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Agora que são os reis da assinatura de e-books, o que vai impedir o crescimento da participação de e-books da Amazon?
PublishNews, Mike Shatzkin, 1º/03/2016
Em sua coluna, Mike Shatzkin analisa a limitação dos empréstimos de e-books pela Scribd

Com a notícia de que o Scribd jogou a toalha em assinaturas de e-books ilimitadas, a Amazon é o último ator de pé, com uma oferta “tudo que puder comer” de assinatura de e-book para uma audiência geral. A justaposição da insistência das editoras de serem pagas pelo preço total por e-books emprestados uma vez e a busca de clientes do falecido Oyster e do Scribd – agora com apenas três e-books por mês (eles fizeram uma redução da oferta de romances no verão passado e depois cortaram nos audiobooks para conter as ondas anteriores de excesso de consumo) – com uma oferta de uso ilimitado, sempre esteve condenada. A única esperança para os serviços de assinatura era que cresceriam tão rápido que as editoras não seriam capazes de viver sem seus leitores e cederiam sobre o preço de venda.

Isso não aconteceu.

O Digital Reader deu um link para uma notícia que eu tinha perdido em outubro explicando que a Amazon estava mexendo no que colocam na sua própria oferta ilimitada, o Kindle Unlimited.

Como a Amazon não conseguiu obter a colaboração dos editores de modelo de agência (que foi aceitado, a um preço proibitivo e, finalmente, suicida, pela Oyster e Scribd), eles exploraram ao máximo sua capacidade de fornecer e-books de editoras que não usam o modelo de agência. Ou, fizeram isso no começo. O que Nate Hoffelder do Digital Reader mostrou no ano passado foi que a Amazon estava removendo seletivamente esses títulos de acordo com seus interesses, o que reduziu os seus custos. (A informação que levou a essa descoberta foi originalmente publicada como um comentário pelo CEO da Kensington, Steve Zacharius, no meu blog).

Muito, se não a maioria, do que o Kindle Unlimited “empresta” são e-books compensados por um “pool” de dinheiro que a Amazon paga a cada mês. O tamanho desse “pool” é determinado exclusivamente por eles e a compensação por página para esses livros já diminuiu. No entanto, no total, é uma grande quantidade de dinheiro que está disponível apenas para “editoras” de e-books (geralmente autores independentes) que dão à Amazon exclusividade no e-book do título. O editor pode vender livros impressos e audiobooks em outra livraria, mas se quiserem compartilhar o “pool” do Kindle Unlimited o e-book precisa ser exclusivo do Kindle.

A notícia perturbadora que eu tinha perdido em outubro passado é que um punhado de editoras menores – não apenas os autores independentes – agora estão vendo como financeiramente benéfico ser exclusivo do Kindle em e-books.

O que vou escrever em seguida ainda é um rumor. Mas alguém acabou de me contar que a Barnes & Noble vai retirar o Nook do mercado britânico. Essa notícia não está relacionada com o negócio de assinatura, mas é uma boa notícia adicional para a Amazon.

Para qualquer um preocupado com um mercado diversificado de e-books, são acontecimentos ameaçadores. Tanto com o maior ecossistema e os bolsos mais profundos, a Amazon pode se dar ao luxo de continuar a premiar os proprietários de direitos autorais de e-book com o aumento da compensação pela exclusividade. Com o crescimento de sua participação no mercado, será cada vez mais tentador para os editores de e-books, sejam eles autores independentes ou algo um pouco maior, ganhar recompensas maiores cortando os outros vendedores de e-books. E assim o Kindle vai construindo progressivamente um catálogo melhor do que qualquer dos seus concorrentes de e-book. O que leva a maior participação no mercado.

Com o Kindle Unlimited agora como o serviço de e-books “ilimitados” no mercado (embora o Scribd ainda pode reivindicar uma melhor seleção de títulos, pelo menos por mais algum tempo), presumivelmente sua participação no mercado também vai continuar a crescer. Quando isso acontecer, mesmo grandes editoras podem começar a ver os benefícios financeiros de colocar alguns títulos de seu catálogo nele. (Quem sabe? Autores, trabalhando sobre um percentual da receita dos e-books, podem começar a insistir nisso!) Se e quando isso começar, o desafio para iBooks, Nook, Kobo e Google para manter uma oferta competitiva de títulos de e-books vai aumentar.

Presumivelmente, há uma certa percentagem do mercado de e-books que o Kindle poderia controlar e isso levaria a preocupações antimonopólio. Sua participação vem crescendo quase inexoravelmente desde que o Departamento de Justiça e o juiz Cote puniram, há alguns anos, as editoras e a Apple no que viram como fixação de preços.

Vamos procurar ajuda sobre o assunto com o advogado antimonopólios Jonathan Kanter na Digital Book World. Existe alguma percentagem do mercado de e-books que, se uma entidade controlasse, constituiria um monopólio prima facie o que exigiria ação do governo? Ou mesmo do mercado do livro total, incluindo os impressos?

É difícil ver o que irá impedir o crescimento da participação de mercado de e-books da Amazon. Crescimento inexorável da Amazon? Esse é um tema que estamos pensando há anos.

(Tradução de Marcelo Barbão)

Mike Shatzkin tem mais de 40 anos de experiência no mercado editorial. É fundador e diretor-presidente da consultoria editorial The Idea Logical Co., com sede em Nova York, e acompanha e analisa diariamente os desafios e as oportunidades da indústria editorial nesta nova realidade digital. Organiza anualmente a Digital Book World, uma conferência em Nova York sobre o futuro digital do livro. Em sua coluna, o consultor novaiorquino aborda os desafios e oportunidades apresentados pela nova era tecnológica. O texto de sua coluna é publicado originalmente em seu blog, The Shatzkin Files.

** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.

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