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Um olho na Flip e outro por aí...
PublishNews, Volnei Canônica, 1º/08/2017
Volnei Canônica voltou de Paraty e faz um balanço do que viu na Flip, dando especial enfoque nos debates sobre políticas públicas do livro realizados nos dias do evento

Volnei Canônica mediou mesa sobre políticas públicas na Casa Paraty. A mesa contou com Luis Antônio Torelli, da CBL, Cristian Brayner, do MinC, e com a senadora Fátima Bezerra | © Julio Vilela
Volnei Canônica mediou mesa sobre políticas públicas na Casa Paraty. A mesa contou com Luis Antônio Torelli, da CBL, Cristian Brayner, do MinC, e com a senadora Fátima Bezerra | © Julio Vilela
Como tudo gira em rotação e translação ao mesmo tempo, este colunista resolveu trabalhar às vezes em forma de notas, outras vezes em forma de artigo. A Festa Literária Internacional de Paraty – Flip ainda reverbera. Apresento aqui minha opinião sobre o que vi, vivi e me contaram. Mas também quero trazer coisas que estão acontecendo por aí e às quais precisamos estar atentos.

A Flip do livro, da leitura, das políticas públicas…

A Câmara Brasileira do Livro (CBL) assumiu um papel fundamental nesta Flip, organizando várias mesas de políticas públicas na áreas do Livro e da Leitura. Sem políticas de Estado corremos o risco de acabar sem eventos literários, no futuro.

Há três anos, a presença da senadora Fátima Bezerra (PT) e do deputado federal Rafael Motta (PSB) durante a Flip tem trazido um diálogo mais próximo da sociedade com as instituições do legislativo. Ambos têm em sua pauta a Educação, a Cultura, com destaque para o Livro e a Leitura. Os dois políticos são do Estado do Rio Grande do Norte, necessitamos, que políticos de outros estados se façam presentes para discutir esta pauta e não só para tirar foto ou angariar votos.

Mansur Basit, secretário da Economia da Cultura do MinC, também marcou presença nesta Festa e mostrou em sua fala na mesa do Sesc o quanto a Cultura pode contribuir para a mudança do atual cenário econômico.

André Lazaroni, secretário de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, está fazendo a sua parte. Descobri nesta Flip que o secretário tem acompanhado todas as plenárias do Plano Estadual do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (PELLLB). Este é um ato que dá respaldo político e mostra o quanto é importante a construção de uma política com a participação da sociedade civil.

A cadeira de secretário-executivo do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) ficou um ano e dois meses vaga depois da saída de José Castilho Marques Neto. Na última semana foi anunciada a nomeação de Renata Costa para o lugar. A carioca Renata é atuante na área e está à frente do processo de construção do PELLLB. Entre as ações a ela atribuídas, a prioridade seria, além de recompor o conselho diretivo e o conselho consultivo do PNLL, promover a articulação com a Câmara dos Deputados para conseguir a aprovação, até dezembro deste ano, do projeto de lei 212/16 que institui a Política Nacional do Livro e Leitura [a Lei Castilho]. A não aprovação do projeto acarretaria o retrocesso de todo um processo iniciado em 2003 e discutido exaustivamente com a sociedade civil.

A programação da Flip deste ano foi uma das melhores. Mas não podemos deixar de chamar atenção para a programação paralela de instituições que abriram suas casas, superando todas as dificuldades financeiras. Não consegui participar de todas, mas não posso deixar de destacar algumas: Folha, Libre & Nuvens de Livros, Paratodos, Santa Rita da Cassia, Sesc e PublishNews. Parabéns!

Cristian Brayner durante a sua participação na mesa 'Enquanto isso em Brasília: o livro e as políticas públicas' | © Julio Vilela
Cristian Brayner durante a sua participação na mesa 'Enquanto isso em Brasília: o livro e as políticas públicas' | © Julio Vilela

Preocupante...

O Diretor do Departamento do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas do MinC, Cristian Brayner, revelou na mesa da Casa PublishNews que o orçamento da sua pasta é de apenas R$ 500 mil. Apesar de o diretor sustentar que na gestão Temer todos os ministros da Cultura disseram e dizem que vão priorizar as bibliotecas, fica difícil de acreditar. Como o próprio Cristian afirma: “Não se faz políticas sem dinheiro”. Precisamos que este quadro se modifique.

Senti falta das bibliotecas comunitárias e do seu importante papel de incidência nas mesas sobre as políticas públicas pra área, na Festa Literária, em Paraty.

Outra coisa, onde estavam as crianças de Paraty? Fazer o evento no período das férias escolares dificultou a fundamental participação das escolas na Flipinha. Será necessário repensar as datas. A Formação leitora dos paratienses tem de estar no cerne do evento. Este é o legado para esta cidade que há 15 anos se estrutura para ser um dos centros de irradiação e estudos literários do Brasil.

E lá por São Paulo…

O povo do livro já enviou uma carta de repúdio ao prefeito João Doria, ao secretário de Cultura André Sturm e à Coordenação do Sistema Municipal de Bibliotecas em desrespeito à lei n. 16.333 que institui o Plano Municipal do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (PMLLLB), sancionado em 18 de dezembro de 2015. O que acontece é que o prefeito resolveu continuar seus atos antidemocráticos de desmonte das políticas para a área. Por meio do decreto n. 57.792, o Prefeito alterou a forma de composição, periodicidade de reuniões e atividades do Conselho do PMLLLB. Agora não são mais os pares que escolhem os seus representantes por eleições diretas. Os representantes serão indicados pela Secretaria Municipal de Cultura. Às vezes sentimos a sombra da Ditadura espreitando pela porta!

já no Sul…

O Rio Grande do Sul é sempre citado como um dos estados com maiores índices de leitores. Mas as coisas não andam bem por lá. No último dia 25, a Câmara Riograndense do Livro publicou em sua página que um dos principais programas de incentivo a leitura, “Adote um Escritor”, que está na sua 16ª edição, pode não acontecer. O programa equipa as bibliotecas escolares com acervo de livros e prepara as escolas para participarem da Feira do Livro de Porto Alegre. A cada dia que passa o descaso dos governos pela educação e pela cultura é reafirmado quando ações como essa sofrem ameaça.

Volnei Canônica é formado em Comunicação Social – Relações Públicas pela Universidade de Caxias do Sul, com especialização em Literatura Infantil e Juvenil também pela Universidade de Caxias do Sul, e especialização em Literatura, Arte do Pensamento Contemporâneo pela PUC-RJ. É Presidente do Instituto de Leitura Quindim, Diretor do Clube de Leitura Quindim e ex-diretor de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas, do Ministério da Cultura. Coordenou no Instituto C&A de Desenvolvimento Social o programa Prazer em Ler. Foi assessor na Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). Na Secretaria Municipal de Cultura de Caxias do Sul, assessorou a criação do Programa Permanente de Estímulo à Leitura. o Livro Meu. Também foi jurado de vários prêmios literários.

** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.

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