Palavra-chave-mágica
PublishNews, Ricardo Costa*, 27/03/2018
Ricardo Costa chama Bruno Mendes e juntos eles reúnem dicas de como usar as palavras-chave na hora de preencher o cadastro de metadados do seu livro

A menos que o seu livro seja o Manual de bruxaria da Maga Patalógica e Madame Mim, não estamos falando aqui de “abracadabra” ou “hocus-pocus”. Mas acredite, as palavras-chave podem ser mágicas! Elas podem levar o seu livro a um novo e mais elevado nível de "encontrabilidade"!

Convidei meu amigo Bruno Mendes, do #coisadelivreiro e colunista do PublishNews, pra contribuir com sua expertise sobre essa magia toda, mas tem tanto assunto pra falar que vamos dividir em dois textos. Então, com vocês, Palavras-chave-mágicas I — uma aula sobre o tema. Se liga aí!

Quem já leu os meus primeiros artigos (e colocou o que sugiro lá em prática) já pode ser considerado um "ninja dos metadados". Então é chegada a hora de incluir as informações em sua obra. Sentindo-se confiante, corre para as palavras-chave e pensa: "Quanto mais palavras eu puser aqui, mais facilmente serei encontrado. Certo?" Errado.

Da ficha catalográfica às tags de uma campanha no Facebook, lá estarão elas, as palavras-chave fora de contexto.

É comum imaginar que a quantidade de dados torna seu produto mais evidente para o leitor/consumidor. Em parte, essa teoria está correta. No entanto, o processo de "flodar" (flood é um termo em inglês que significa “encher” ou “inundar”) seus metadados fará com que mecanismos de busca, como o Google, ignorem sua página. Já o efeito dentro de páginas do varejo, caso eles não possuam algum tipo de proteção contra o excesso de palavras-chave fora de contexto, é ainda mais complexo. Tente imaginar que apareça, para um leitor buscando um livro de gastronomia, um livro sobre Kama Sutra (sim, isso é real). Evidente que alguém colocou palavras-chave que remetem a outro contexto. Isso, além frustrar o cliente que está procurando de fato gastronomia, acaba prejudicando a credibilidade do sistema de busca da varejista. Imagino que você já deva ter entrado em algum site que apresentava tudo, menos o que você estava procurando - e quase sempre apareciam obras que não possuíam nenhuma relação com o tema, o autor ou até mesmo o gênero.

Então, como devo fazer?

Costumo dizer que palavra-chave e contexto são como uma boa canção. Você canta duas palavras e logo a terceira virá, quase naturalmente, rimando.

O segredo é imaginar a jornada do leitor nesse caso. Como ele poderá procurar a sua obra?

Vamos usar a música como exemplo de preenchimento das “palavras-mágicas”:

No nosso primeiro exemplo, temos o editor generalista, que quer muito aparecer em mecanismos de busca. Então ele se inspira no nosso querido Djavan e escreve: "Açaí, guardiã / Zum de besouro, um ímã".

Podemos concordar que, nesse caso, é complexo entender o contexto exato do que está acontecendo (A canção é linda e não estamos julgando qualquer questão musical).

Já o editor que entende o contexto da sua obra e sabe que quantidade não é o segredo, mas sim qualidade e sentido, vai de Belchior e escreve: "Presentemente eu posso me considerar um sujeito de sorte, porque apesar de muito moço me sinto são e salvo e forte".

São dois exemplos que pontuam a clareza. Seja honesto: você conseguiu entender o que Djavan queria transmitir com suas palavras? Essa sensação que você tem agora, de não entender nada, é a mesma que alguém que busca um determinado produto sente ao ler resultados completamente distintos daqueles que pretendia. Agora, vamos à música de Belchior. Ele considera um sujeito de sorte. Qual seria a pergunta seguinte a essa afirmação. "Por quê?", não é mesmo? E ele diz: porque, apesar de tão moço, se sente são, salvo e forte. Temos aí uma definição bem clara do que devemos considerar na hora de mapear o contexto.

Vamos à prática? O que fazer:

Ponha-se no lugar do consumidor / leitor. Tente rascunhar como você faria a pesquisa em um buscador:

  1. Combine palavras-chave na ordem que fará mais sentido para o leitor;
  2. A lista de opções deve ser assertiva;
  3. Teste o mecanismo de busca e veja se precisa fazer algum tipo de ajuste.

O que NÃO fazer

  1. Não faça das palavras-chave um Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP);
  2. Não jogue palavras aleatórias e sem sentido lógico;
  3. Não repita infinitamente a palavra;
  4. Não jogue as palavras nos campos, chutando o que vem à mente, sem pensar antes.

Bem, amigos, o mais interessante é que essas dicas podem ser usadas em diversos campos, desde o preenchimento numa plataforma de metadados até em redes sociais, campanhas de remarketing e afins. Mas isso é pauta para outro momento.

Bom, agora você já tem o chão pra começar a construir seu mundo de palavras-chave. No próximo artigo a gente vai falar sobre o que não colocar como palavra-chave, o que pode ser incluído, mais algumas dicas sobre como identificar essas palavras… Como pode ver, assunto não falta neste tema. Aguenta mais uns dias que a gente volta com mais informação!

Grande abraço e bons negócios.


* Ricardo Costa é Managing Director do Metabooks no Brasil. Por seis anos, foi sócio-diretor do PublishNews. Além de um apaixonado pelo mundo do livro, é viciado em séries de TV e se mete a cozinheiro (sim, cozinheiro, porque “chef” agora é coisa de TV) nas horas vagas, que são poucas! Ricardo é formado em Análise de Sistemas e tem especialização em Publishing, com experiência em desenvolvimento de negócios no mercado editorial. Trabalhou por seis anos como diretor editorial e de marketing e outros três anos como consultor em desenvolvimento de negócios editoriais; antes disso, foi gerente de produto na HBO Brasil.

[27/03/2018 06:00:00]