Um ano rentável para as maiores editoras do mundo
PublishNews, Jim Milliot*, 30/04/2019
As fortes vendas de audiolivros e do catálogo colocaram as grandes editoras no azul em 2018

Os lucros subiram em 2018 em relação a 2017 em quatro das cinco principais editoras que divulgam suas informações financeiras – e a única empresa em que os lucros caíram, a Lagardère Publishing, informou um aumento nos lucros em sua subsidiária norte-americana, a Hachette Book Group. As margens operacionais caíram na Lagardère e diminuíram 10 pontos percentuais na Penguin Random House, mas subiram nas outras três empresas. As sólidas vendas de catálogo e fortes vendas de audiolivros foram citadas por quatro das cinco editoras como principais geradores de receita no ano, embora as vendas de e-books tenham caído.

A Bertelsmann, controladora da PRH, foi a última das principais editoras a divulgar resultados, anunciando na semana passada que a receita da PRH cresceu 1,9% em 2018 em relação a 2017 e os rendimentos aumentaram 1,3%. A receita total foi de € 3,42 bilhões (US$ 3,87 bilhões), ante € 3,36 bilhões em 2017, enquanto o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) subiu para € 528 milhões, dos € 521 milhões anteriores.

A Bertelsmann disse que o “crescimento orgânico” da PRH foi de 1,3%, enquanto as aquisições adicionaram 4,6% ao ganho de receita. As aquisições no ano incluíram a compra do grupo Rodale Books pela PRH EUA no início de 2018. O efeito negativo das taxas de juros reduziu a receita em 4,2%. O crescimento orgânico foi impulsionado por um “forte desempenho de best-sellers”, disse Bertelsmann, liderado por vendas de sete milhões de cópias no ano de Becoming (o livro de memórias de Michelle Obama vendeu mais três milhões de exemplares desde o início de 2019) e pelos audiolivros que, segundo a Bertelsmann, “cresceu substancialmente em todos os principais mercados”.

A Bertelsmann não separou as vendas nos EUA, mas seu relatório anual mostrou que os EUA responderam por 57,4% de toda a receita da PRH (cerca de US$ 2,2 bilhões ou 8,66 bilhões de reais), acima dos 56,3% de 2017. Além de se beneficiar com os lançamentos best-sellers, a PRH foi ajudada pelas vendas de mais de 11 milhões de cópias de livros infantis do Dr. Seuss nos EUA.

Parte dos crescimentos dos lucros das cinco maiores editoras do mundo veio das vendas de audiolivros | © Feira do Livro de Frankfurt
Parte dos crescimentos dos lucros das cinco maiores editoras do mundo veio das vendas de audiolivros | © Feira do Livro de Frankfurt
Com base nas vendas dos dois primeiros meses de 2019, “já estamos em uma trajetória de crescimento”, escreveu o CEO da PRH, Markus Dohle, em uma carta aos funcionários. Seu objetivo nos próximos anos, acrescenta Dohle, é “crescer acima da média do mercado – organicamente e por meio de aquisições – especialmente em categorias que estão se expandindo, como audiolivros e infantis – e, claro, nos beneficiar da publicação ótimas novidades e do crescimento de nosso rico catálogo – tanto de ficção quanto de não ficção”. (Na última quarta-feira, a PRH comprou a editora infantil Little Tiger Group, do Reino Unido).

A HarperCollins teve o melhor desempenho geral entre as cinco maiores editoras de capital aberto com um forte aumento dos lucros, que saltaram 33,7% em 2018 em relação a 2017. A HC foi ajudada por um acordo de licenciamento de US$ 28 milhões da trilogia do Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien, a maioria dos quais entrou no resultado. As fortes vendas de catálogo também contribuíram para a receita e os ganhos, assim como vários títulos cristãos e dois livros de Joanna Gaines – Magnolia Table e Homebody. Com o crescimento de dois dígitos dos audiolivros compensando a queda dos e-books, as vendas de conteúdo digital representaram cerca de 20% da receita total da HC no ano passado.

Embora as vendas e os lucros tenham caído na Lagardère Publishing em 2018, a receita da HBG aumentou 3,7% em relação a 2017 e os ganhos subiram em um valor não especificado. O CEO da HBG, Michael Pietsch, atribuiu o aumento do lucro a “excelentes publicações de nossas divisões, sólido crescimento de receita, um aumento contínuo nas vendas de áudio para download e um forte desempenho do nosso catálogo”. Os resultados da HBG também refletiram uma pequena contribuição da Worthy Publishing, que foi adquirida em setembro passado. No geral, os EUA e o Canadá responderam por 29% da receita total da Lagardère Publishing em 2018 (cerca de US$ 736 milhões ou 2,88 bilhões de reais), em comparação com os 27% em 2017.

Embora os lucros tenham crescido nos EUA, a Lagardère atribuiu sua queda geral de lucros principalmente a uma “queda acentuada” nos resultados educacionais na França, Espanha e Reino Unido. A empresa informou que as vendas de audiolivros aumentaram 30% em suas operações editoriais e foram responsáveis por 2,7% da receita total, em comparação com os 2% do ano anterior. As vendas de e-books caíram nos EUA e no Reino Unido, mas ainda representaram 7,9% da receita, no mesmo nível das vendas de 2017.

Na Simon & Schuster, o lucro operacional subiu 5,9%, apesar de um leve declínio na receita. A divisão de crescimento mais rápido da S&S foi seu grupo de áudio, onde os ganhos com as vendas atingiram dois dígitos, informou a CEO Carolyn Reidy. O aumento nos audiolivros compensa a queda nos e-books e a contribuição do conteúdo digital para as vendas totais da S&S aumentou em meio ponto percentual no ano. “As vendas do catálogo representaram uma parcela maior de nossa receita do que em qualquer momento no ano passado", disse Reidy, observando que foi um elemento importante para melhorar os lucros. Um fator que prejudicou as vendas totais em 2018 foi um quarto trimestre moderado, devido em parte às questões de capacidade de impressão em torno do Natal. A falta de capacidade de impressão foi uma preocupação para todas as editoras no final do ano.

O grupo comercial da Houghton Mifflin Harcourt obteve lucro em 2018 – depois de perder US$ 2 milhões em 2017 – com as vendas aumentando 10,6%. O aumento deveu-se principalmente à receita de licenciamento de novos contratos para 1984 e A Revolução dos Bichos de George Orwell. A HMH Trade também se beneficiou das sólidas vendas da série Little Blue Truck, Instant Pot Miracle e da série Whole30. Como compensação das vendas de maiores de livros impressos, houve uma queda nas de e-books. No início de 2019, a HMH anunciou que ia pegar o bonde dos audiolivros, criando a HMH Audio, que publicará cerca de 75 títulos por ano.


* Jim Milliot é diretor editorial da Publishers Weekly

** Matéria originalmente publicada na Publishers Weekly. Clique aqui para ler o texto original.

Tags: EUA
[30/04/2019 06:00:00]