O Livro de Rua – iniciativa do escritor Hugo Barros, de Brasília, e agora finalista da categoria Inovação do Ano no Prêmio PublishNews 2023 – é um projeto que desenvolve livros ilustrados, com capa, ficha catalográfica e textos, em muros e calçadas da capital do país. As histórias são transferidas para o concreto pelas mãos de artistas do grafite e, mesmo com um formato inusitado, contam com produção gráfica, revisão, escolha do grafiteiro, entre outros processos editoriais de criação de um livro.

Os outros finalistas do Prêmio Inovação – uma parceria do PN com o Skeelo – são o projeto Rodovias Literárias, do Clube de Autores, e o BibliON, da SP Leituras (Associação Paulista de Bibliotecas e Leitura). A votação é aberta ao público. Os leitores podem acessar todos os projetos e votar por meio deste formulário até o fim do dia 28 de março de 2023. O projeto mais votado será o vencedor e será anunciado na cerimônia do Prêmio PN, no dia 4 de abril de 2023, no Goethe-Institut São Paulo (Rua Lisboa, 974), a partir das 18h30. Para participar da cerimônia, que tem entrada gratuita, basta se inscrever aqui.

Os livros ilustrados do projeto Livro de Rua são inéditos e a iniciativa visa a democratização do conteúdo e o incentivo à leitura, segundo o autor, já que estimula pais e crianças que não tem condições financeiras de comprar livros ou não tem hábito de frequentar bibliotecas. O grafite aqui é usado também para contar histórias em livros gigantescos, com comprimentos que chegam de 60 a 100 metros. A viabilidade econômica do projeto é apoiada em editais públicos de cultura.

A iniciativa é a primeira do mundo desta forma, de acordo com Barros, ilustrando e “imprimindo” livros a céu aberto. O projeto começou em um muro de posto de gasolina, mas agora já toma a Biblioteca Nacional de Brasilia e a Biblioteca Central da Universidade de Brasília, entre outros espaços. O projeto surgiu depois do autor Hugo Barros receber negativas de editoras para publicar seu primeiro livro, em meio a uma crise do mercado editorial entre 2017 e 2018. Depois de uma pesquisa, ele pensou em adaptar a história para as ruas, expondo nos muros a história de um menino em situação de vulnerabilidade social.

Desde a primeira publicação, o projeto já chamou a atenção – não pelo caráter de inovação comumente relacionado a tecnologia, mas sim pela sua criatividade. O público foi incentivado a visitar esses locais, e até escolas levaram seus alunos para “ler ao ar livre”.

O autor das obras, Hugo Barros, não teve reconhecimento apenas dos leitores, mas também do mercado e da academia. Primeiro, foi chamado para uma palestra sobre o assunto na Bienal do Livro de São Paulo, para falar sobre alternativas a meios de publicação. Ele também foi selecionado no ano de 2020 para integrar o mestrado sobre literatura infanto-juvenil, pesquisando sobre a materialidade do livro, na Universidade de Brasilia (UnB).

"Essa materialidade do livro sempre contribui com a história, mesmo que não tenha sido a intenção do autor", explica Hugo ao PN. "Essa forma de publicar mostrou, para mim, que um livro precisa ser pensado completo, em cada detalhezinho. Especialmente os livros ilustrados, que tem essa congruência de linguagens, entre texto e ilustração – mas não é só isso: falando de livro impresso, a capa, o tipo de papel, a fonte... nesse sentido, a autoria vai muito além do nome que está na capa", afirma. "É uma autoria coletiva. No mercado editorial, as pessoas percebem isso, mas o público não sabe. O Livro de Rua me fez mudar essa percepção".

O Prêmio PublishNews 2023 é uma realização do PublishNews, com patrocínio de Amazon, Catavento, CBL, MVB e Skeelo e apoio do Goethe-Institut e NESPE.