Como implementar as políticas públicas relacionadas ao livro e a leitura?
PublishNews, Talita Facchini, 06/09/2022
José Castilho Marques Neto, Raquel Menezes, Vitor Tavares e Eliana Gaiga discutiram o assunto no último sábado (03), dentro da programação do Flipoços

Durante a programação do Flipoços no último sábado, uma mesa reuniu Vitor Tavares, presidente da CBL; Raquel Menezes, editora da Oficina Raquel; e Eliana Gaiga, estudante de Biblioteconomia, para discutir a Lei da Política Nacional de Leitura e Escrita, também conhecida por Lei Castilho.

Mediada pelo próprio “homem da lei”, José Castilho Marques Neto, a discussão girou em torno das dificuldades de se implementar o decreto. “A lei está inerte desde a sua promulgação em julho de 2018. O Estado não se manifesta, mas ao mesmo tempo nós temos um movimento social, que envolve escritores, editores, livreiros, bibliotecários, ativistas da leitura, que continuam fazendo seu trabalho na sociedade civil e isso é muito importante, porque a democracia se faz, principalmente, pelo movimento real da sociedade e não apenas por indicações daqueles que estão responsáveis pela política em determinado período”, pontuou Castilho.

Com críticas a falta de ações concretas do atual Governo, a discussão tratou de pontuar o que pode e ainda precisa ser feito para que a lei passe a vigorar.

A importância da formação de leitores, a conscientização do povo e principalmente dos professores foram pontos unânimes abordados pelos presentes na mesa. “A formação de leitores é absolutamente estratégica para o desenvolvimento sustentável do país e para que nós possamos manter a nossa democracia”, frisou Castilho, sendo reforçado por Raquel. “Eu vejo a formação de leitores como o único modo possível pra gente. Eu acredito que só com a leitura e com a revolução que ela consegue promover é que vamos conseguir mudar alguma coisa”.

Ao abordar meios para fazer com que as políticas públicas do livro realmente funcionem, a conclusão que se tira é que nada irá para frente sem a conscientização do povo e, principalmente, de quem tem meios de fazer a diferença. “Os professores sabem o que é o Plano Nacional do Livro e Leitura? A gente já procurou fazer uma explanação para saber o que realmente precisa ser feito?”, questionou Raquel. “O que precisamos é fazer um processo educacional dentro do nosso próprio mercado”, finalizou.

Vitor Tavares sugeriu a criação de uma comissão dentro da CBL para que o setor possa discutir a lei e frisou a importância dos eventos literários, como o Flipoços, com o argumento da influência que eles têm na formação de leitores.

Estudante de biblioteconomia, Eliana trouxe para o debate a necessidade de uma integração multidisciplinar e de se criar bibliotecas que realmente atendam as necessidades das comunidades onde estão inseridas. “Não adianta só criar o hábito da leitura, precisamos trazer para eles a importância de se buscar o conhecimento para melhorar a vida de cada um, temos que pensar no coletivo e fazendo isso, participamos da democracia”. Ela acredita ainda que uma formação de base junto aos professores, alfabetização e letramento, traz para as crianças a vontade de ler mais. “Se estimularmos os jovens, eles vão levar isso para casa, e os pais vendo, começarão a participar mais com os filhos e a também estimulá-los dentro de casa”, concluiu.

Por fim, Castilho chamou atenção das entidades do livro e representantes do setor para colocarem as discussões sobre a lei em suas pautas. “A não ser que eu esteja muito desinformado, nenhum dos elos dessa cadeia têm se reunido para esse tema [da lei]. Esse debate não pode ficar adormecido. Precisamos de uma organização maior para podermos dialogar dentro do Governo”, finalizou.

[06/09/2022 11:00:00]