Já na Casa PublishNews na Flip 2023, o assunto foi tema de um painel que reuniu profissionais que entendem do riscado, e algumas questões ficaram claras. 1) Hoje em dia, os autores que mais vendem são os autores engajados com os seus livros; 2) A Lista representa não apenas um sucesso de vendas, mas também uma ferramenta de comunicação e marketing importante.
O painel reuniu Bruno Mendes (diretor comercial e de marketing do Grupo Ediouro), Andrea Guatiello (gerente de marketing da Alta Books) e Fabrício Batista (diretor comercial da Editora Gente), com mediação de Eduardo Cunha (diretor da Bookinfo).
“Por que estar na Lista é importante?” foi uma das questões. “A Lista não é só vender”, explica Mendes, também sócio do PublishNews. “A Lista entrega uma autoridade. A partir do momento que um livro é considerado um best seller, há um novo status, e isso passa a ser ferramenta de marketing e comunicação”.
Ele ressalta, por exemplo, que o segmento religioso não é todo contemplado pelas Listas, por questões de metodologias, e explicou, junto com Cunha, as diferenças entre as listas de mais vendidos.
A Bookinfo faz as listas de Veja e PublishNews – na Veja, além das categorias diferentes das nossas, há a contagem das vendas da Amazon. O PublishNews optou por não contar com as vendas da varejista norte americana justamente para sentir e medir números, tendências e outras informações de livrarias físicas, menores e locais. “Foi uma decisão de negócios”, afirma Mendes.
Para Guatiello, da Alta Books, diversos cases de sucesso passam por autores e autoras que “botam o livro debaixo do braço e fazem acontecer”. Ela explica que, em primeiro lugar, sua posição é entender o público do livro. “Mesmo quando o autor já tem um público na internet, por exemplo, é preciso entender se esse mesmo público será o do livro”, disse.
Ela compartilhou ainda uma das estratégias mais recentes e de sucesso – a Alta Books está em segundo lugar no ranking das editoras deste ano, com 127 títulos até agora –, a dos microinfluenciadores. “São aqueles com menos seguidores, porém com uma audiência engajada. Conseguimos investir em mais pessoas e construímos uma espécie de tribo”, comentou.
Mendes também comentou as estratégias de divulgação. “Quando o Jô levava um convidado no programa de TV, qualquer livro pegava. Hoje, se eu colocar o livro errado na mão do influenciador errado, não vai funcionar. Engajamento é crucial. A gente utiliza booktokers, no Instagram, o Youtube tem limitações mas continua funcionando, usamos as plataformas de ads, uma coisa que funciona muito são os eventos de autor com ads geolocalizados. É uma ciência”, comentou.
Para ele, o mercado editorial ainda precisa entender o que é produção de conteúdo com influenciador. “Temos alguns modelos: um fixo, outro que paga pelo conteúdo. Um modelo que tenho achado interessante é pagar uma porcentagem em cima do resultado de cada influenciador, com um link personalizado”, comentou.
Já para Fabrício Batista, da líder do ranking e editora do ano em 2022, a Gente, uma das principais receitas é a pré-venda bem feita – e o resultado é claro, porque muitos dos livros da editora costumam estrear no topo ou próximos do topo da Lista. O período de pré-venda é de 30 a 60 dias, e todos os exemplares vendidos contam na Lista apenas no dia/semana do lançamento.
“É importantíssimo que o autor tenha uma base de fãs”, explicou também. “Antes, nós vendíamos muito em eventos e a livraria fazia pouca parte do processo. Quando eu cheguei, pensei em colocar a livraria para atender e fazer as pré-vendas. O resultado é o primeiro lugar. Temos um case muito bom com a Elainne Ourives, em 2020, quando ela tinha um evento marcado com 3 mil pessoas. Com a necessidade abrupta do isolamento, resolvemos fazer uma imersão no Youtube durante um dia inteiro. Foram 22,5 mil exemplares vendidos".