Obras religiosas e o novo livro do Zico estão entre as principais novidades da semana na Lista de Mais Vendidos do PublishNews, no ar desde a última sexta-feira (29). A Editora Vida emplacou dois novos títulos: Saúde do Reino, de Tatiana Capanema – que estreia em terceiro lugar geral na Lista – e Famílias indestrutíveis, de Rafael Nery. Já o livro O efeito Zico (Planeta Estratégia), de Marcos Eduardo Neves e Zico, faz sua estreia na categoria de Não ficção. A Lista de Mais Vendidos do PublishNews faz um retrato das vendas em algumas das principais livrarias físicas e virtuais do país, coletando dados de 39 redes e lojas a partir do sistema da Bookinfo. A relação divulgada nesta segunda-feira (1º) contabiliza as vendas entre 18 e 24 de março de 2024. Entre as dez primeiras posições da categoria Não ficção, estão seis livros religiosos – incluindo o líder disparado deste ano, Café com Deus pai (Vélos), de Junior Rostirola. Todos são escritos por autores e autoras brasileiros. Livros que tiveram destaque recente na mídia, como O despertar do universo consciente (Record), de Marcelo Gleiser, Em agosto nos vemos (Record), de Gabriel García Márquez, e O avesso da pele (Companhia das Letras), de Jeferson Tenório, também permanecem em boas posições na relação. Clique no Leia mais para ler a matéria na íntegra.

Neste episódio do Podcast do PublishNews, o novo gerente editorial da Panini, Guilherme Kroll, traz seus mais de 15 de experiência no mercado editorial de histórias em quadrinhos e publicações para falar sobre o início do seu trabalho na editora, a maior casa de quadrinhos do país. Ao analisar o setor de HQs como um todo, Kroll oferece insights sobre os meandros e as particularidades deste tipo de publicação no Brasil, discutindo os caminhos dos títulos até a Lista de Mais Vendidos, os diferentes gêneros do mangá – negócio forte no Brasil há mais de 20 anos –, e o papel do editor no país. Guilherme Kroll é editor, tradutor e autor, fundador da Balão editorial e passagens em editoras como a Conrad e a Moderna. O Podcast do PublishNews é um oferecimento da MVB, a empresa que torna os seus livros visíveis com serviços como Metabooks e Pubnet; da UmLivro, novo modelo de negócios para o mercado editorial: mais livros e mais vendas; e da Câmara Brasileira do Livro (CBL), a entidade que representa editores, livreiros, distribuidores e demais profissionais do setor. Você também pode ouvir o programa pelo Spotify, iTunes; Google Podcasts, Overcast e YouTube.

O livro O avesso da pele (Companhia das Letras) – alvo de censura por parte de governos estaduais – tornou-se leitura obrigatória do vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Segundo a Folha, quatro obras estreiam na lista: Niketche: Uma história de poligamia (Companhia das Letras), de Paulina Chiziane, Mas em que mundo tu vive (Todavia), de José Falero, uma seleta de canções de Lupicínio Rodrigues e O avesso da pele (Companhia das Letras). Diversos veículos noticiaram que a universidade de Harvard removeu a encadernação de edição de livro que continha pele humana em sua capa. Em comunicado oficial, Harvard disse que removeu a a encadernação do livro Des destinées de l'Âme (Os destinos da alma) devido à "natureza eticamente carregada das origens do livro". No Splash Uol, o colunista Rodrigo Casarin critica postura "acovardada" de Lula diante do aniversário de 60 anos do Golpe de 64 e recomenda três livros sobre a Ditadura Militar. O Estadão reproduziu uma reportagem do New York Times sobre a repercussão do novo livro de Gabriel García Márquez e o impacto da obra póstuma no turismo na cidade de Aracataca, onde o autor nasceu. No caderno Pensar, do Estado de Minas, a publicação de um trecho da nova edição de Tempos extremos (Intrínseca), livro de Míriam Leitão. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

