FRANKFURT – Um painel da Feira do Livro de Frankfurt nesta quinta-feira (16) teve uma solução curiosa: a programação anunciava três participantes – Erin Cox, publisher do Publishing Perspectives, Ralf Biesemeier, diretor da Zebralution Digital Publishing, e Amanda Collins –, mas apenas duas pessoas subiram ao palco, Erin e Ralf. Amanda era, na verdade, uma inteligência artificial, que respondeu a perguntas em áudio. O robô foi gerado no ChatGPT pela Zebralution, que deu um prompt para que ele atuasse como uma consultora de IA participando de um evento sobre o mercado editorial. O experimento deu certo pela metade, porque o Chat esgotou os créditos para gerar áudio no meio da conversa – mesmo assim, uma sensação curiosa se instalou na sala. “Pensamos que IA é uma espécie de mágica que vai salvar tudo, mas é só uma ferramenta”, disse o diretor da empresa alemã de distribuição digital. *O jornalista viajou com o apoio do CreativeSP. Clique no Leia mais para ler a matéria.

Depois de sete anos, o RELX Group deixou de ser a maior empresa editorial do mundo de acordo com o Global 50, relatório organizado pelo consultor alemão Rüdiger Wischenbart – que também está em vias de se aposentar. A Thomson Reuters assumiu o topo da lista, com receitas superando US$ 6,4 bilhões em 2024. A Bertelsmann, que controla a Penguin Random House e diversas empresas de educação, fecha o top 3, com US$ 6 bilhões de receitas no ano passado, segundo o relatório. A Feira do Livro de Buenos Aires chega aos 50 anos em 2026. Durante uma apresentação em Frankfurt, o diretor da Fundación El Libro, Christian Rainone, disse que a organização está pensando em realizar um programa de “fellowship” para editoras estrangeiras, como ocorre em outras partes do mundo. Pela primeira vez, o evento vai homenagear um país, e não uma cidade, em 2026. Será o Peru. Leia outras notas direto de Frankfurt.

Inspirado na obra do escritor e pensador Ailton Krenak, o monólogo Ideias para adiar o fim do mundo reestreia nesta sexta-feira (17), no Rio de Janeiro. Estrelada pelo ator Yumo Apurinã, a peça investiga as raízes da colonização que perdura no Brasil há 525 anos, desde o chamado “descobrimento” — ou, como o próprio roteiro enfatiza, “invasão”, palavra mais legítima para contar essa história de extermínio, etnocídio, expropriação de terras, devastação ambiental e tragédia climática motivados por ganância e poder. O PublishNews conversou com o idealizador e diretor do espetáculo, o jornalista João Bernardo Caldeira, que assina o texto e o cenário da montagem. Filho do premiado cineasta Oswaldo Caldeira, João conta que reuniu uma equipe formada, em sua maioria, por pessoas de origem indígena para a criação coletiva do espetáculo. Leia a entrevista completa!

O cancelamento da Bienal do Livro do Paraná tem repercutido na imprensa por conta das várias reviravoltas e desistências ocorridas nos últimos meses. O jornal O Globo publicou uma reportagem sobre autores criticarem a 'desorganização' do evento. O Estado de S. Paulo repercutiu uma notícia do The Washington Post sobre um texto perdido de Virginia Woolf, encontrado em 2018. O influenciador e escritor Pedro Pacífico escreveu sobre os 200 anos de Jane Austen em sua coluna no jornal O Globo. A jornalista e escritora Iara Biderman, editora da Quatro Cinco Um, pegou um avião para cobrir a Festa Literária Internacional de Niterói. A Forbes Brasil contou mais sobre o livro Backstage SPFW (Senac), publicação que traz os bastidores da semana de moda. Quer saber o que foi notícia no mundo literário essa semana? Clique aqui!

O Selo Off Flip está com inscrições abertas para publicação do quarto volume da coleção Nós: textos de autoria feminina, que integra o acervo da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos e reunirá autoras do Brasil e do exterior. O tema é livre e a premiação é de R$15 mil às primeiras colocadas em três categorias: contos, crônicas e poemas com até 30 linhas. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas no site da editora até o dia 10 de novembro. O lançamento da obra será na próxima Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que está prevista para ser realizada em julho de 2026. Leia mais para acessar o regulamento completo e fazer a sua inscrição.

