Boa presença dos serviços de assinaturas e streaming, domínio da não ficção e crescimento contínuo: esses são alguns fatores envolvendo audiolivros apontados pelos números da última Pesquisa Conteúdo Digital do Setor Editorial Brasileiro, divulgada por SNEL, CBL e Nielsen Book, e pela sua primeira série histórica. Os números dizem respeito a produção e vendas das editoras – agora, o PublishNews resolveu visitar uma produtora e plataforma de audiolivros, a Tocalivros, para entender e mostrar como é feito um audiolivro. Antes, aos números: há uma diferença interessante entre o acervo digital medido desde 2019 e os lançamentos de 2022: 6% do acervo é áudio; já em 2022, 12% de toda a produção de livros digitais foi dedicada ao áudio. As vendas de livros em áudio chamadas à la carte (ou seja, a venda de uma unidade inteira) ainda foram tímidas, relativamente: apenas 2% do volume de vendas de livros digitais diz respeito ao áudio. Dentro dessa fatia, 75% dos audiolivros vendidos são de não ficção. Já em assinaturas (que envolvem serviços de assinatura de livros digitais, bibliotecas virtuais, plataformas de educação e outras), o áudio tem uma participação maior: 21% (de um valor de cerca de R$ 113 milhões) tem a ver com os audiolivros nesta categoria. “Em 10 anos de mercado, vemos a produção e o interesse dos leitores se tornarem também audio-ouvintes”, diz o diretor editorial da Tocalivros, Fabio Uehara. Clique no Leia mais para ler a matéria na íntegra e saber como é um feito um audiolivro.

O Skeelo – plataforma de livros digitais e que se define como um ecossistema de livros e leitura – deu mais um passo no que diz respeito a expansão dos seus serviços e ofertas de conteúdo. Depois de começar a vender também livros físicos, agora o Skeelo lança o Leer+, streaming de literatura da marca. O novo produto oferece aos assinantes acesso ilimitado a milhares de obras digitais multiformato - e-book, audiolivro e miniboook - sendo best-sellers de diversos gêneros, além do diferencial que é a posse definitiva de um livro todo mês, mesmo que a assinatura venha a ser cancelada. Com títulos de diversos gêneros vindos das principais editoras do mercado, o acervo do Leer+ conta com clássicos nacionais, livros em português, inglês e espanhol, além da oferta de audiolivros voltados para o público infantil. “Com o streaming, oferecemos aos leitores a oportunidade de ter um acervo de forma ilimitada de obras de qualidade, diversas e multiformato e seguimos com nosso objetivo de investir no mercado editorial por meio da tecnologia, além de ampliar o acesso à cultura do país”, explica André Palme, CMCO do Skeelo. Clique no Leia mais para conferir a íntegra desta nota.

Embora muitas vezes os títulos do frontlist [catálogo de lançamentos], esplendidamente elaborados, sejam os ganchos de marketing usados pelas plataformas de áudio para atrair clientes, em todos os mercados consolidados de audiolivros, é o backlist [fundo de catálogo] que gera maior consumo. Quem ganha nesse cenário? A editora, a plataforma ou o ouvinte? Estamos habituados aos serviços de audiolivros que promovem os novos best-sellers ou que estampam suas campanhas de marketing com rostos de autores de primeira linha e capas de livros novinhos em folha. Também é comum e óbvio ver esses mesmos títulos em destaque nas páginas das plataformas e ainda receber disparos de e-mail e alertas sobre o próximo imperdível best-seller. E todos nós, certamente, sempre vemos esses títulos representados nas listas dos 10 mais vendidos, certo? No entanto, isso nem sempre conta a história do que está sendo realmente consumido pelos ouvintes. Dados coletados e compilados a partir das plataformas da Beat Technology em 10 mercados europeus permitem explorar as ramificações para o ouvinte, o editor e as plataformas. Como um todo, menos de 20% do tempo de escuta gasto nos serviços vem de títulos do frontlist. Clique no Leia mais para conferir a íntegra deste artigo.

