A Bienal do Livro Rio realizou a cerimônia de abertura na manhã desta sexta-feira (13), homenageando Ruy Castro. Autoridades, profissionais do livro e representantes dos patrocinadores discursaram ressaltando a importância do evento para a democratização e o acesso ao livro. Em meio às falas, no Palco Apoteose, o principal desta edição, o burburinho das crianças e adolescentes já era ouvido em alto e bom som – mais de 130 mil estudantes de escolas públicas e particulares devem visitar a Bienal neste ano. O homenageado agradeceu e disse estar emocionado, citando em seu discurso o mote Capital Mundial do Livro. “O Rio sempre foi, desde 1808, a capital nacional do livro. Em 217 anos, o Rio recebeu escritores, editores, livreiros e leitores de todo o país. O Rio foi a forja da literatura brasileira nesses séculos todos. É emocionante estar aqui porque essa homenagem acumula uma aventura que começou há mais de 70 anos, quando abri o Alice no pais das maravilhas e nunca mais saí daquelas páginas. Desde que Luiz Schwarcz, meu editor, me inventou como autor, passei a habitar também o mundo do livro”, disse Ruy. Ele disse que na sua função, de escritor de não-ficção, seu objetivo é oferecer ao leitor clareza, objetividade e verdade. "No fim, a gente tem que agradecer a eles, que nos levam para a cama todos os dias. Simbolicamente, quero beijar a mão de todos os meus leitores neste momento”, concluiu. Mais cedo, o prefeito Eduardo Paes elogiou a organização no evento por começar no horário – “raridade no Rio”, brincou o alcalde. Ele disse se sentir emocionado ao receber o Prêmio José Olympio, homenagem do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL). Antes de partir para Brasília em viagem oficial, o prefeito afirmou ter feito questão de participar da cerimônia. “Sejam bem-vindos à maior Bienal da história, a Bienal da Capital Mundial do Livro”, disse. Clique no Leia mais para ler a matéria na íntegra.

A Feira do Livro começa neste sábado (14), na Praça Charles Miller, em São Paulo (SP), e vai até o próximo domingo, dia 22 de junho – o aniversário de 40 anos da redemocratização é o grande tema de sua quarta edição. No decorrer dos nove dias de debates, oficinas, contações de história e outras atividades gratuitas, o evento promovido pela Associação Quatro Cinco Um contextualiza a Nova República em torno de discussões como meio ambiente, história, divulgação científica, cultura afro-brasileira, cultura indígena, alimentação, cultura do livro, teologia, jornalismo, educação, luta antirracista, relações afetivas, empreendedorismo social, entre outros assuntos. Para o jornalista e membro da Academia Paulista de Letras Eugênio Bucci, um dos convidados desta edição da Feira, a grande façanha do período atual é a estabilidade da democracia. "Nós temos muito a celebrar nos 40 anos de democracia desde 1985, mas talvez o que mais mereça a nossa atenção seja a extensão do período de 40 anos de normalidade, de estabilidade. É o grande feito da nossa sociedade", comenta. Bucci participa da mesa "40 anos de Democracia", no Palco Petrobrás, às 13h45, ao lado de Carlos Fico, autor de O golpe de 1964 (FGV) e História do Brasil contemporâneo (Editora Contexto), e do mais recente Utopia autoritária brasileira (Crítica / Planeta), que analisa a história política do Brasil sob o viés do autoritarismo. "Não houve muitas celebrações este ano relativas ao fim da ditadura em 1985, de modo que é muito importante que a Feira do Livro assinale esses período de 40 anos de democracia", afirma o historiador. O diretor artístico da Feira, Paulo Werneck, correlacionou a força de mercados editoriais com a força da democracia: "O nosso mercado editorial é a própria democracia circulando. Não existe nenhuma democracia forte com mercado editorial fraco", afirmou. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

