Fui bombardeada com informações sobre o fiasco das vendas dos e-books. Vamos colocar uma lente de aumento nisso? Acho que o pior dessas comparações é quando colocam lado a lado mercado brasileiro e o internacional. Hello! Nosso país está aprendendo a ler e a consumir livros agora... Nossa classe C não tinha dinheiro para isso. Para conferir, basta fazer as contas: quantos por cento é o preço de um livro se comparado à cesta básica de uma família brasileira? Muito, não? O maior cliente individual dos livros impressos, no nosso país, ainda é o governo.
Me nego a ser a “Dona estatística”. Fujo disso. Primeiro porque sou péssima em matemática, depois porque sou operária do e-book. Escrevo sobre meu dia-a-dia. E meu dia a dia diz: os e-books vendem muito mais do que diz a pesquisa da Fipe divulgada ontem. Mas não vou me aprofundar na informação, até porque teria que ter números claros e não me disponho a isso.
Vamos analisar em termos de proporção e antes de compararmos vendas, vamos comparar conteúdo. Pelo que vejo, não podemos comparar a quantidade de acervo em papel com a quantidade de acervo digital. O mercado editorial inicialmente só se dispunha a lançar em e-book o backlist (como já escrevi antes, backlist não vende em papel e obviamente não venderá em e-book). Depois, por medo de encalhe do livro físico no estoque, os editores deixam o calor do lançamento esfriar para, então, lançar o livro em digital. Isso é um horror! Fora do país (pessoal esperto!) a tática é completamente diferente – agora, sendo irônica: por que será que vendem mais e-books do que nós?!
Analisemos o conteúdo, as opções que nossos consumidores têm. Não é muita coisa... Pelo meu chutômetro, calculo que no Brasil temos no máximo dos máximos, forçando muito, uns 20.000 e-books. Queridos do mercado... Quantos livros, em papel, temos nos estoques brasileiros? Quantos são lançados todos os dias? Qual é a atenção dispensada em cada formato? Seu marketing é consumidor de e-books?
Quando é que o mercado perceberá que é muito mais fácil alcançar os leitores, divulgar, distribuir, vender, promover pelo formato digital? Quando começarão a lançar primeiro o digital e depois o impresso? Quando é que teremos um acervo como os dos livros digitais em inglês? Aí, sim, os números vão agradar. Mas por favor, parem de culpar o formato! O problema das vendas (e do e-book ainda não se pagar) é erro da estratégia do mercado.
Camila Cabete (@camilacabete no Twitter e Instagram) tem formação clássica em História. Foi pioneira no mercado editorial digital no Brasil. É a nova Head de Conteúdo da Árvore e a podcaster e idealizadora do Disfarces Podcast.
camila.cabete@gmail.com (Cringe!)
** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.
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