Desde que Markus Dohle deixou o cargo de executivo-chefe da Penguin Random House em dezembro de 2022, uma das maiores editoras dos EUA vem passando por uma "reestruturação". Depois do CEO Nihar Malaviya anunciar aos funcionários "movimentos de reorganização" na empresa, essa semana a editora executou uma série de demissões que inclui editores importantes. A PRH se recusou a fornecer detalhes sobre o número de pessoas afetadas, embora as demissões sejam estimadas em cerca de 60, de acordo com fontes ouvidas pelo Publishers Lunch e outras fontes da mídia norte-americana. A empresa emprega mais de 5 mil pessoas na América do Norte. Em um e-mail enviado aos funcionários, Malaviya disse que embora o mercado de livros tenha crescido, principalmente nos últimos anos, o setor também enfrentou aumentos significativos de custos em todas as áreas e que a empresa espera que “esses aumentos, assim como a inflação, continuem”. As maiores mudanças ocorreram no selo Knopf, no qual editores e outros membros da equipe com décadas de experiência foram demitidos. Clique no Leia mais para conferir a íntegra desta nota.

O portal britânico The Bookseller divulgou que a empresa dona do TikTok, ByteDance, começou a abordar autores para participarem da sua nova editora, a 8th Note Press. A entrada da empresa dona do TikTok no mercado editorial tem ocorrido de forma gradual desde o início do ano. A ByteDance registrou a marca com o departamento de Patentes dos Estados Unidos (US Patent and Trademark) em abril deste ano. O acordo prevê que a empresa forneça um leque de serviços dentro do processo de publicação, incluindo impressão, produção de e-books e também audiolivros. Uma fonte em contato com o Bookseller relata uma tentativa de abordagem, mas que preferiu recusar devido à falta de transparência da empresa em garantir os canais de distribuição para a publicação de seu livro de romance e fantasia. Em maio de 2023, a comunidade BookTok já tinha alcançado mais de 14 milhões de visualizações no Brasil. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

O Grupo Editorial Record abriu uma vaga para editor assistente III. É preciso ter ensino superior completo em Produção Editorial, Jornalismo ou Letras; ser uma pessoa organizada; ter inglês fluente e português em alto nível gramatical; e experiência na área. Conhecimentos avançados em francês e espanhol é considerado um diferencial. As funções do cargo incluem acompanhar as etapas de produção do livro; produção de textos (orelha, sinopses, etc.); analisar traduções, copidesques e revisões de provas; elaborar briefings de capas; e dar apoio em processos administrativos e burocráticos. Interessados devem enviar currículo para recrutamento@record.com.br e colocar no assunto da vaga Editor assistente III.

O Grupo Meekah, focado na consultoria de Projetos Incentivados e Produção Cultural, está à procura de um assistente comercial. As funções do cargo incluem a busca por autores e realizar a conversão de vendas. É preciso ter conhecimento do mercado editorial e da cadeia produtiva do livro e gosto pela leitura. A contratação é PJ e remota. Interessados devem encaminhar currículos para vagas@grupomeekah.com.

O Radar de Licitações – seção fixa do PublishNews+ que reúne, semanalmente, informações sobre processos licitatórios para a compra, confecção de livros e demais serviços editoriais – traz nesta semana edital de instituição na região sul, visando a aquisição de livros didáticos e técnicos para formação de biblioteca. O pregão ocorre no dia 26 de julho e o valor do edital chega a R$ 876 mil. Já o segundo edital da semana tem como objeto a aquisição de livros técnicos estrangeiros – o valor ultrapassa os R$ 155 mil. A seção, exclusiva para os assinantes do PN+, é alimentada pelo Radar de Licitações, consultoria de Natália Vieira que, além de buscar novas licitações, presta um serviço de apoio aos editores e distribuidores interessados em vender para governos, nas mais diversas esferas de poder. Para acessar o Radar dessa semana, clique aqui.

