
Ambos apontaram que apesar dos impactos positivos culturais que a cadeia do livro oferece à sociedade, a indústria editorial também impacta o meio ambiente com produção de CO2 e muitas vezes não é consciente sobre ela. “Deveríamos começar a tratar de fazer este caminho antes que venha uma obrigação, pois a indústria cultural não está fora da colaboração com o meio ambiente”, disse José Diego Gonzalez durante a jornada da FILBo, que neste ano tem como tema “Leer la Naturaleza” – Leia a natureza.
Segundo estudo da Revista ESC Magazine no ano de 2023, atualmente, a indústria dos livros impressos consome 16 milhões de toneladas de papel por ano, o que significa que dois milhões de livros são produzidos, o equivalente a mais ou menos 32 milhões de árvores que são cortadas. Cada livro gera 8,85 libras de dióxido de carbono (CO2), colocando a sua impressão numa das mais poluentes da indústria editorial. As fábricas que o produzem emitem também óxido de nitrogênio e monóxido de carbono, gases que contribuem para o aquecimento global.

Os palestrantes abordaram também o caráter prático para que a cadeia do livro possa tomar atitudes mais inteligentes e se comprometer com esta transição e mudanças:
Segundo o palestrante, cerca de 50% de óxido de carbono produzido se refere a utilização de matérias-primas, 17% pela distribuição e 17% pela produção do processo de impressão. O restante se refere a questão das embalagens, porque a maioria ainda utiliza plástico. “É preciso fazer uma mudança na mentalidade tanto das editoras, das livrarias e dos consumidores para a não utilização de plástico nas embalagens”, José Diego.
No que se refere à escolha das matérias-primas, a cadeia do livro está começando a tratar a questão das certificações, como explicou Jimena Mantilla. “Este ano fizemos um acordo com FSC, uma organização governamental, que procura matérias-primas que certificam que são sustentáveis, que nos permitem provedores que tenham nossas certificações, e principalmente de bosques ou florestas que são responsáveis com o meio ambiente”.
Segundo ela, o objetivo Penguin Random House é reduzir a emissão de gases em 50% em comparação com 2018 até o ano de 2030 com diversas medidas com mudanças de prática de toda a cadeia.
“Quando pensamos responsavelmente em todo o impacto ambiental, temos que pensar em todos os recursos do papel que vamos utilizar como origem, a produção que ele enfrenta, a chegada aos meios editoriais, como se chega a este livro, e que destino ele toma a fim chegar a uma economia circular”, contou. Eles também apontaram que tanto as editoras maiores quanto as menores podem fazer este caminho, inclusive as editoras menores podem ter mais facilidade para a escolha e monitoração dos fornecedores e de todo o processo até chegar no consumidor.
Distribuição: Neste processo, também é necessário pensar nos materiais de comunicação, com etiquetas e bolsas ecológicas, apresentando ao consumidor os recursos utilizados.
“Pensamos com esta ideia que também devemos contar com a colaboração dos autores, durante o deslocamento nas feiras e ambientes de distribuição e apresentação para que todo o meio editorial trate de adotar práticas sustentáveis em todas as etapas da cadeia”, afirmou Jimena.
Impacto ambiental dos livros digitais
As versões dos livros digitais são uma alternativa para a redução dos impactos ambientais na produção do livro impresso, mas os palestrantes alertaram também sobre os impactos que são menos visíveis. “Há um projeto que permite entender o impacto da internet no efeito estufa, mostrando que ela é responsável pela emissão de 2% de gases e se pensarmos na infraestrutura do google, ou seja, tudo o que está por trás da internet, esta taxa se torna muito alta”.
As baterias, os celulares e todos os dispositivos, que tem um grande impacto ambiental na mineração, é altíssimo tanto ambientalmente quanto socialmente, dependendo da condição que são explorados.
“Mas o grande responsável pela utilização do carbono dentro do mercado editorial, é sem dúvidas, a matéria-prima que se utiliza e a versão digital pode ser muito menos agressiva para o meio ambiente. E muitas vezes é muito difícil certificar todas as origens da cadeia. Mas o que queremos dizer é que as editoras podem sair na frente ao tomar esta decisão de fazer as ecoedições”, destacou José Diego.
As jornadas profissionais estão acontecendo durante a FILBo e tratam de diversos temas para melhores práticas do meio editorial, tendo como tema principal. O PublishNews está com cobertura exclusiva durante o evento que vai até o dia 2 de maio, e divulgará outras novidades e tendências para o meio editorial.
