Varejo de livros cresce em 2020, aponta GfK
PublishNews, Leonardo Neto, 29/01/2021
Crescimento apontado pelo instituto de pesquisa é de 2% em faturamento e de 4% em número de exemplares

Se, no fim do primeiro trimestre de 2020, alguém falasse que o varejo de livros cresceria ao longo do ano, poderia ser classificado de louco. Entre março e abril, o esse setor da economia caiu mais de 40% por conta das medidas de isolamento social e, no ano marcado profundamente pela pandemia do covid-19, ninguém poderia supor que – em termos gerais – houvesse crescimento tanto no número de exemplares vendidos quanto do faturamento apurado por livrarias, supermercados e lojas de autoatendimento com a venda de livros. Pois a GfK acaba de apresentar os resultados do seu relatório realizado em parceria com a Associação Nacional de Livrarias (ANL) e mostra ali que houve crescimento de 4% no número de exemplares vendidos e de 2% (sem considerar aqui a inflação no período que foi de 4,23%, segundo o IPCA) em faturamento. Em números absolutos, o instituto apurou a venda de 50,9 milhões de unidades o que totalizou faturamento de R$ 2,15 bilhões.

O preço médio do livro ao consumidor ficou 2% menor em 2020 e o patamar de descontos aplicados pelos estabelecimentos comerciais fechou o ano em 19,4%, 3,5 pontos percentuais acima do registrado em 2019.

O relatório informa que 74,1% das vendas do ano aconteceram em livrarias, mas não especifica quanto disso foi em livrarias exclusivamente virtuais. De acordo com fontes ouvidas pelo PublishNews, é facilmente comprovado que esse segmento – representado em grande parte pela Amazon e pelo Submarino – ganhou musculatura em 2020.

Para Bernardo Gurbanov, presidente da ANL, foi um ano de reinvenção que acelerou o processo de digitalização das livrarias que tradicionalmente focavam seus negócios em suas lojas de argamassa e tijolos. “As livrarias estão se conscientizando, cada vez mais, da necessidade de aproveitamento desses recursos para minimizar o impacto na queda de vendas e até para impulsioná-las novamente. Estamos caminhando para um modelo híbrido, em que as livrarias precisam trabalhar entre o mundo físico e o mundo virtual, comunicando-se das mais variadas formas com seu cliente e nesse novo cenário, a ANL quer ser um facilitador”, analisou.

O relatório traz consolidados os resultados do último bimestre de 2020. Novembro – mês da Black Friday – mostrou recuperação do mercado, com crescimento de 21% em unidades e 23% em faturamento contra o mesmo período do ano passado. Dezembro, também, acompanhou essa recuperação do mercado, com crescimento de 31% em unidades e 28% em faturamento na mesma base de comparação.

No ano, a GfK apontou crescimento de 62% na venda de livros de Ciências e de 24% nos de Literatura Estrangeira. Religiões / Crenças / Esoterismo também apresentou variação positiva de 16%. No outro prato da balança, ficaram as categorias Direito (-31%) e Concursos Públicos (-29%) que foram as que mais sofreram.

Gurbanov olha para o futuro com otimismo: “Para 2021 esperamos um ano mais estável, apesar da persistência da pandemia, com profissionais do setor cada vez mais criativos e leitores cada vez mais conscientes de que a leitura é uma atividade nutritiva, tanto no aspecto espiritual e emocional como no campo do conhecimento”.

Clique aqui para baixar a íntegra do relatório.

[29/01/2021 10:17:57]