As inscrições para o Programa Nacional de Apoio à Pesquisa (PNAP) 2023 vão até o dia 1° de setembro e o edital prevê a seleção de pesquisadores para a concessão de bolsas, visando incentivar a produção de trabalhos originais, desenvolvidos a partir de pesquisas no acervo da Fundação Biblioteca Nacional (FBN). Pelos termos do programa, a FBN poderá conceder bolsas de pesquisa a doutores, com desembolso mensal, por um período de 1 (um) ano, para pesquisadores brasileiros, natos ou naturalizados – ou estrangeiros com residência e visto permanentes no Brasil. A escolha do tema do projeto é livre. Serão consideradas prioritários, no entanto, projetos que se enquadrem na área "Livro, leitura e bibliotecas". O edital completo pode ser acessado no site da Fundação Biblioteca Nacional: www.gov.br/bn. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

A cerimônia de premiação do VI Prêmio LeBlanc – que tem categorias de literatura fantástica e quadrinhos – ocorreu na última sexta-feira, 14 de julho, no Sesc São João de Meriti, com transmissão pelo Instagram do prêmio. O LeBlanc é organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Mídias Criativas (PPGMC) da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO/UFRJ), pela Universidade Veiga de Almeida (UVA), pelo Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) e pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Nas categorias de Literatura Fantástica, Assombros (Draco), de Zé Wellington, foi considerada a melhor antologia/coletânea nacional, enquanto o melhor romance nacional de 2022 foi para A roda de Deus (Jambô), de Leonel Caldela. No campo dos Quadrinhos, Ovelha negra, publicação digital criada por Carlos Felipe Figueiras e B. Horn, venceu na categoria história em quadrinhos independente. Já Sussurros do caos rastejante (Jambô), de Fábio Yabu e Fred Rubim, foi o grande vencedor na categoria história em quadrinhos publicada por editora. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

A Festa Literária de Paraty Preta, FLIP Preta 2023, ocorre nos dias 21 a 23 de Julho, e terá como tema a Educação Antirracista. A Festa ocorre no Quilombo Campinho da Independência (Rodovia BR 101, km 584, Paraty / RJ), entre Paraty e Ubatuba. Entre os convidados confirmados na FliPPreta 2023, estão: Renato Nogueira, filósofo; Beta Ferreira, escritora; Bruno Black, escritor; Jamaika Adriano, escritor e músico; Elisa Pereira, poeta; Gessiane Nazário, escritora quilombola; Suane Brazão, escritora e brincante; Laura Santos, escritora e educadora quilombola; o ativista e músico TC; as Mestras Vovó Cici, Adilsa e Dilma e os Mestres Chita, Ivamar, Tuca, Nenê, Moreira e Álvaro. O evento é uma realização da Associação de Moradores do Campinho (Amoqc).

A Festa Literária Internacional de Maringá (Flim) chega à 10ª edição em 2023, e está marcada para ocorrer entre os dias 4 e 8 de outubro, no estacionamento do Estádio Willie Davids (Av. Prudente de Morais, 493 – Maringá / PR). O evento reunirá atividades sobre literatura, exposições, apresentações artísticas e outras ações culturais. As primeiras atrações confirmadas na edição deste ano são a jornalista Patrícia Campos Mello, o escritor Afonso Cruz, um dos grandes autores da literatura contemporânea portuguesa, e a escritora paranaense Luci Collin. Toda a programação será gratuita. Para marcar a própria história, de investimento e ampliação por parte do poder público de forma contínua, a Flim 2023 terá como tema "10 edições, uma jornada". A organização e investimento são da Prefeitura de Maringá, sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Cultura. O objetivo do evento é discutir o Brasil, a sociedade e também o fazer literário. A Prefeitura iniciou também o cadastro para interessados em utilizar estandes ou espaços na Festa. O chamamento está aberto e segue até 22 de setembro. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

Como é possível que relações familiares permeadas de amor e consanguinidade sejam também violentas e repressoras do ponto de vista racial? Em um país onde um terço das relações matrimoniais se dá entre pessoas que se autoclassificam como sendo de raças diferentes, responder a essa pergunta é tarefa urgente para o avanço do combate ao racismo. Ao indagar se vínculos afetivos em famílias inter-raciais podem amenizar ou desconstruir o ideário racista nos indivíduos, Lia Vainer Schucman percebe que a raça não atua apenas como elemento organizador, mas também como uma categoria geradora de dinâmicas, discursos, conflitos e hierarquias intrafamiliares. Das entrevistas também emergem conceitos muito debatidos nos estudos sociológicos e na antropologia — as máscaras brancas de Fanon, a dupla consciência de Du Bois — que, aliados à abordagem psicossocial de Schucman, permitem compreender não só a sociedade brasileira, embasada no mito da democracia racial, como a ideologia do embranquecimento e os impactos disso na vida das pessoas. Famílias inter-raciais (Fósforo, 144 pp, R$ 59,90) é um estudo corajoso e acessível por sua linguagem e sensibilidade. Ao abrir a porta da casa de cada família, escancara o que no debate público já há muitos anos se diz: a formulação de mais estratégias de enfrentamento ao racismo é fundamental para combater a desigualdade e a crise social no Brasil.

