Devo anunciar meu livro?
PublishNews, Paulo Tedesco, 03/08/2016
Paulo Tedesco defende, em sua coluna no PublishNews, que autores autopublicados precisam focar no contato direto com seus leitores na hora de promover seus livros

Alguém sabe o melhor marketing para o livro? Talvez o pessoal das grandes editoras saiba, na ponta da língua, afinal devem conhecer seus pontos de venda e suas posições de gôndola em grandes varejistas, virtuais ou não, como ninguém. E assim se divertem com novos estratagemas e ações de PDV a cada novo título e autor.

Mas, para o autopublicador, como fica? Pois não se vê a utilização de espaços publicitários tradicionais para se promover um livro. Existe, mas é caro e incomum. Anúncio publicitário em televisão e rádio, outdoors e painéis iluminados, anúncio de página em jornal de boa circulação e até brindes são tão raros como alguém dizer que conhece javanês.

Se um livro comprado não é necessariamente lido, e um livro lido não é necessariamente comprado, como resolver a equação? Entra aí, então, o outro lado do livro: o leitor. Sim, é preciso trabalhar o leitor, ou melhor, a leitura. É preciso estimular para que o título seja lido, e que seja conquistada a atenção do leitor. E, dessa atenção, possa ser retirado algum interesse pela leitura.

Portanto, o foco, me parece, precisa ser cada vez mais o leitor, a promoção da leitura. Essa, possivelmente, a explicação do porquê as grandes editoras procurarem blogueiros para resenhar seus títulos em substituição aos desaparecidos críticos literários, que escreviam nos jornalões as suas (quase sacrossantas) opiniões.

Mas, e as redes sociais, onde entram? E os anúncios pagos no Google e outros, como se faz? Onde é que tudo entra no cálculo do marketing para o livro? Devemos correr atrás da MSN, Terra, UOL, Yahoo, e outros para gastar o dinheiro com anúncios do livro? Pois ao contrário dos veículos tradicionais, nesses novos e digitais poderemos monitorar a visualização, e assim quantificar o alcance de nossos investimentos publicitários?

O conhecimento dos antigos já dizia que o diabo sabe porque é velho e não porque é diabo. Em outras palavras, é preciso começar a estudar e a se questionar antes de sair gastando e perdendo tempo com o que possivelmente não traga resultado algum. É preciso, antes de tudo, conhecer com profundidade do que agir por impulso.

Urge conhecer nossos leitores e é essa a melhor resposta sobre anúncio de livros. O editor e o autor têm que sair da toca. Expor seu conteúdo das melhores formas e mais baratas possíveis.

Tem que trabalhar em rede, como alguns blogueiros fazem. Tem que posicionar seu título com estratégias de promoção que comecem nos primeiros planos para lançamentos e promoção do livro e que se estendem até as atividades em torno do conteúdo após os autógrafos iniciais.

E trabalhar em rede implica, por exemplo, em pensar e produzir vídeos curtos com os autores, para serem disponibilizados no YouTube ou Vimeo e onde mais for possível. Depois, trabalhar esses vídeos com as redes, pedindo, sempre, um retorno do leitor. Aliás, publicar por publicar, também não funciona. Tem que arremangar e entregar-se ao leitor e à leitura.

A maior prova de que o leitor é o caminho, é que, hoje, o e-mail e seu uso nas tais mailing lists, é ainda considerada uma das mais eficazes formas de se levar o conteúdo ao leitor. Portanto, tem que começar a guardar e trabalhar nossas listas de endereços eletrônicos dos leitores em potencial, e se lembrar que por trás de cada endereço há alguém como você, curioso por novidades ou enfastiado com repetições e sempre disposto a conferir algo interessante. Depois não adianta chorar quando não só não há vendas, como opinião nenhuma acontece sobre o livro.

[03/08/2016 06:00:00]