Três Perguntas do PN para Rodrigo Casarin, autor de 'A biblioteca no fim do túnel'
PublishNews, Guilherme Sobota, 15/08/2023
Jornalista de literatura e colunista do UOL lança o seu primeiro livro, pela Arquipélago Editorial; sessão de autógrafos será na Livraria da Travessa de Pinheiros

Rodrigo Casarin, pronto para pular o balcão | © Andréia Casarin
Rodrigo Casarin, pronto para pular o balcão | © Andréia Casarin
Rodrigo Casarin está pronto para pular para o outro lado do balcão – pelo menos momentaneamente. Nesta quinta-feira (17), o jornalista de literatura e colunista do UOL lança o seu primeiro livro, A biblioteca no fim do túnel: um leitor em seu tempo (Arquipélago), a partir das 18h30, na Livraria da Travessa de Pinheiros (R. dos Pinheiros, 513, São Paulo / SP).

No livro, Casarin reúne alguns de seus textos para a coluna Página Cinco, mas também de outros veículos, como o jornal Rascunho. Leitor atento e jornalista curioso, são-paulino que "passa raiva", como ele mesmo diz, e fã de Dom Quixote, o autor compartilha no livro suas experiências de leitura, reflexões sobre as relações entre as letras e o mundo "real", e tiradas espirituosas sobre organização de bibliotecas, causos literários, prêmios e eventos – entre diversas outras surpresas.

Rodrigo Casarin respondeu a três perguntas do PublishNews:

PublishNews – Você escreve que “de certa forma, o diálogo entre o que rola no mundo e o que encontro pelas páginas que compõem a minha biblioteca sempre foi um norte para mim.” Você consegue identificar de onde vem esse interesse ou por que isso ocorre?

Rodrigo Casarin – Os livros sempre foram uma boa fonte para eu tentar ir além das minhas experiências e percepções na hora de compreender a vida ao meu redor e o mundo em que estamos metidos. Um exemplo disso é como o Entre os vândalos, do Bill Buford, me fez enxergar com mais complexidade o que encontrava pelas arquibancadas, nas ruas ao redor de estádios. E nos últimos tempos tenho pensando em como Dom Quixote parece exercer uma permanente influência em minha vida. Há algo de quixotesco em insistir em ser um jornalista que escreve sobre livros, então talvez minha caminhada seja mesmo indissociável disso, daí vida e literatura se fundem numa coisa só.

– Uma das principais discussões do jornalismo de literatura (e da crítica literária de jornal) ao longo do século 20 foi a sua relação com a crescente e cada vez mais dominante crítica universitária. Hoje em dia esse debate foi engolfado também pela “produção de conteúdo” das redes sociais. Você vê esses três elementos mais em diálogo, em combate, ou simplesmente separados? O que acha disso tudo?

Vejo mais separados e jogando tomates uns nos outros do que deveriam. É bom que não haja uma convivência tão pacífica entre essas frentes. Do atrito e da tensão podem sair ideias e visões muito interessantes para leitores que saibam filtrar o que presta em cada uma dessas formas de se encarar a literatura - há profissionais ótimos e outros pavorosos em todos os setores. Gosto de pensar em diálogos que avançam mesmo quando as ideias expostas por diferentes pessoas são divergentes, contraditórias, estão em conflito. Agora, para que esse embate seja frutífero é preciso reconhecer que há gente séria, que vale a pena ser escutada, em todas essas áreas. E sem achar que apenas uma forma de enxergar a arte é a correta, definitiva.

– Quando falamos de jornalismo de livros no Brasil, quais são as suas inspirações? Quais pessoas ou veículos, por exemplo, atuais ou históricos, você admira nesse sentido?

Ainda na faculdade já olhava com muita atenção para algumas pessoas que hoje são colegas ou amigos: Josélia Aguiar, Manuel da Costa Pinto e Raquel Cozer me mostravam que, apesar de tudo, era possível fazer uma cobertura jornalística da literatura. Também lia com muita atenção colunas de gente como Sérgio Rodrigues (adorava a Todoprosa) e o Daniel Piza, que se foi cedo demais. As poucas resenhas assinadas por Julian Ana, um pseudônimo, no Rascunho me mostraram que o olhar crítico exposto num tom de crônica poderia funcionar muito bem. Gostava de ler as magrelas páginas de cultura de todas as revistas que caíam em minhas mãos. Já com a caminhada iniciada, Maria Esther Maciel e Eliane Robert Moraes são exemplos de profissionais que admiro demais pela maneira como exercem a crítica literária. Indo além do Brasil, olho com atenção para Jorge Carrión e Irene Vallejo, coincidentemente dois espanhóis, pela forma como tratam da literatura e da vida entre livros com os pés no chão, sem pompas ou afetações sempre dispensáveis. E Alberto Manguel é incontornável.

Lançamento de 'A biblioteca no fim do túnel'

17 de agosto de 2023 (quinta-feira) | 18h30 às 21h30

Livraria da Travessa (R. dos Pinheiros, 513, São Paulo / SP)

Sessão de autógrafos com o autor

[15/08/2023 08:00:00]