No dia 8 de abril, uma delegação com 23 editoras brasileiras desembarca na Itália para a 61ª edição da Feira do Livro Infantil e Juvenil de Bolonha, a maior feira literária do mundo dedicada ao segmento infantojuvenil. O evento, que ocorre até 11 de abril, terá um estande brasileiro com programação exclusiva realizada pelo Brazilian Publishers (BP) – projeto de internacionalização de conteúdo editorial brasileiro realizado por meio de uma parceria entre a Câmara Brasileira do Livro (CBL) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) - e o Ministério das Relações Exteriores. Nesta edição, as editoras que compõem o grupo que participa do evento para negociar com editores do mundo todo são: Ôzé; Viajante do Tempo; Pé da Letra; Biruta; Pallas; Callis; Girassol Brasil; Carochinha; Telos Editora; FTD Educação; Ciranda Cultural; Bom Bom Books; Pingo de Luz; VR Editora; Mil Caramiolas; Todolivro; Online; Global; Grupo SM Educação; Panda Books; Jujuba; Instituto Incluir; e Solisluna. Além da comitiva empresarial, o Brasil contará com um grupo de representantes institucionais, entre eles, Karine Pansa, presidente da International Publishers Association (IPA) e diretora da CBL; Sevani Matos, presidente da CBL; Fernanda Gomes Garcia, diretora-executiva da Câmara; Rayanna Pereira, coordenadora do programa de internacionalização; e Daniel Munduruku, escritor brasileiro. Segundo a CBL, a expectativa é manter o que foi gerado em negócios no ano passado: US$ 448 mil em negócios, com a venda de livros físicos e de direitos autorais. Além disso, o estande brasileiro irá sediar dois eventos. Clique no Leia mais para acessar a íntegra desta nota.

A 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo - que será realizada de 6 a 15 de setembro, no Distrito Anhembi - escolheu novamente a Rino & Partners como a agência de comunicação integrada do evento. O projeto contempla campanhas publicitárias, redes sociais e relações públicas, esta última com atuação da Communica Brasil, que também irá atuar novamente com a Rino. “Estar novamente no time de comunicação do maior evento literário da América Latina é uma alegria imensa. Os resultados de mídia em 2022 foram bastante expressivos e o nosso desafio é superar o resultado anterior”, afirma a sócia-diretora da Communica Brasil, Andrea Funk. Realizada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e organizada pela RX, a Bienal Internacional do Livro de SP tem a expectativa de receber este ano cerca de 660 mil visitantes em uma área de 67 mil m². O evento já conta com mais de 150 expositores editoras, livrarias, distribuidores e editoras independentes entre eles empresas como: Ciranda Cultural, Record, Cia das Letras, Sextante, VR Editorial, Faro Editorial, Distribuidora e Livraria Loyola, Livraria da Vila, HarperCollins, Cortez, Labrador, Panini, Girassol, entre outros. Clique no Leia mais para acessar a íntegra desta nota.

O novo Women’s Prize for Non Fiction, que pretende celebrar as narrativas de não ficção escritas por mulheres, anunciou na última semana as suas seis finalistas. A lista, segundo o júri, “consiste em obras que desafiam ideias predominantes ou recuperam narrativas do nosso passado, ao mesmo tempo que abrem novos caminhos na escrita de não ficção”. Entre as finalistas está a obra Thunderclap, de Laura Cumming, e que explora a vida do pintor Carel Fabritius, morto aos 32 anos, quando uma explosão de pólvora devastou a cidade holandesa de Delft. O que aconteceu com Fabritius antes e depois deste desastre é apenas uma das descobertas de um livro que explora a relação entre arte e vida, entrelaçando a vida de Laura, seu pai pintor escocês, que também morreu muito jovem, e dos grandes artistas de a Idade de Ouro Holandesa. A historiadora de Harvard, Tiya Miles também está entre as finalistas com All that she carried. E a jornalista e ativista Naomi Klein também concorre com Doppelganger. O Prêmio será concedido anualmente e está aberto a todas as escritoras de todo o mundo que publicam no Reino Unido e escrevem em inglês. A vencedora recebe um cheque de £ 30 mil e uma obra de arte de edição limitada. Clique no Leia mais para acessar a íntegra desta nota.

