O que estou lendo: Nina Rizzi
PublishNews, Guilherme Sobota, 07/11/2023
Poeta e tradutora indicou a obra 'A terra dá, a terra quer' (Ubu), de Antônio Bispo dos Santos

Nina Rizzi é escritora – mas também poeta, tradutora, pesquisadora, professora e editora, formada em História e mestra em Literatura Comparada. Autora de Elza, a voz do milênio (com Edson Ikê para a VR Editora), Sereia no copo d’água, Caderno-goiabada (ambos da Edições Jabuticaba) e do infantil A melhor mãe do mundo (Companhia das Letrinhas), entre outros livros. Tem poemas, textos e traduções publicados em diversas revistas, jornais, suplementos e antologias no Brasil, Portugal, Suécia, Argentina, Chile, Peru, Espanha, EUA, Moçambique e Angola, além de curadoria e participação em festivais e eventos artísticos e literários. Em outubro, foi uma das convidadas do programa Viagem Literária, gerido pela SP Leituras, que percorreu bibliotecas públicas do estado de SP.

O PublishNews perguntou a Nina Rizzi o que ela está lendo, e esta foi a resposta:

"Estou lendo A terra dá, a terra quer (Ubu), de Antônio Bispo dos Santos; o autor quilombola que além de escritor é lavrador e pescador parte da ideia de que "todos somos cosmos, menos os humanos, que têm medo do cosmos". Com essa leitura tenho pensado muito em como viver e me relacionar melhor com o mundo e tudo que nele vivo e, mais especificamente, tem me ajudado com minhas pesquisas em educação e, na prática, como pode ser de fato descolonizadora".

A terra dá, a terra quer
Antônio Bispo dos Santos
Ubu Editora
112 pp. | R$ 54,90

Sinopse da editora:

"Contracolonização é o conceito-chave desta obra de Antônio Bispo, que contrapõe de forma desconcertante o modo de vida quilombola ao da sociedade colonialista.

Com uma linguagem própria, de palavras "germinantes", o autor oferece um olhar urgente e provocador sobre os modos de viver, habitar e se relacionar com os demais viventes e com a terra. A partir da Caatinga brasileira, mais especificamente do Quilombo Saco Curtume, no Piauí, Bispo denuncia a cosmofobia – o medo do cosmos que funda o mundo urbano eurocristão monoteísta – e empreende uma guerra das denominações, enfraquecendo as palavras dos colonizadores. Desafiando o debate decolonial, compreendido por ele como a depressão do colonialismo, propõe a contracolonização, um modo de vida ainda não nomeado e que precede a própria colonização. Não se trata de um pensamento binário, mas de um pensamento fronteiriço e "afro-pindorâmico" para compreender o mundo de forma "diversal", integrado por uma variedade de ecossistemas, idiomas, espécies e reinos.

A terra dá, a terra quer registra de modo inédito muitos dos saberes transmitidos pela oralidade por esse "lavrador de palavras" acerca do agronegócio, das cidades, das favelas, dos condomínios fechados e da arquitetura. Transitando por muitos mundos, Bispo semeia potentes traduções de questões cruciais para o nosso tempo como ecologia, clima, energia, trabalho, cultivo e alimentação. Diante da mercantilização da vida e dos saberes, este livro compartilha a força ancestral da circularidade começo, meio e começo."

[07/11/2023 08:20:00]