A HarperCollins está com processos seletivos abertos para ocupar as vagas de analista de social commerce, estagiário de marketing e promotor de vendas. O primeiro deverá planejar e executar estratégias de vendas em plataformas de social commerce. Enquanto que o segundo será responsável pelo desenvolvimento de mailings para envio de press kit. E o terceiro deverá visitar regularmente pontos de venda para apresentar e promover os livros da editora.

A AYA Books lançou em outubro o Imaginaí!, um agente de inteligência artificial voltado para que pequenos leitores materializem suas imaginações. A proposta lúdica da ferramenta é a de que o usuário possa inserir suas ideias e, a partir disso, a IA generativa desenvolve uma narrativa completa, que acompanha ilustrações. Para usar o Imaginaí! é preciso acessar o site. O processo para a geração de imagens é simples: basta dar o comando inicial para a aventura escolhendo a faixa etária da criança, nome do protagonista, personagem e tema, ou pedir uma história surpresa e, em seguida, deixar a IA criar a narrativa. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

Restaurante dos artistas e um dos pontos mais emblemáticos da vida cultural paulistana, o Paris 6 abre as comemorações pelos seus 20 anos de história, a serem completados em 2026, e ganha uma homenagem à altura: o livro Invadiram minha cozinha: Receitas históricas do Paris 6 desde 2006 (Editora Nacional, 160 pp, R$ 199,90), de Isaac Azar, restaurateur e empresário. A publicação reúne 72 receitas e bastidores do bistrô que se tornou referência de gastronomia e arte em São Paulo. O evento de lançamento será em novembro, na Livraria da Vila, em São Paulo. Interessou e já quer garantir o seu exemplar? A edição de capa dura já está em pré-venda na Amazon. Leia a notícia completa para saber algumas das receitas que o livro traz.

O Museu do Amanhã recebe a 4ª edição do projeto 'Sempre um Papo – Palavra Acesa', com a atriz e escritora Bruna Lombardi e com o jornalista e escritor Aydano André Motta, em um diálogo sobre o poema Da calma e do silêncio, de Conceição Evaristo — uma das vozes mais potentes da literatura brasileira contemporânea. A conversa será mediada pela jornalista e escritora Luciana Barreto, atual âncora da TV Brasil. Na abertura, o público assistirá a um vídeo especial em que Conceição Evaristo lê o poema que inspira o encontro. A entrada é gratuita, com retirada de ingressos pelo Sympla. Leia a notícia completa e programe-se.

A Biblioteca Mário de Andrade (BMA) celebra os 100 anos com uma edição especial do Festival Mário de Andrade. Promovido pela Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, o evento será realizado durante três dias de outubro, com uma extensa programação gratuita e aberta ao público em três espaços do centro: a própria BMA, a Praça das Artes e a Praça Dom José Gaspar. Sob o tema '100 anos de biblioteca: Memória e Futuro', o festival propõe refletir sobre o papel das bibliotecas como espaços de encontro, criação e memória coletiva. A tradicional Feira de Livros da Mário vai ocupar a praça ao lado da instituição, com editoras independentes, autores e coletivos literários.

Em Bartleby e eu (Companhia das Letras, 336 pp, R$ 99,90, traduzido por Laura Teixeira Motta), o jornalista e escritor Gay Talese revisita personagens memoráveis e nos brinda com um texto inédito, no qual narra a trajetória de um médico imigrante que optou por explodir-se com o predinho em que vivia a dividir a propriedade com a ex-mulher. A história, que fartou a imprensa sensacionalista americana, recebe a justa densidade trágica sob a pena de Talese. O fio condutor deste livro é "Bartleby, o escrituário", conto de Herman Melville que narra a saga de um anódino funcionário de um escritório de advocacia do século XIX. Instado a tomar atitudes que poderiam mudar ou mesmo salvar sua vida, Bartleby responde, inflexível: "Prefiro não fazer". Bartleby e eu reflete sobre um dos princípios do jornalismo literário que Talese ajudaria a inventar: transformar o banal em algo extraordinário. Esta edição conta com posfácio da jornalista Lúcia Guimarães.