O 3º Concurso Internacional de Ensaios – Prêmio Gilberto Freyre 2024/2025 está com inscrições abertas até 30 de novembro de 2024. Esta será a décima edição do concurso e a terceira no formato internacional, que receberá trabalhos inéditos, escritos em português, oriundos de qualquer país, além do Brasil. Para a inscrição, o trabalho precisa ser inédito – não ter sido publicados anteriormente como livro, seja impresso ou digital – e deve ter, no mínimo, 100 páginas. O autor – ou autores – do ensaio escolhido pela comissão irá receber R$ 20 mil como prêmio e terá o trabalho publicado como livro pela Global Editora – casa editorial responsável pela publicação das obras de Gilberto Freyre. A premiação é uma realização da Fundação Gilberto Freyre (FGF) em parceria com a Global Editora. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

Nesta segunda-feira (1º), o Ministério da Educação (MEC) — por meio da Secretaria de Educação Básica (SEB) e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) — realiza audiência pública para definir especificações técnicas do Edital de Convocação do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) Ensino Médio, voltado ao ciclo 2026-2029. O evento, de formato híbrido, terá início às 15h, no Auditório Vander Oliveira Borges, na sede do FNDE, com transmissão ao vivo pelo canal do FNDE no YouTube. Entre os participantes, estarão equipes técnicas do MEC e do Fundo, além de representantes do setor produtivo e da sociedade civil. A audiência pública deve chamar atenção após o caso de censura do livro O avesso da pele (Companhia das Letras), de Jeferson Tenório, recolhido por governos estaduais após distribuição pelo Programa. Clique no Leia Mais para ler a nota na íntegra.

A editora Luz da Serra está à procura de um designer editorial que tenha formação em Design Gráfico, Design Editorial, Editoração, Jornalismo, Publicidade e Propaganda e áreas afins. É preciso também ter conhecimento do fluxo editorial e etapas de produção editorial; experiência com desenvolvimento de capas para livros e impressos em geral; e experiência com desenvolvimento de artes para mídias sociais e campanhas de tráfego pago. As funções do cargo incluem realizar a diagramação de livros, apostilas e impressos em geral; fazer a criação de desenvolvimento de projeto gráfico para livros; manter contato com fornecedores e profissionais relacionados à produção do livro; criar peças para campanhas de marketing e redes sociais; e produzir, ajustar e adaptar materiais gráficos para cursos. A vaga é presencial e interessados devem encaminhar currículos para oportunidades@luzdaserra.com.br.

A Elo Editora está contratando um web designer com essencial experiência em diagramação, conversão e ajustes de livros editados em InDesign para ePub. É necessário ainda ter domínio das ferramentas: InDesign, Illustrator, Photoshop e Acrobat Professional; ter conhecimento em editores de ePUBs, como o Sigil; conhecimento em HTML e HTML5; e graduação em Web design e/ou Design gráfico. A editora procura uma pessoa com perfil organizado e que possua facilidade para gerenciar múltiplas tarefas. A vaga é para trabalhar na Zona Sul de São Paulo. Interessados devem encaminhar currículos para o e-mail curriculos@eloeditora.com.br até 15 de abril.

A Saint Paul Editora abriu uma vaga para auxiliar estoquista. A pessoa contratada irá receber, conferir e armazenar mercadorias; realizar separação e despacho de pedidos; organizar estoque; acompanhar as entregas e reportar ao demais times; fazer controle de notas fiscais de entrada e saída; atender feiras e eventos (montagem de stand e atendimento); realizar orçamentos de fretes; elaborar relatórios de estoque; e dar suporte a área comercial e financeira. Os requisitos incluem formação superior completa e/ou em curso em Administração ou áreas relacionadas; experiência com a rotina administrativa/ estoque; domínio completo de programas do Microsoft Office; conhecimento em ERPs/sistemas de venda, preferencialmente Bling; habilidades com plataformas de e-commerce (Tray) e marketplaces; conhecimento de rotinas de envio; ter excelente habilidade de comunicação verbal e escrita; e residir em São Paulo. A vaga é 100% presencial. Interessados devem enviar currículos para contato@saintpaul.com.br, até 10 de abril, com pretensão salarial.

