Dois anos atrás eu escrevi duas postagens aqui no PublishNews falando sobre Inteligência artificial e sobre Processamento de Linguagem Natural (PNL). Hoje, retorno para discutir a ferramenta de IA que se tornou tendência.
Em meio à constante evolução tecnológica, surgiu este ano uma ferramenta que promete transformar o modo como criamos conteúdo: o ChatGPT. Todos já ouvimos falar dele de uma forma ou de outra.
Não é uma invenção recente. Desenvolvido pela OpenAI, esse modelo de inteligência artificial é fruto de uma evolução do Processamento de Linguagem Natural (NLP), uma tecnologia que permite que as máquinas entendam e respondam à linguagem humana.
Embora o termo "entender" seja frequentemente usado, deve ser notado que a inteligência artificial não compreende a linguagem da mesma maneira que um humano.
O Chat GPT é um modelo de inteligência artificial generativa que utiliza técnicas de aprendizado profundo para gerar respostas semelhantes às humanas. Ele faz uma intermediação entre a linguagem natural usada por nós e a linguagem matemática usada pelo computador. Porém, ele não entende o que está escrevendo e muito menos o que ele responde. Para vocês terem uma ideia de como funcionam estes modelos de IA deem uma olhada neste vídeo sobre o experimento do quarto chinês.
A Inteligência Artificial Generativa, como o próprio nome sugere, é capaz de criar conteúdos originais, seja na forma de texto ou imagem, dando a impressão de gerar novidades. No entanto, do ponto de vista técnico, esta IA baseia-se fundamentalmente na previsão da próxima palavra por meio de algoritmos estatísticos. O ChatGPT é um dos modelos mais conhecidos neste campo, contudo, não é o único, e nem necessariamente o melhor. Existe uma diversidade de modelos de IA generativa disponíveis no mercado.
Além de termos o sistema do Google, o PaLM 2, temos muitas LLMs de código aberto, como o GPT-J da EleutherAI, o GPT-Neo da EleutherAI ou o Hugging Face Transformers. LLM significa “Large Language Model”, que são modelos de linguagem de inteligência artificial treinados em grandes quantidades de texto da internet. Esses modelos são capazes de gerar texto coerente e relevante em resposta a uma variedade de prompts, tornando-os úteis para uma ampla gama de aplicações, como redação de texto, tradução, respostas a perguntas e muito mais.
Uma parte crucial do funcionamento do ChatGPT e destes modelos LLM é o "prompt", uma instrução ou comando que orienta a resposta. Não basta chegar e dizer: “escreva uma poesia”. Melhor, você pode até fazer isso, mas a resposta em geral tende a ser vaga e mecânica. Para você pedir algo ao ChatGPT e ter uma boa resposta, você precisa saber como pedir. A arte de criar bons prompts é tão importante que uma nova profissão está surgindo: o engenheiro de prompts.
Agora que entendemos melhor a tecnologia por trás do ChatGPT, vamos explorar o impacto e as oportunidades que ela traz para o mercado editorial.
A velocidade e eficiência são um dos dois maiores benefícios que o Chat GPT traz para a produção de conteúdo.
Imagine poder gerar ideias para um artigo de alta qualidade em questão de minutos. Isso é o que o ChatGPT pode fazer. Mas na realidade ele é bom mesmo em manipular, corrigir e melhorar textos. Se bem usado pode trazer resultados muito bons, como fazer revisão ortográfica, sugerir melhorias no texto, corrigir sintaxe e muito mais.
O ChatGPT tem sido usado na indústria editorial de várias maneiras, deixo aqui uma lista de ideias de como utilizá-lo:
E é possível fazer muito mais, por exemplo, usá-lo como um tutor para aprender coisas novas, como HTML!
Estas aplicações do ChatGPT demonstram seu grande potencial para revolucionar o mercado editorial, entretanto, é fundamental lembrar que, apesar de sua utilidade inegável, a inteligência artificial continua sendo apenas uma ferramenta auxiliar no processo criativo.
Apesar de todas as suas vantagens, é importante lembrar que o ChatGPT (e as outras formas de Inteligência artificial) é apenas uma ferramenta. Ele não é uma solução completa para todos os desafios que enfrentamos no mercado editorial.
A Inteligência artificial não é uma bala de prata que vai resolver todos os problemas do mundo. Isso precisa ficar claro, senão caímos na cilada de acreditar que o nosso futuro está nas mãos dos outros ou, pior, delegamos este futuro para outros.
O verdadeiro diferencial para os editores não é a ferramenta em si, mas a maneira como podemos otimizar os processos editoriais e deixar mais espaço para a criatividade humana, retirando tarefas repetitivas e demoradas, melhorando a qualidade do trabalho.
A criatividade é algo que a inteligência artificial ainda não pode replicar e talvez, nunca poderá da mesma forma que os humanos. Sobre este tema recomendo a leitura do livro Elástico: Como o pensamento flexível pode mudar nossas vidas, do autor Leonard Mlodinow, publicado pela editora Zahar.
Em pouco tempo todos terão acesso ao ChatGPT, e o verdadeiro diferencial será a gestão, os processos inovativos e, obviamente, a criatividade.
Deixo como sugestão que vocês conheçam uma abordagem de gestão de serviços: o VeriSM, que pode ajudar a organizar melhor os processos e aproveitar ao máximo as possibilidades oferecidas pela tecnologia.
É importante considerar as questões éticas e de direitos autorais que surgem com o uso de IA na produção de conteúdo. Muitas dessas questões ainda não estão resolvidas. Para resolvê-las, precisamos conhecer mais a tecnologia, usá-la e avaliá-la com senso crítico.
Entre os problemas podemos citar:
Após explorar as múltiplas potencialidades, bem como os desafios éticos, de privacidade e responsabilidade que o uso do ChatGPT apresenta, é claro que o ChatGPT tem o potencial de causar uma disrupção significativa no mercado editorial.
A análise dos prós e contras do uso do ChatGPT revela que, mesmo considerando os desafios éticos, de privacidade e responsabilidade, esta tecnologia apresenta um potencial disruptivo incrível no mercado editorial.
No entanto, é muito importante lembrar, novamente, que a tecnologia é apenas uma ferramenta. O verdadeiro diferencial para os editores será a maneira como eles otimizam seus processos para deixar mais espaço para a criatividade humana. Ao fazer isso, eles poderão se destacar em um mercado cada vez mais competitivo e continuar a produzir conteúdo de alta qualidade que ressoe com seu público.
Como o jornalista Sydney Harris observou, "O verdadeiro perigo não é que computadores comecem a pensar como humanos, mas que humanos comecem a pensar como computadores". A frase reflete bem o problema central do nosso tempo: não sabemos usar a criatividade e os sentimentos para resolver os problemas e delegamos tudo a soluções mágicas, computacionais, a algum “script” oferecido por algum Guru, político ou ideologia que promete mudar magicamente as coisas.
* José Fernando Tavares é especialista em Publicações Digitais e produtos digitais com mais de 14 anos de experiência no mercado editorial, especializado em tecnologia para negócios e Inteligência Artificial para produtividade. Em 2014, fundou a Booknando, empresa especializada em publicações digitais e livros acessíveis. No ano passado, criou a Volyo Audiobooks, focada na produção de audiolivros com uso de Inteligência Artificial. Com formação humanística, busca utilizar a tecnologia para melhorar o mundo. Tem paixão por vinhos e pelo aprendizado diário.
**Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.
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