Sob o tema “O ecossistema do livro”, a 33ª Convenção Nacional de Livrarias lotou a sala reservada para sua realização em todas as sessões do dia. Organizada pela Associação Nacional de Livrarias (ANL) no Hotel Lagune, no Rio, o evento tocou novamente no tema da Lei Cortez – sua pauta principal –, procurou ouvir os elos da cadeia, teve falas repetidas, mas também mostrou uma maior urgência do setor em colocar ações e mudanças em prática. A programação se iniciou com a participação de Nicolas Roche, presidente do France Livre – The French Publishing Network, que deu um panorama histórico sobre a Lei Lang na França, projeto que já completa 45 anos e continua estruturando o mercado editorial do país. Roche explicou que as primeiras conversas entre editores e livreiros para a construção da Lei ocorreram ainda nos anos 1970 e que não havia uma unanimidade. A união veio após a Fnac iniciar a venda de livros em Paris. A varejista montou uma loja no coração da vida intelectual da cidade oferecendo descontos de 20% na época e, em seis meses, 11 livrarias fecharam as portas. “O balanço, 45 anos depois, é que ninguém, absolutamente ninguém entre os profissionais do livro e políticos, questiona a Lei”, resumiu Roche que também deu números: “Temos 20 mil pontos de acesso ao livro e 3,5 mil livrarias independentes. Se compararmos território x população, podemos dizer que desenvolvemos a rede mais densa de livrarias do mundo”. Clique no Leia mais para acessar a íntegra desta matéria.

Depois de um primeiro dia com discussões concentradas em inovação, inteligência artificial e desafios do mercado editorial, o Rio International Publishers Summit – evento que antecedeu a Bienal do Livro Rio – debateu, entre outros assuntos, o futuro do audiolivro com especialistas internacionais. A palavra de ordem no painel foi esta: catálogo. Os executivos insistiram na importância da formação de catálogo em áudio para o crescimento e estabelecimento do segmento. "Nos EUA, construímos o mercado juntos, do zero", contou Amanda D'Acierno, presidente da Penguin Random House Audio Publishing Group. Paulo Lemgruber – que é carioca e comanda a operação internacional da Audible desde os EUA – também ressaltou a importância do processo. "Se o consumidor encontra um título que está buscando, ele gosta, permanece e retorna", afirmou. Chantal Restivo-Alessi, diretora digital e CEO de Línguas Estrangeiras Internacionais da HarperCollins Publishers, ressaltou que a qualidade do conteúdo é muito importante – e nem sempre com custo de produção alto. Para Videl Bar-Kar, vice-presidente de Áudio da Bookwire, o mercado brasileiro apresenta muitas oportunidades – não apenas, mas também por conta do alto consumo digital e de áudio em outros formatos e plataformas, como o uso massivo de mensagens de voz por Whatsapp e os altos índices de consumo de podcasts. De acordo com a Pesquisa Conteúdo Digital do Setor Editorial Brasileiro, divulgada em maio, os lançamentos de áudio corresponderam a 21% dos novos livros digitais produzidos no Brasil em 2024, com destaque para as vendas em modelos por assinatura, que cresceram 64% em relação a 2023. Clique no Leia mais para ler a matéria na íntegra.