A Minha Biblioteca, plataforma de streaming de livros, anunciou nesta quinta-feira (28) a chegada de mais uma editora para compor o seu acervo: a Editora Contexto, que se destaca por seus livros de prestigiados autores na área de Ciências Humanas. A partir de 28 de março, os leitores da MB já contarão com cerca de 350 títulos, chegando a 700 obras da editora até o fim de maio. Presente em cerca de 80% das faculdades e universidades mais prestigiadas do país, a Minha Biblioteca registrou em 2023 o número de 7,4 milhões de horas de leitura em sua plataforma, o que representa um crescimento de 14% em relação ao ano anterior. De acordo com Giselle Guimarães Ramos, CEO da Minha Biblioteca, a chegada da Contexto reforça o posicionamento da empresa de democratizar o acesso ao conhecimento. “Estamos muito felizes com a chegada da Contexto que é uma editora nacional importante que se une às demais com títulos que são referência em diversas áreas. Teremos um apoio grande agora com um maior aporte de livros de temas desde revoluções e história antiga, até negócios internacionais nos tempos atuais. Nós temos o constante desafio de trazer o melhor para o nosso acervo e essa parceria chancela ainda mais a curadoria de qualidade que temos na MB”, comenta. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

A Boitempo prepara uma ação especial para lembrar os 60 anos do golpe civil-militar de 1964. Todos os e-books sobre o tema estarão com desconto de 60% entre os dias 1° e 2 de abril, nas principais plataformas especializadas. “Foram anos sombrios da nossa história, é lamentável a posição do Governo Federal de cancelar eventos oficiais de crítica ao golpe. A Boitempo não poderia deixar de se posicionar. Neste momento de avanço conservador, devemos nos opor com firmeza a quem releva ou propõe o esquecimento dos que mataram e torturaram”, diz a diretora Ivana Jinkings. Entre as obras selecionadas, destaque para as coletâneas O que resta da ditadura: a exceção brasileira, de Edson Teles e Vladimir Safatle (org.); Ditadura: o que resta da transição, de Milton Pinheiro (org.); e as ficções históricas Arrigo, de Marcelo Ridenti; Cabo de guerra, de Ivone Benedetti e Um dia esta noite acaba, de Roberto Elisabetsky, entre outros. A Boitempo realiza também uma série de debates sobre o legado da ditadura. Live na TV Boitempo com a presença de autores e jornalistas e um encontro presencial, em parceria com a livraria Megafauna. Para que não se repita: conversando sobre a ditadura com novas gerações, contará com a presença transgeracional de Amelinha Teles, Cao Hamburger, Tatiana Filinto e mediação de Carolline Sardá. O debate acontece a partir das 19h da quinta-feira (4). A entrada é gratuita. Clique no Leia mais para acessar a íntegra desta nota.

“Não é necessário lembrar. Cada brasileiro sabe. E muitos continuam sentindo, 30 anos depois, como foi aquele 1° de maio de 1994: o lugar onde estava, as palavras que pronunciou, o vazio que o capacete imóvel abriu no peito, a angústia do resgate inútil, os pés alinhados e caídos, a mancha vermelha no chão de cimento branco, o domingo desfeito em perplexidade e o baque definitivo, no meio da tarde, direto do Hospital Maggiore, em Bolonha”. São com estas palavras que o jornalista Ernesto Rodrigues revisita o livro Ayrton: o herói revelado (Tordesilhas, 512 pp, R$ 98,90). A edição, atualizada e contextualizada, abrange acontecimentos significativos ocorridos no período “pós-Senna” tanto no Brasil como na Fórmula 1. “Verifico, com prazer, passados 30 anos da perda de Senna, que, além da veracidade, permanência e relevância do que Ernesto escreveu em 2004 [...] Ayrton: o herói revelado, assim como Senna, continua importante, emocionante e inesquecível”, afirma o comentarista Reginaldo Leme. Nos quase 100 novos trechos inseridos no texto da biografia original estão relações amorosas; bastidores das temporadas em que ele dividiu a McLaren com o grande rival Alain Prost; a crise interna que precedeu o acidente polêmico na decisão do campeonato de 1990; as façanhas em Donington Park e no circuito de Mônaco; o terremoto provocado na família Senna por Adriane Galisteu. Contempla, também, uma contextualização da trajetória esportiva do piloto em comparação com os campeões que o sucederam, como Schumacher, Fernando Alonso, Sebastian Vettel, Lewis Hamilton e Max Verstappen. Para contemplar esse lado emocional e pessoal, o autor traz para a nova edição um relato do heptacampeão mundial de Fórmula 1, Lewis Hamilton.

