Autor, unido, jamais será vencido
PublishNews, Paulo Tedesco, 17/11/2015
Em sua coluna, Paulo Tedesco conclama autores a lutarem pelos seus direitos

E se os autores que se autopublicam e os que já estão com editoras se unissem em novas e modernas associações? Não aquelas nos moldes século passado, lentas e regadas a encontros folgados. Desta vez é preciso integração virtual e ação horizontalizada, marcada por movimentos efetivos nas redes digitais. Na língua inglesa, existe algo interessante, a ALLi, que talvez satisfaça à necessidade europeias e americanas, pois se pretendem também globais. Mas temos nossas especificidades próprias, brasileiras e latino-americanas, e essas precisam ser levadas em conta para se criar algo diferente e eficaz.

Algumas das ações imediatas poderiam ser a de denunciar as enganosas propagandas de empresas que se dizem editoras para autopublicação de livros (e que não são poucas e nem somente brasileiras), que vinculam assinaturas de contratos de direitos autorais ao contrato de seus serviços. Algo muito errado. O autopublicador, que contrata um serviço editorial, está também comprando um produto, e o único contrato a ser assinado é o de compra e venda de serviços e produtos, e a lei que rege, é a da defesa do consumidor e não de leis autorais. Entregar, portanto, um direito autoral para outrem, não é bem assim, ou nada assim, e isso precisa ser denunciado, gritado aos quatro ventos.

Outra atividade militante e guerrilheira seria a de denunciar os recorrentes abusos em feiras e eventos do livro e da leitura país afora. Onde se pagam assombrosos cachês para apresentações musicais e teatrais, com recolhimento de direitos autorais e tudo mais, enquanto, para os autores, que no mesmo palco ocupados pela música, palestram e ministram oficinas muitas vezes sem vender um único livro, porque não há livro seu à venda, não lhes pagam qualquer centavo sob a vexatória alegação de que "não há dinheiro". Ora, existe abuso maior?

E tudo poderia se iniciar por um poderoso abaixo assinado virtual, como tantos que nos chegam por e-mail todos os dias, a pedir a inclusão da disciplina de direitos autorais nas faculdades e nas escolas de ensino médio. É de se acreditar, desta forma, que não teríamos tanta gente achando legal plagiar textos encontrados nas redes ou mesmo digitados integralmente. E esse plagiar, é bom deixar claro, é o ato de usar um texto de uma pessoa e simplesmente assinar sua autoria com o nome de outra pessoa. Se começarmos pelo ensino formal, pois quase ninguém da mídia ou de órgãos governamentais fala muito ou nada disso, quem sabe não revertêssemos essa contumaz calamidade?

Caros autopublicadores e autores que já estão no mercado com editoras, urge o momento. Unamo-nos! A classe autoral, unida, jamais será vencida! Nos EUA, onde as Unions e os Sindicates conseguem até parar a bilionária indústria da Broadway e Hollywood, porque não, no Brasil, seguir trilhas parecidas? Instrumentos existem, e a entrada da juventude digital na galeria de autores e leitores fará o que os velhinhos, com suas ineficazes e empoeiradas academias beletristas, já não conseguem mais: mobilizar e pressionar pelo melhor para os autores e leitores e, obviamente, para a cultura nacional.

[17/11/2015 09:42:07]