IPA se manifesta contrária à tributação do livro
PublishNews, Redação, 02/09/2020
Em documento, a Associação Internacional de Editores alerta que a incidência da CBS sobre os livros é ‘um retrocesso que prejudicará as editoras locais, além de minar os programas de alfabetização no país’

Associação Internacional de Editores pede ao governo brasileiro que desista de tributar o livro | © Divulgação / Bienal Internacional do Livro Rio
Associação Internacional de Editores pede ao governo brasileiro que desista de tributar o livro | © Divulgação / Bienal Internacional do Livro Rio
A International Publishers Association (IPA) divulgou nesta quarta-feira (02) um documento em que pede ao governo brasileiro para desistir de tributar o livro, com a implantação da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), que consta na reforma tributária em análise no Congresso. Pela proposta, o livro deixará de ser isento da contribuição que substituirá o PIS/Cofins dos quais é isento desde 2004. “Os livros são ativos estratégicos que impulsionam a economia do conhecimento, facilitam a mobilidade social ascendente, bem como o crescimento pessoal, e trazem benefícios sociais, culturais e econômicos generalizados”, diz o documento.

O manifesto observa que a pandemia do covid-19 impactou de forma dramática o setor editorial em todo o mundo, tornando o setor ainda mais frágil. “As editoras sofreram em todos os lugares, e o Brasil não é exceção”, diz o documento que cita números da Nielsen que registrou queda de 47,6% em maio, auge da pandemia no país.

Além de defender a isenção do tributo, a IPA pede ao governo brasileiro que busque soluções positivas para apoiar seus editores e cita iniciativas de outros países que distribuíram vouchers de leitura, aumentaram investimentos em orçamentos de bibliotecas, designaram livros como “essenciais”, permitindo a abertura de livrarias, mesmo durante os períodos de fechamento do comércio.

O documento trouxe ainda uma declaração de José Borghino, secretário-geral da entidade que agrega editores de todo o globo: “A IPA tem incentivado os governos, nos últimos anos, a aderirem às propostas de livros com taxas zero. Os livros são fundamentais para criar a economia do conhecimento do futuro, mas o mercado de livros é altamente sensível ao preço. Qualquer aumento no custo, por menor que seja, pode causar sérios prejuízos às vendas e, portanto, ao investimento. Para apoiar a economia do conhecimento, encorajar a leitura e promover os benefícios da educação ao longo da vida, a IPA recomenda a taxa zero de IVA para todos os livros. Os planos relatados pelo governo brasileiro são um retrocesso que prejudicará as editoras locais, além de minar os programas de alfabetização no país.”

Leia abaixo a íntegra do documento

IPA pede ao governo brasileiro que resista às alterações do IVA para livros

A International Publishers Association (IPA) apela ao governo brasileiro que apoie a indústria do livro e cancele imediatamente os planos de impor um Imposto sobre o Valor Agregado (IVA) sobre os livros.

A IPA apoia a atual taxa zero de IVA do Brasil em livros de todos os formatos: impresso, e-book, áudio e acessível. Os livros são ativos estratégicos que impulsionam a economia do conhecimento, facilitam a mobilidade social ascendente, bem como o crescimento pessoal, e trazem benefícios sociais, culturais e econômicos generalizados.

Atualmente, quase todo o continente latino-americano concorda com essa posição e com a isenção total para os livros. Se o Brasil contrariar essa tendência e impor um IVA sobre os livros, se juntará apenas ao Chile e à Guatemala. Recentemente, a UE iniciou um processo de redução das taxas de IVA, alinhando os e-books à taxa dos livros físicos. De fato, no início deste ano, os governos búlgaro e britânico usaram o IVA como forma de apoiar seus editores durante o fechamento das lojas (lockdown) devido à Covid-19. O governo búlgaro cortou o IVA sobre livros físicos e e-books até dezembro de 2021; e o governo do Reino Unido antecipou para maio o seu plano de taxa zero de e-books, antes agendado para dezembro de 2020.

A pandemia de Covid-19 teve um impacto dramático no setor editorial em todo o mundo. Lockdown, fechamentos de livrarias e redes de distribuição interrompidas afetaram severamente o mercado. As editoras de livros didáticos tiveram que enfrentar o fechamento de escolas e a imposição do ensino em casa. Milhares de artigos de pesquisa relacionados ao Coronavírus foram disponibilizados gratuitamente por editores científicos.

As editoras sofreram em todos os lugares, e o Brasil não é exceção. De acordo com os números da Nielsen Bookscan, no auge da crise (maio de 2020), o mercado brasileiro de livros estava 47,6% abaixo do nível de 2019. Apesar da recuperação, esse mercado ainda está 6,8% menor que no ano passado.

Em vez de uma medida regressiva, como a imposição de um IVA sobre os livros, a IPA urge que o governo brasileiro busque outras soluções positivas para apoiar seus editores. Essas iniciativas governamentais em todo o mundo incluem vouchers de leitura, aumento do investimento em orçamentos de biblioteca, designação de livros como "essenciais" e a permissão para que as livrarias reabram durante o bloqueio. Tais propostas acompanham esquemas de apoio industrial mais gerais, como licenças, isenções fiscais e programas de apoio às PME.

O Secretário-Geral da IPA, José Borghino, afirma: “A IPA tem incentivado os governos, nos últimos anos, a aderirem às propostas de livros com taxas zero. Os livros são fundamentais para criar a economia do conhecimento do futuro, mas o mercado de livros é altamente sensível ao preço. Qualquer aumento no custo, por menor que seja, pode causar sérios prejuízos às vendas e, portanto, ao investimento. Para apoiar a economia do conhecimento, encorajar a leitura e promover os benefícios da educação ao longo da vida, a IPA recomenda a taxa zero de IVA para todos os livros. Os planos relatados pelo governo brasileiro são um retrocesso que prejudicará as editoras locais, além de minar os programas de alfabetização no país.”

Tags: CBS, IPA, reoneração
[02/09/2020 09:40:00]