Pode parecer incomum o título do artigo, mas o acaso traz ideias e acesso a novos conceitos nessa área, que soam estranhos quando unidos.
Direto ao ponto. O principal prédio da Biblioteca Pública da cidade de Nova Iorque, chamado Stephen A. Schwarzman Building, fica na 5ª Avenida, com a Rua 42; há outros 87 prédios espalhados pela cidade. Na calçada da Rua 41, pela qual também se acessa a Biblioteca, já visualizando o imponente prédio ao fundo, a cada 10 metros o público se depara com algumas placas de metal, incrustadas no chão, cada uma com uma citação literária, dos mais diferentes autores e estilos.Assim, quem se dirige ao prédio principal da Biblioteca já vai tendo o gosto de ler citações clássicas e contemporâneas, como de Hamilton, Descartes e Picasso, mostradas nas fotos a seguir.
A ideia é altamente salutar, pois o caminho para o prédio já estimula a curiosidade e atração, fazendo da calçada incomum suporte físico de leitura variada, durante o caminho, integrando literatura a mobiliário urbano.
E mesmo quem não se dirige ao prédio observa essas placas, num caso típico de interferência no entorno de imóvel relevante histórica e socialmente, fazendo da calçada elemento de interação com prédio público, estimulando sua visitação.
Em paralelo, o potencial de interações culturais com mobiliário urbano das cidades brasileiras com a população ainda não foi aproveitado, havendo espaço. As fachadas e empenas de prédio se prestam a murais, de visão mais destacada.Mas talvez essa intervenção setorial, como na adoção de quarteirões, ou cartazes em postes, possa ser estudada e desenvolvida no Brasil.
Já tive oportunidade comentar que o tempo de espera do público, parado nas estações de metrô, olhando para parede vazia, poderia ser ilustrado citações literárias – em domínio público para evitar problemas de eventuais questionamentos – enquanto os trens não passassem.
Também nos vagões as citações poderiam ser veiculadas nos monitores de vídeo.
São ideias simples, mas que despertam a atenção de quem gosta de literatura e dão oportunidade aos que desconhecem de entrar em contato com o novo.
Evoluindo no conceito, outra ideia que vi no Lincoln Center e outros teatros. Para se evitar a inclusão de marcas de patrocinadores em prédios tombados, a exibição desses sinais por meio da projeção de imagens contorna a exigência de preservação física do prédio, na medida em que a imagem é temporária e não afeta a estrutura ou acabamento dos prédios.
A vida pulsante dos grandes centros urbanos permite o saudável aproveitamento do mobiliário, sem afetar a estética do imóvel e de seu entorno.
Com a anunciada retomada do patrocínio via Lei Rouanet, presume-se que novos empreendimentos surgirão, e a criatividade, tanto no mundo físico, quanto no virtual, pode e deve ser utilizada, ainda mais em cidades que geram e fazem repercutir ideias no país.
As fotos permitem ver o chão de letras que se calçou em Nova Iorque. Quem sabe a proximidade de livrarias e bibliotecas possa ser sutilmente transmitida aos passantes?
Gustavo Martins de Almeida é carioca, advogado e professor. Tem mestrado em Direito pela UGF. Atua na área cível e de direito autoral. É também advogado do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e conselheiro do MAM-RIO. Em sua coluna, Gustavo Martins de Almeida aborda os reflexos jurídicos das novas formas e hábitos de transmissão de informações e de conhecimento. De forma coloquial, pretende esclarecer o mercado editorial acerca dos direitos que o afetam e expor a repercussão decorrente das sucessivas e relevantes inovações tecnológicas e de comportamento. Seu e-mail é gmapublish@gmail.com.
** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.
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