O novo marketing do livro
PublishNews, Paulo Tedesco, 27/04/2016
O novo marketing do livro é a aliança do conhecimento do autor e do editor, ou auto-editor, com uma real predisposição para o aprendizado sobre os mais recentes mecanismos de divulgação e de diálogo c

Numa obra que lancei ano passado, Livros: um guia para autores, em parceria com uma editora de autopublicação, havia abordado esse tema, que agora vejo haver se complicado e que me pareceu urgente retomar. Pois enquanto mais e mais gente está a se autopublicar e busca abrir novas possibilidades de leitura, menos o mercado tradicional parece saber incorporar o que lhe chega como novos textos e autores.

Se até 20 ou 30 anos atrás, talvez menos, uma boa resenha de um reconhecido crítico literário num jornal de grande circulação brasileira ou estrangeira, associado a elogios de um escritor que tivesse percorrido o ciclo do reconhecimento, possivelmente fosse a chave para a sagração de um novo título, hoje já não é mais bem assim.

Nesse passado recente, havia também concursos literários, como hoje ainda há, assim como bons e astutos editores, muitas vezes associados a livreiros sempre atentos ao que se escrevia dentro e fora do país. Mas a entrada do livro digital unida ao rebaixamento dos custos de produção do formato papel e à disseminação da tecnologia de produção e venda de um livro (criação e design editorial, maquinário de impressão, maquinário de dobra, cola e costura e livrarias virtuais), terminou promovendo uma grande reformulação no mercado do livro.

Mas foi a erupção da autopublicação, tanto digital como em papel, o que completou esse inchado reservatório, onde as livrarias tradicionais não mais comportavam tanto livro nem as distribuidoras poderiam abraçar tão facilmente um país continental num mundo globalizado.

Então, como divulgar um livro utilizando de recursos cada vez mais inteligentes, eficazes e baratos? Quais as melhores ferramentas para uma obra autopublicada ou de uma nova editora? Liberar gratuitamente a leitura digital do livro na Amazon? Ou gastar com anúncios pagos no Facebook e Google e contratar blogueiros para resenhar positivamente a obra? Ou, ainda, trabalhar e gastar, incessante, com o envio de milhares de e-mails para possíveis leitores?

Todos sabem que livro não é coisa que se bebe para depois jogar fora seu casco ou lata, feito refrigerante; sucos e hambúrgueres podem também ter seu gosto parecido em redes de comida rápida ao redor do mundo, para a leitura de um bom livro, isso é impossível. Um livro precisa de algo mais, sua leitura precisa de algo único, ligado à sensibilidade e a receptividade do leitor, de uma interconexão com o que não aparece: a subjetividade do leitor e de seu tempo.

O novo marketing do livro é, em resumo, a aliança do conhecimento do autor e do editor, ou auto-editor, com uma real predisposição para o aprendizado sobre os mais recentes mecanismos de divulgação e de diálogo com leitores e novos agentes do mercado. Afinal, podemos ignorar a auto-edição ou o valor de um editor, mas não há como atalhar o sucesso sem encarar as novas e múltiplas possibilidades que despencam todo o dia no seu computador. Não tem como.

[26/04/2016 23:13:04]