A evolução do conteúdo educacional e o suporte a projetos comunitários na África
PublishNews, Talita Facchini, 03/11/2021
Os temas foram discutidos no terceiro dia da Publishers Conference, em Sharjah

A 11ª edição da Publishers Conference da Feira do Livro de Sharjah trouxe para o seu último dia de palestras, discussões sobre os desafios e a evolução do conteúdo educacional e ainda, os projetos escolhidos pelo African Publishing Inovation Fund.

A indústria editorial educacional mostrou grande resiliência no auge da pandemia, mas a principal questão é: como ela evoluiu? E como tem lidado com a evolução e inclusão do digital? Moderada por Jose Borghino, Secretário-Geral da IPA, a primeira mesa do dia trouxe especialistas para discutir a questão.

Nitasha Devasar, diretora administrativa da Taylor and Francis e presidente da Associação de Editores da Índia, destacou que a inclusão do digital nesse setor provocou uma mudança de percepção do produto e fez com que os editores tivessem que entender mais rapidamente, as necessidades dos consumidores. “O foco agora está no valor que as ferramentas de aprendizagem fornecem aos usuários”, concluiu.

Mesmo com a introdução dos recursos digitais no sistema de ensino, os palestrantes frisaram que o impresso ainda tem sua importância e que o grande segredo é fazer com que os diferentes formatos trabalhem juntos. “Sentir e cheirar o livro é algo que não deve ser substituído. As diversas mídias que temos hoje podem sim trabalhar juntas para ‘completar o pacote’ e dar uma melhor experiência para os leitores”, disse Dra. Neelam Parmar, diretora de educação e aprendizagem digital da Harrow International Schools, no Reino Unido.

O apoio do Africa Publishing Inovation Fund no acesso aos livros e a cultura

O segundo painel do dia recebeu representantes dos cinco projetos selecionados para o ciclo 2021 do Africa Publishing Inovation Fund (APIF), um programa de subsídios de $ 800 mil financiado pela Dubai Cares e administrado pela IPA.

A conversa explorou como esses projetos estão ajudando diferentes comunidades africanas a melhorarem a educação, engajamento pela leitura e empoderamento.

Com o fundo, um dos projetos em uma comunidade rural região de Zanzibar, na Tanzânia, conseguiu transformar conteiners em bibliotecas totalmente equipadas. Alison Tweed, CEO da Book Aid International, explicou que o projeto ainda conta com o suporte das editoras, que doam livros e que é “extraordinário ver as mudanças que o projeto está trazendo para as crianças e famílias” já que muitas delas estão tendo o seu primeiro acesso aos livros.

O mesmo acontece com o projeto em Ruanda administrado por Catherine Uwimana, da organização Sabe the Children International. Lá, o fundo financiou a criação de oito bibliotecas comunitárias, além de fornecer dispositivos digitais para ajudar na educação das crianças. Ainda segundo Caherine, mais de um milhão de crianças também recebem conteúdo educacional via rádio – que tem um maior alcance no país.

Em outros lugares, o fundo também permitiu a criação e manutenção de espaços inteiros que fornecem livros, atividades educacionais e dispositivos digitais para integrar a comunidade e fazer com que o interesse pelos livros surja desde cedo nas crianças. “A AIPF ajudou a nossa startup sem fins lucrativos crescer e ter um impacto poderoso nas vidas de meninas em risco cujas condições foram agravadas pela pandemia. Ao apoiar a educação e fornecer material de leitura por meio de bibliotecas, acesso a programas de aprendizagem e orientação digital, as meninas estão sendo capacitadas para crescer e dar retorno à sociedade”, contou Kumuriwor Alira Bushiratu, aluna e cofundadora da Learners Girls Foundation, em Gana.

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[03/11/2021 08:00:00]