Publicada em 1920 e até hoje inédita em português, Água escura (Fósforo, 384 pp, R$ 104,90, com tradução de Floresta, nina rizzi e André Capilé) é a mais singular das obras do sociólogo, escritor e ativista estadunidense W. E. B. Du Bois. Nela, ele desconstrói a noção eurocêntrica e racializada dos seres humanos, promovendo uma ideia de humanidade radical que mais tarde o levaria a ser considerado o pai do pan-africanismo. Para abordar as diversas dimensões da segregação racial dos povos negros, o livro intercala ensaios, narrativas breves e poemas, apresentando uma estética modernista de vanguarda, como explica o professor e pesquisador Matheus Gato em texto de posfácio à edição. O estilo simbolista e poético de Água escura se conecta, assim, aos conceitos mais célebres de Du Bois, como a “linha de cor”, o “décimo talentoso”, o “véu” do subtítulo — que é a divisão que separa as pessoas negras do restante do mundo —, ou até mesmo a “dupla consciência” gerada pelo racismo nos indivíduos negros.

A obra As mortes de quem vive (Reformatório, 254 pp, R$ 68), Thiago Tourinho investiga como heranças familiares e escolhas ancestrais moldam destinos e emoções, traçando uma narrativa sensível e intensa sobre o peso das origens e a busca por liberdade. A história acompanha Lúcia, integrante da família Sadovita, marcada pela crença de que nascer com olhos azuis é carregar a condenação da tristeza. Entre silêncios, amores e feridas, a protagonista tenta romper um ciclo que parece se repetir geração após geração. Lúcia tem olhos azuis carrega esse fado como uma tatuagem invisível ― cresce entre o silêncio do pai, a fragilidade da mãe e uma infância onde “a tristeza pairava como uma sombra que não se consegue esconder”. Ao se mudar para a cidade, tenta reinventar-se: percorre os corredores da universidade, se refugia nos livros, mas é nas noites do Casarão que descobre outros mundos possíveis. Ao dar à luz um filho que também carrega olhos azuis, Lúcia compreende que sua luta é contra o que não se vê ― uma tristeza antiga, herdada.

Desde o lançamento original, a icônica guerra entre Jonathan e Barbara em A guerra dos Roses (Intrínseca, 288 pp, R$ 59,90, com tradução de André Czarnobai) combina humor ácido com toques de drama conjugal retorna às livrarias após o sucesso de sua nova adaptação, que estreou recentemente nos cinemas. Na obra de Warren Adler, Jonathan é um advogado bem-sucedido e Barbara, uma mulher que dedicou a vida à família. Casados há 18 anos, os Roses parecem levar a vida dos sonhos: moram em um lindo casarão com os filhos, os animais de estimação, uma valiosa coleção de antiguidades e ainda tem uma bela Ferrari na garagem. Mas uma inesperada disputa se inicia logo após Jonathan ter um repentino (e suposto) ataque cardíaco, que desperta em Barbara profundas reflexões sobre o seu casamento. Ao perceber que não se importa mais com o marido e deseja uma vida livre dele, ela inicia os trâmites do divórcio, só que há um desafio para a separação: decidir quem fica com a casa. A propriedade, que representa a paixão de uma vida inteira para ambos, se transforma, então, numa completa zona de guerra, já que um está determinado a expulsar o outro, custe o que custar.

Protagonista do romance Hipopótamo (Todavia, 96 pp, R$ 66,90), de Chico Mattoso, Rodrigo é um garoto introspectivo, filho de pais separados, às voltas com a rotina paulistana do início dos anos 1990: o futebol meio desastrado na escola, a timidez com as meninas da classe, as férias com os avós. Os pais estão no centro de sua vida. Navegando entre as casas de cada um, explorando esses “continentes” tão diferentes entre si, Rodrigo os observa com lentes de especialista: conhece seus hábitos, suas obsessões, até detalhes de sua anatomia — como as estranhas marcas no antebraço da mãe, “pequenos círculos escurecidos e enrugados que mais parecem as pegadas de um hipopótamo em miniatura”. Nem tudo, porém, está ao alcance dos olhos. Rodrigo entende que, a despeito da relação tempestuosa dos pais, algo no passado os mantém unidos. Sabe que ambos foram perseguidos pelo governo, que viveram no exterior e se separaram depois de seu nascimento. Afora isso, é tudo muito nebuloso ― e talvez seja melhor assim. “É bom estar longe das coisas”, afinal. Mas ele se pergunta até que ponto é possível manter essa distância. O autor é roteirista de séries como Pico da Neblina e Encantado’s e publicou os romances Longe de Ramiro (Editora 34) e Nunca vai embora (Companhia das Letras).