Em 1956, a espanhola Carmen Balcells inaugurou a sua agência literária. Nas décadas seguintes, de 1960 e 70, aconteceu o boom latino-americano, quando autores do quilate de Gabriel García Márquez, Julio Cortazár e Pablo Neruda ganharam notoriedade e sucesso mundial. Não foi coincidência. A promoção desses autores mundo afora teve a mão de Carmen, que morreu nesta segunda-feira (21), aos 85 anos. O peruano Mario Vargas Llosa, vencedor do Nobel, escreveu um artigo no El País no qual lamenta a morte da amiga e diz: “ela incentivou e até mesmo obrigou as editoras da Espanha e da América Latina a se tornarem modernas e ambiciosas, a operarem no amplo âmbito de toda a língua e a sacudirem a visão pequena e provinciana que tinham”.

Sérgio Machado, presidente do Grupo Record, que publica Garcia Márquez, Cortázar e Neruda no Brasil, disse, no blog da empresa, que Carmen foi “generosa, mas uma grande negociadora”. Outra pessoa com quem Balcells tinha relações pessoais é a escritora brasileira Nélida Piñon. Em seu livro de memórias, Coração andarilho (Record – 2009), Nélida resume a relação que durou cerca de 50 anos: “em Santa Fé, enquanto as horas escoam, Carmen ordena o mundo. Ela é uma âncora na minha vida afetiva e agradeço o dom de sua amizade”.

Em maio do ano passado, Balcells, preocupada com a continuidade da sua agência, se uniu a Andrew Wylie, agente literário conhecido como Chacal e apontado por muitos como inescrupuloso. Juntos, eles criaram a superagência Balcells & Wylie. O movimento foi visto com desconfiança por alguns players do mercado, mas também como forma de sobreviver em um mundo ainda mais competitivo e desafiador. O catálogo da Balcells & Wylie começou com mais de mil autores estrelados e 13 prêmios Nobel.