“Tendências do mercado” pode parecer uma frase feita, mas é de fato algo importante e uma das vantagens das feiras. No estande da Lituânia, estão convidando as pessoas para uma sessão de Yoga para Introvertidos. Em breve vou descobrir do que se trata, já que nunca pratiquei yoga e me julgo introvertido, mas deve ser alguma nova ideia para o mercado livreiro. Alguns editores de Londres estão investindo em livros militares, que vão desde a narrativa dos combates do ponto de vista militar até compilações de informações de armas, tanques e helicópteros de combate. Acredito que não seja algo para o público brasileiro, mas é nítido que está funcionando por aqui. Vou convidar alguém da sessão de livros militares para me acompanhar à sessão de yoga para introvertidos só para ver o que acontece!
Foi interessante também, no estande da Turquia, conversar sobre as novas ideias para o mercado de livros infantis, os Children’s Books. Pensando na competição com o celular, os livros por lá estão mais coloridos, usando cores mais fortes e são um pouco mais curtos. Os editores têm uma preocupação maior com a experiência tátil da criança com o livro. Adorei um livro que é vendido dentro de uma caixa, como se fosse um tabuleiro: usando o QR Code, que leva ao App, a criança em alfabetização monta o livro com um dos pais (ou o professor) e assim a história vai sendo construída. Por ser montável, o livro permite centenas de enredos diferentes, desde os clássicos, como Pinóquio e Cinderela, até o folclore da Turquia.
Diversas empresas na feira oferecem também serviços ligados a uso de dados e Inteligência Artificial. Passei uma hora conversando com o pessoal da DBS, que organizou, entre outros, a livraria da universidade de Oxford. A ideia é tornar as informações dos produtos mais fluida, dentro dos marketplaces, usando bancos de dados digitais. Prometem identificar com maior precisão o perfil do consumidor. Me parece algo com que toda editora e livraria, em alguns anos, vai precisar se preocupar.
A feira é também uma oportunidade para conhecer novos autores, que estão fazendo sucesso em diferentes partes do mundo. Na Rua do Sabão, eu e o Felipe Damorim estamos sempre buscando novos nomes, acessando listas de vendas e prêmios fora do Brasil. Contudo, é um trabalho exaustivo, e muitas vezes infrutífero. Em Londres, passeando por um dos corredores do Olympia, local onde a feira acontece, é possível não apenas descobrir quem são os novos e interessantes nomes da literatura do Japão, Lituânia, Estônia, os HQs premiados da Polônia e autores de livros infantis da Índia, como imediatamente estabelecer o contato com o editor e quem sabe fazer uma oferta. É uma imensa vantagem, especialmente para quem passou os últimos seis meses enviando e recebendo e-mails, dia após dia, até assinar um contrato.
Para o dia de hoje, ainda pretendo conversar com a Nicole Witt, da Mertin Litag, agência literária que representa diversos autores brasileiros premiados, e o editor francês Raphaël Thierry, da Astier-Pécher, que quer me apresentar um autor tunisiano. Pensando bem, talvez falte tempo para a sessão de yoga...
