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Sujeito ocidental moderno
PublishNews, Redação, 23/02/2023
Partindo de uma leitura do Alcibíades, de Platão, que apresenta o ponto de vista socrático sobre o tema, Foucault percorre uma noção bastante ampla de suas percepções sobre uma ética de si

O cuidado de si é o foco desta obra tardia de Michel Foucault organizada a partir de conferências de 1982 em Toronto, no Canadá. Nela, o filósofo persegue diferentes formas de busca de uma verdade sobre si numa perspectiva histórica, concentrando-se na Antiguidade greco-romana e no surgimento do cristianismo – com o desenvolvimento das instituições monásticas e as interdições referentes à sexualidade. A questão de fundo é: como se constitui o sujeito ocidental moderno? Partindo de uma leitura do Alcibíades, de Platão, que apresenta o ponto de vista socrático sobre o tema, Foucault percorre em seguida, ao longo dos séculos, o pensamento de Sêneca, Musônio Rufo, Epicteto, Plutarco, Galeno, Marco Aurélio, Clemente de Alexandria, João Cassiano, Santo Agostinho, entre outros, abrangendo uma noção bastante ampla de suas percepções sobre uma ética de si. Nesta genealogia do sujeito moderno, no livro Dizer a verdade sobre si (Ubu, 352 pp, R$ 79,90 - Trad.: Salma Tannus Muchail), Foucault identifica que, a partir do cristianismo, ocorre uma virada na hermenêutica de si em relação às concepções pagãs. Da ascese em que o sujeito se voltava para a verdade, preparando-se para viver no mundo, a civilização ocidental passa a buscar uma ascese voltada para um outro mundo, para a vida eterna.

[23/02/2023 07:00:00]
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