A Revista PublishNews – projeto inédito da plataforma de notícias do mercado editorial brasileiro – já está circulando! Visitantes da Bienal do Livro Rio já podem retirar seus exemplares no Boulevard Literário (montado pela Catavento Distribuidora no Pavilhão 4, verde (T09/U10), bem como no estande do SNEL (Rua R, 02 – pavilhão 4, verde). Neste fim de semana, quem estiver em São Paulo e for n'A Feira do Livro, na Praça Charles Miller, também poderá encontrar e revista no estande da Livraria da Travessa. Algumas livrarias pelo Brasil, como unidades da Livraria Leitura e da Martins Fontes, também vão receber exemplares – e em breve o PN vai anunciar novidades sobre distribuição digital do conteúdo. A ilustração de capa do projeto foi realizada pela artista e ilustradora Ing Lee, vencedora da edição mais recente do Prêmio Jovens Talentos. "Ao criar a capa para a revista, brincamos com uma cena tipicamente carioca na praia de Ipanema, porém com alguns detalhes fantásticos que podem passar desapercebidos à primeira vista. Almejei uma atmosfera divertida e refrescante, trazendo elementos que tornam o Rio único e ao mesmo tempo universais, que integram a nossa identidade brasileira", explica Ing. O projeto gráfico foi desenvolvido pela Desenho Editorial, liderada pelo designer Guilherme Xavier. "Foi um prazer e também um desafio dar forma a essa primeira edição da Revista PublishNews", conta. "Criar um projeto gráfico que dialogasse com a inteligência do conteúdo, com a tradição do jornalismo do PN e com as transformações do mercado editorial exigiu um olhar atento e criterioso". Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei que estabelece o marco legal para o Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD). O programa distribui livros didáticos, pedagógicos e literários para alunos e professores das escolas públicas de educação básica em todo o país. Embora exista como política de governo desde 1937, esta é a primeira vez que ele recebe uma regulamentação por lei, sendo atualmente regido por um decreto de 2017. O projeto será analisado agora, de forma conclusiva, pelas comissões de Finanças e Tributação e de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ). Para virar lei, a proposta precisa ser aprovada pela Câmara e pelo Senado. O texto aprovado foi o substitutivo do deputado Prof. Reginaldo Veras (PV-DF) ao Projeto de Lei 3965/23. O texto estabelece que o PNLD garante a oferta de materiais que respeitem as diferentes concepções pedagógicas. O relator, deputado Daniel Barbosa (PP-AL), destacou que a aprovação da lei trará mais estabilidade ao PNLD. Barbosa falou ainda da importância do programa para o país. “Estimular o hábito da leitura desde cedo é fundamental para os estudantes. Ao poder público cumpre prestigiar a disseminação do bom conhecimento”, afirmou. As informações são da Agência Câmara. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

Campos dos Goytacazes (RJ) recebeu, em sua 12ª Bienal do Livro, cerca de 80 mil visitantes. O evento foi realizado no Centro de Eventos Populares Osório Peixoto (Cepop) – complexo administrado pela Prefeitura –, com entrada franca, entre os dias 30 de maio e 8 de junho. Com o tema “Descobertas e reencontros”, o evento homenageou o cartunista Ziraldo (1932-2024). Na tenda-galpão de 2.250 m², expositores ocuparam 32 estandes, exibindo cerca de 150 títulos. O evento teve cerca de 12 horas diárias de programação, realizadas nos espaços temáticos Arena Jovem/Arena de Ideias; Café Literário; e Arena Maluquinha (Espaço Infantil). A festa da literatura contou com as presenças de convidados ilustres, com destaque para Roseana Murray, Conceição Evaristo, Ruy Castro, Viviane Mosé, Cora Ronai, Fabrício Carpinejar, André Trigueiro, Juca Kfouri, Mary Del Priore, Juliana Dal Piva, Eliana Alves Cruz, Julio Emilio Braz, MV Bill, Elisa Lucinda, Marcelo Janot, Bia Bedran, Paulo Lins, Maria Ribeiro, Thalita Rebouças, Braulio Tavares, André Vianco, Regina Zappa, Otávio Júnior e Sérgio Rodrigues. Clique no Leia mais para acessar a íntegra desta nota.

A Lista de Mais Vendidos do PublishNews desta semana trouxe sete novidades e uma queda de 2% em relação a semana passada. Com quatro livros de colorir ocupando as primeiras posições da Lista Geral, o destaque vai para a autora Freida McFadden, que emplacou o seu oitavo livro na lista de mais vendidos do PN: A sete chaves (Arqueiro), na 16ª posição em Ficção. Na nova obra da autora do best-seller A empregada, o leitor acompanha Nora Nierling, filha de um homem que matava mulheres no seu porão. Freida McFadden é médica, especializada em lesões cerebrais. Vencedora do Thriller Writers Award e do Goodreads Choice Award, seus livros já foram traduzidos para mais de 40 idiomas. Quem também merece destaque é Ruy Castro. Seu novo livro, Trincheira tropical: A Segunda Guerra Mundial no Rio (Companhia das Letras), garantiu também a 16ª posição em Não Ficção. Em um de seus trabalhos mais ambiciosos, Ruy levanta uma história que nunca tinha sido contada: a dos espiões, refugiados, quintas-colunas, diplomatas e artistas na capital federal do Brasil durante a Segunda Guerra. Também em Autoajuda, outro nome que estreou em grande estilo: Bruno Brito com Excelência (Buzz). Clique no Leia mais para acessar a íntegra desta nota.

