É nesse contexto que Merval Pereira chega à presidência da Academia Brasileira de Letras. Colunista do jornal O Globo e comentarista da GloboNews e da CBN, o jornalista e escritor foi eleito no último dia 2, em uma chapa formada por Nélida Piñon (secretária-geral), Joaquim Falcão (primeiro-secretário), Celso Lafer (segundo) e Evaldo Cabral de Mello (tesoureiro). Em março, será realizada a cerimônia oficial de posse.
Autor dos livros Mensalão: o dia a dia do maior julgamento da história da política do Brasil, O Lulismo no Poder, A segunda guerra: sucessão de Geisel (co-autoria de André Gustavo Stumpf) e Dasafios da Democracia, Merval tem 72 anos e chegou à ABL em 2011. Nesta quinta-feira (16), o dia do tradicional chá, o recém-eleito presidente ganhará mais um colega. Em sessão híbrida no Petit Trianon, sede da instituição, no Rio de Janeiro, a Academia elegerá um novo ocupante para a cadeira 2. É a quinta e última eleição deste ano, ao longo do qual se integraram à ABL a atriz Fernanda Montenegro, o compositor e cantor Gilberto Gil, o neurocirurgião Paulo Niemeyer e o romancista e advogado José Paulo Cavalcanti.
PublishNews: Quais são as principais marcas que o senhor pretende imprimir à sua gestão?
Merval Pereira: A continuidade ao trabalho anterior, que a cada diretoria vai sendo aprofundado. Pretendemos aumentar o alcance de nossas atividades através das redes sociais; entregar um Dicionário da Língua Portuguesa que seja referência; continuar aumentando a diversidade cultural da ABL; e atuar firmemente na defesa da cultura brasileira, relegada e maltratada pelo governo.
PN: O ingresso de Fernanda Montenegro e Gilberto Gil na ABL foi muito comentado. Qual é o significado de tê-los como imortais?
MP: Justamente aumentar a diversidade da Casa. Fernanda e Gil são ícones da cultura brasileira e representam ramos dessa cultura que ampliam a abrangência da ABL. O objetivo da Academia é aumentar a representatividade da sua formação, que se baseia na tese de Joaquim Nabuco de que ela deve abrigar não apenas literatos, mas notáveis de diversas atividades culturais.
PN: Segundo o mais recente “Painel do Varejo de Livros no Brasil”, em 2021 a venda de livros no país cresceu 33% em volume e 31% em faturamento, na comparação com o ano passado. Que leitura o senhor faz desses dados e do cenário do mercado editorial, incluindo os impactos provocados pelo e-commerce e pelos livros digitais nas livrarias e livros físicos?
MP: É animador saber que a pandemia teve esse lado bom, o de fazer com que mais pessoas se afeiçoassem à leitura. Acho que qualquer plataforma serve para a leitura; o importante é o conteúdo. O mesmo acontece com o jornalismo, que está se transformando em digital. Nós vamos reabrir a Livraria Acadêmica, que venderá as obras de acadêmicos editadas pela ABL, e pretendemos que esses livros estejam à venda, juntamente com a Revista Brasileira, nas livrarias.