momento em que ela propôs pensarmos a literatura como uma forma de falar com nossos e nossas mortas: de arrepiar!”
4. Ángela Cuartas, escritora, tradutora e pesquisadora nascida em Cali, Colômbia, com uma vivência de dez anos no Brasil, autora de Madreselva, traduzido no Brasil pela Diadorim, indica:
“Quero indicar algumas poetas colombianas: Emilia Ayarza, María Mercedes Carranza, Mery Yolanda Sánchez, Piedad Bonnett y Eliana Hernández, e autoras de prosa: Emma Reyes, Pilar Quintana y Yulieth Mora”.

“Indico a escritora da Jamaica Kincaid, escritora caribenha que no Brasil está traduzida pela companhia das Letras, e a outra se chama Dionne Brand, que tem um livro chamado Um mapa para a porta do não retorno: notas sobre pertencimento, poesia fragmentada mesclada com ensaios, a descobri quando ela veio para Flip em 2023. É um livro que tem um trabalho de linguagem muito sofisticada e conturbada para marcar as experiências afrodiaspóricas.