A casa de Dalton Trevisan será transformada em Centro Cultural. De acordo com reportagem da Folha, a parceria com a prefeitura foi anunciada nesta quarta (11). Apelidado de Vampiro de Curitiba, Dalton foi um relevante cronista brasileiro falecido no ano passado e que tem seu centenário comemorado neste sábado (14). A Folha publicou também que a delegação da Flup levou autores como Djamila Ribeiro, Itamar Vieira Junior e Daniel Munduruku para Étonnants Voyageurs, na França. E foi lá também a publicação de um mapa literário do Rio de Janeiro, que disseca locais da cidade que figuraram em obras literárias dos séculos 19 e 20. A Academia Brasileira de Letras (ABL) elegerá o sucessor da cadeira 33, ocupada pelo gramático Evanildo Bechara, que morreu em maio. Uma reportagem no Estadão abordou a candidatura de Ana Maria Gonçalves e de Eliane Potiguara para a cadeira. Em uma reportagem especial, o veículo também visitou a biblioteca pessoal do arqueólogo Rodrigo Silva e listou cinco curiosidades sobre Fernando Pessoa, escritor português que completaria 137 anos nesta sexta (13). Em clima da Bienal do Livro Rio, o Valor Econômico produziu um texto sobre o esforço de 20 editoras independentes em participar do evento e que dividirão estande de 204 m². Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

Pelo quarto ano consecutivo, a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro (Sececrj) marcará presença na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). A 23ª edição do evento terá um espaço dedicado exclusivamente, e de forma gratuita, aos fazedores de cultura do estado: a Casa da Leitura e do Conhecimento. E para preencher a programação, está aberta a convocatória para seleção de propostas de diferentes segmentos artísticos. Os selecionados vão ganhar um template para divulgação em suas redes e um certificado de participação, que irá somar-se ao seu portfólio. A Flip acontece entre os dias 30 de julho e 3 de agosto. A chamada fica aberta até o dia 23 de junho e as inscrições devem ser feitas através de preenchimento de formulário online. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

Partes de Mim: A vida com minha mãe e meu irmão (Globo Livros, 213 pp, R$ 64,90 – Trad.: Steffany Dias), é a autobiografia sincera e humana de Whoopi Goldberg — uma das vozes mais marcantes do entretenimento mundial. Vencedora do Emmy, Grammy, Oscar e Tony — um feito reservado a pouquíssimos artistas — Whoopi abre seu coração para revelar suas raízes e as histórias que moldaram sua infância. Nascida Caryn Johnson, nos arredores de Nova York, Whoopi narra sua trajetória com coragem e autenticidade. Em um relato íntimo, ela revisita suas origens e relembra uma infância cheia de desafios, mas também de vínculos profundos com a mãe — uma mulher de força inabalável — e com o irmão, seu grande parceiro de vida. A obra é uma homenagem ao poder da família e à busca por identidade e pertencimento. Whoopi conduz o leitor por momentos de vulnerabilidade e superação: o enfrentamento do vício em drogas, a dor da perda de entes queridos, e os bastidores nem sempre glamourosos do estrelato em Hollywood e no teatro.

