O foco do encontro foi a indústria do livro ucraniana e os desafios que ela tem enfrentado desde o início da guerra, em fevereiro de 2022. Yuliia Kozlovets, coordenadora geral do International Book Arsenal Festival (IBAF), foi a convidada principal e contou como tem sido planejar o evento que ocorrerá de 22 a 25 de junho em Kiev.
O International Book Arsenal Festival tem sido, desde 2011, a oportunidade da Ucrânia se envolver na cena literária internacional, apresentar seus projetos, livros e autores e receber os leitores com uma extensa programação. "Este ano, claro, o evento vai ser bem menor: menor espaço, menos programação, expositores e público. Mas entendemos que é importante realizarmos o evento e estamos colocando todos os esforços na segurança", disse Yuliia, acrescentando que há abrigos no local do evento onde as pessoas podem se proteger.Com menos convidados internacionais, Kozlovets fez um apelo para os mais de 70 participantes da sessão para que continuem apoiando o mercado editorial ucraniano. "Peço que nossos parceiros internacionais continuem trabalhando conosco, que conversem com a gente e nos incluam em suas negociações. Ainda somos um festival internacional porque temos parceiros que nos colocam em contato com o mundo", concluiu.
Além do Book Arsenal Festival, a Ucrânia continua com diversos projetos com o objetivo de expandir sua literatura e autores como, por exemplo, o projeto Ukrainian Literature: Rights On!, que tem como objetivo inspirar o interesse dos estrangeiros pelos livros ucranianos e permitir que os editores ucranianos comecem ou aumentem a exportação de livros do país.
Enquanto participava do The Hof em seu escritório, Yullia contou que horas antes o país sofreu mais um ataque e explicou há vários lugares em que ela poderia rapidamente se esconder e se proteger. "Tudo pode acontecer, mas estamos vivendo, trabalhando e fazendo o nosso melhor para apoiar as pessoas e nosso país", disse.
Quando perguntada sobre o que é ser editor de livros na Ucrânia, hoje, Yullia esclareceu: "Não é só publicar livros, não é só vender direitos, é muito mais que isso", disse. "Paralelamente estamos servindo ao exército, apoiando refugiados, ajudando os locais, nossos amigos... estamos fazendo nosso trabalho duas, três vezes mais", explicou.
No meio da guerra, Kozlovets disse ainda que as pessoas estão procurando por mais autores ucranianos porque elas querem ouvir histórias do seu país, sejam elas pessoais ou que falem sobre a guerra. "Elas querem entender como cada um está lidando com a situação e nós editores temos que fazer as pessoas ouvirem e falarem da gente".
"A Ucrânia vai vencer com o apoio de vocês, por favor, não sejam indiferentes", concluiu Yuliia.