Fruto da tese de doutorado do professor e pesquisador Ricardo Festi, As origens da sociologia do trabalho (Boitempo, 352 pp, R$ 87) vem preencher uma lacuna importante nos estudos sociológicos brasileiros. Com base em uma aprofundada pesquisa em arquivos dos dois países, Festi reconstrói as relações acadêmicas entre brasileiros e franceses, descrevendo o surgimento e o desenvolvimento da disciplina nos anos 1950 e 1960. Com uma série de achados em arquivos há muito esquecidos, o autor traz para a obra estudos e entrevistas com sociólogos da França e do Brasil que se revelaram fundamentais para essa área do conhecimento. Do lado francês, Festi analisa o grupo de acadêmicos que se constituiu em torno de Georges Friedmann, um dos responsáveis por reorganizar a sociologia no período de reconstrução da França após sua libertação da ocupação nazista. Nesse processo, novas instituições de ensino e pesquisa foram criadas, rompendo com as tradicionais e conservadoras estruturas universitárias, permitindo maior autonomia e flexibilidade para os pesquisadores. Já no Brasil, o autor destaca o trabalho produzido pelos sociólogos da Universidade de São Paulo, como Wagner Vieira da Cunha, Juarez Brandão Lopes, Azis Simão, Fernando Henrique Cardoso, Florestan Fernandes, Fernando de Azevedo e Anísio Teixeira.

Para o filósofo e pensador político afro-judeu Lewis R. Gordon, a consciência negra, com inicial minúscula, distingue-se da consciência Negra, com maiúscula. A primeira se limita à percepção, por parte dos negros, de que são discriminados e oprimidos, e é basicamente passiva. Já a consciência Negra é ativa: apela para uma ação que combata e supere os fundamentos do racismo estrutural. Em Medo da consciência negra (Todavia, 352 pp, R$ 84,90 – Trad.: José Geraldo Couto), a partir do estudo do surgimento da noção eurocêntrica e colonialista de “raça”, Gordon percorre as inúmeras formas de emergência da consciência negra nos Estados Unidos e em outras partes do mundo, bem como as reações a ela, muitas vezes insidiosas e pouco perceptíveis. O quadro traçado aqui é complexo e surpreendente, revelando as fissuras e divergências no próprio seio das comunidades afrodescendentes. Com o olhar para movimentos contemporâneos, como o Black Lives Matter, e para as produções recentes da indústria cultural, Gordon debate e atualiza ideias de pioneiros como W. E. B. Du Bois e Frantz Fanon para abordar o antirracismo em suas articulações com outras questões de identidade e pertencimento: de gênero, classe social, ideologia política, religião etc.

Elaborado por um dos maiores intelectuais de todos os tempos, O Negro da Filadélfia (Autêntica, 448 pp, R$ 87,90 – Trad.: Cristina Patriota de Moura), de William Edward Burghardt Du Bois, é considerado um marco importante no estabelecimento da sociologia, da antropologia urbana e da luta contra o racismo nos meios acadêmicos e sociais. A obra de Du Bois, por meio da apresentação de dados históricos, estatísticos e etnográficos, convida-nos a refletir sobre questões atuais relacionadas à temática do Negro, como o mercado de trabalho, a segregação urbana, a criminalidade, o preconceito, as políticas educacionais e, sobretudo, a busca pela equidade racial. Versão inédita em português, organizada e traduzida por Cristina Patriota de Moura, esse estudo sociológico sobre a população negra de uma grande cidade dos Estados Unidos nos traz a esperança de que sua leitura possa ser um ponto de partida para a transformação e conscientização social.