Nordestina. Negra. Feminista. Sufragista. Figura de destaque na luta pelos direitos femininos no país, Almerinda Gama permaneceu por muitos anos relegada à rubrica de “mulher misteriosa” na foto que viraria símbolo da conquista do voto feminino. No livro Almerinda Gama: a sufragista negra (Todavia, 280 pp, R$ 89,90) Cibele Tenório retraça não apenas o pioneirismo político de uma mulher negra à frente de seu tempo, mas também as mil vidas dessa pianista, poeta, jornalista, escritora cuja história íntima — e para sempre impressionante — se confunde com a história do Brasil. O livro foi o vencedor do Prêmio Todavia de Não Ficção. Cibele Tenório é doutoranda e mestra em história pela Universidade de Brasília (UnB) e estuda o sufrágio feminino e o ingresso das mulheres na política institucional brasileira. Desde 2005 atua como repórter, roteirista, produtora, editora e apresentadora, com passagens por diversos veículos de imprensa públicos e privados.

Após uma adolescência turbulenta, Niall Harbison alcançou notável sucesso profissional e desfrutou de uma vida de luxos, festas e reconhecimento. No entanto, seus vícios o levaram ao fundo do poço e o deixaram à beira da morte. Hoje um fenômeno nas redes sociais, ele compartilha com milhões de seguidores a sua movimentada rotina como protetor de cachorros de rua na Tailândia. Em Os cães que me salvaram (Intrínseca, 224 pp, R$ 69,90 – Trad.: Renato Marques) o irlandês narra como o propósito de vida de salvar cães o resgatou de seus piores momentos. Em uma breve introdução, Niall conta como após atravessar uma infância relativamente tranquila começou a enfrentar problemas na adolescência com o dramático divórcio dos pais. Os cães que me salvaram é o relato apaixonado de um homem que reencontrou o amor pela vida em seus amigos de quatro patas. Mesmo com as dificuldades que enfrentou, Harbison coloca como protagonistas de sua história os cães que tornam seus dias únicos.

Embora se aproxime da forma romanesca, ainda que breve, O príncipe do boxe (Seja Breve, 88 pp, R$ 64,90), de Fabio Altman, é mais um acerto afetuoso com o passado familiar, a partir de fatos biográficos e memórias compartilhadas. Conta a história incrível de Waldemar Zumbano, um dos pilares da família de pugilistas que deu às luzes do ringue o maior campeão brasileiro de todos os tempos, Éder Jofre. Neno, como era chamado, foi um pugilista comunista (ou comunista pugilista, dependendo da situação). Levantando a folha corrida exemplar do avô, Fabio Altman persegue, com argúcia de repórter e alma de escritor, os feitos notáveis de um esportista e cavalheiro dos punhos que foi preso pela ditadura Vargas, treinou companheiros e carcereiros na cadeia, chefiou os pugilistas da delegação olímpica de 1964 e chegou a ser chamado de “Príncipe” por um dos príncipes da poesia brasileira, entre outras aventuras. Fábio Altman é jornalista e um dos redatores-chefes da revista Veja.

O lema da Organização da Unidade Afro-Americana (OAAU), fundada por Malcolm X em 1964, dá título a Custe o que custar (Ubu, 256 pp, R$ 79,90 – Trad.: Rogério Galindo), uma coletânea de discursos, entrevistas e declarações proferidas no último ano de sua vida. É nesse período, após romper com a Nação do Islã, que sua visão política ganha novos contornos e uma escala internacional. Ao longo de suas falas – registradas em comícios no Harlem, debates universitários, fóruns militantes e encontros com revolucionários africanos e asiáticos –, Malcolm reflete sobre temas como solidariedade negra, autodefesa, anticolonialismo, internacionalismo, socialismo e a instrumentalização religiosa para fins de dominação. Fala sobre sua ruptura com Elijah Muhammad, a criação da OAAU, a necessidade de denunciar os EUA por crimes contra os direitos humanos, e a urgência de uma nova organização política para a luta negra. Mais que um registro histórico, Custe o que custar é a documentação de uma transformação radical – a de um líder que, até seus últimos dias, buscou reinventar as formas de resistência à opressão racial e estrutural.