Como os clubes de livros podem ajudar uma editora?
PublishNews, Fernanda Grabauska*, 11/10/2019
Em seu artigo, Fernanda fala sobre o crescimento e as vantagens dos clubes de assinaturas de livros

Em tempos de insegurança no mercado, qualquer novo empreendimento é cercado de certa desconfiança quando entra em cena. Presentes há tempo considerável, mas certamente jovens em relação ao negócio que integram, clubes de assinatura têm encontrado seu espaço não tanto entre as editoras, mas ao lado delas.

Se, cinco anos atrás, o modelo de clubes de assinatura era encarado com cinismo, o movimento agora é o inverso: as caixinhas de livro se tornaram um mercado milionário e as empresas que as enviam, parceiras desejáveis. Os contingentes de leitura atendidas por clubes como TAG e Leiturinha cresceram e vicejam, muito a despeito dos pífios números de leitura no Brasil.

Mas o que os clubes de livros têm a oferecer para as editoras? O aporte financeiro é uma das vantagens óbvias – sem o risco que se corre com consignação, a renda de cada projeto tem data certa para entrar. O lucro não é tudo, entretanto. Diria que clubes de livros atuam também como scouts com um índice de 100% de sucesso: apresentam novos títulos às editoras enquanto já garantem uma edição inteira, muitas vezes superando os 20 mil exemplares, esgotada na pré-venda. O sucesso de tal edição, depois disso, pode se transformar em argumento de venda para o comercial.

O conhecimento de público é outro ponto de contato entre clubes e editoras. É sabido que muitos dos clubes contam com grupos de discussão – estejam eles em aplicativos, redes sociais ou, como nos velhos tempos, em reuniões presenciais. Essa inteligência, que engloba a visão do usuário a respeito não só da história que o livro conta, mas de sua edição e de seu design, é traduzida em números e pode ser grande amiga da editora na hora de posicionar seu produto em comunicação digital e também nas livrarias. A pulverização do público que frequenta pontos de venda físicos acaba sendo menos dificultosa quando se está municiado de informações certeiras a respeito do consumidor que se procura.

Por último – e talvez mais interessante -, o negócio dos clubes é democrático. Qualquer editora, grande ou pequena, pode ser parceira. Basta ter tino para o público e vontade de trabalhar.

Quem diria que um hábito tão particular e solitário como o consumo de literatura poderia passar por uma revolução tão intensa? Há cinco anos, arrisco que ninguém. Mas hoje... aposto que seus olhos estão à frente, perguntando-se o que vem por aí.


* Fernanda Grabauska é editora de ficção da TAG - Experiências Literárias. Jornalista de formação com passagem pelas editorias de Mundo e Cultura do jornal Zero Hora, em Porto Alegre.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do PublishNews.

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[11/10/2019 09:00:00]