Por quase 70 anos, Enzo Ferrari dominou um império automobilístico que definiu o mundo dos carros de alto desempenho e que se mantém sólido até os dias de hoje. Mas será que o modenense, tão reverenciado na Itália quanto o papa, era o padrone benigno retratado pela imprensa que o idolatrava, ou apenas um déspota implacável que levava sua equipe à beira da loucura? Ferrari, a biografia definitiva de Brock Yates publicada em 1991, penetrou o verniz brilhante e impecável da empresa. Com isso, revelou a verdade por trás das relações de poder de Enzo Ferrari e sua obsessão fanática pela velocidade. Sua publicação despertou tanto o furor dos admiradores do fundador da empresa quanto a aclamação de historiadores. Esta nova edição de Ferrari: O homem por trás das máquinas (BestSeller, 552 pp, R$ 69,90 - Trad.: Carlos Szlak), inédita no Brasil, acrescenta informações cruciais sobre a trajetória da empresa após a morte do fundador. Além disso, o leitor terá acesso a análises sobre as relações econômicas que a Ferrari desenvolveu ao longo dos anos e novas fotos inéditas. A obra mergulha a fundo na vida do empresário de Módena, desde seu relacionamento problemático com o filho ilegítimo até o marketing que fez da Ferrari o que ela é.

Livro de recordações? De percepções? Registros de conversas? De situações ora embaraçosas, ora envolvidas por um encanto inexplicável? Encontros que em certo momento atravessaram o destino de uma vida e se perpetuaram pela escrita? Clarice na memória de outros, fruto de quatro décadas de pesquisa de Nádia Battella Gotlib, registra tais experiências mediante uma coleção de 65 vozes que se pronunciam em torno de Clarice Lispector. São cartas, fragmentos, entrevistas, anotações, artigos em recortes de jornais, poemas e crônicas de pessoas que tiveram diferentes modos de relacionamento com a escritora: familiares, amigos, colegas, admiradores, jornalistas, editores, pesquisadores, artistas plásticos, músicos, diplomatas, atores, escritores, críticos. Em sua maioria textos inéditos, em Clarice na memória de outros (Autêntica, 504 pp, R$ 94,90) convivem, lado a lado, diferentes vertentes do gênero biográfico: do mais canônico, numa perspectiva documental de teor mais objetivo, ao ficcional, em que o factual se rende às instâncias criativas do autor. A pesquisa de Nádia Battella Gotlib, especialista em Clarice Lispector, contribui para a construção de um mosaico de recordações, um caleidoscópio de perspectivas que revela a mulher multifacetada por trás da escritora genial.

Entre o Atlântico e a mantiqueira — Diários, 1883-1884 (Chão, 664 pp, R$ 130) é o primeiro volume dos diários de maturidade de André Rebouças, um dos principais intelectuais negros brasileiros, pioneiro na introdução e no ensino da engenharia civil no Brasil. Rebouças manteve um diário íntimo desde seus primeiros trabalhos como engenheiro militar, logo após retornar de seus estudos na Europa, em 1863. No entanto, em meados da década de 1870 seu mundo viraria de ponta-cabeça em meio à crise na gestão de uma de suas principais obras e à morte de seu irmão, em 1874, e de seu pai, em 1880. Como desdobramento dessa crise, entre 1877 e 1882 Rebouças parou de escrever diários ou destruiu, posteriormente, seu conteúdo. Quando os retomou, em 1883, está em Londres, em contato com o movimento abolicionista internacional e com diversos engenheiros e capitalistas, planejando portos e estradas de ferro. Desde então, escreveu diariamente em pequenas agendas. Suas anotações começavam sempre com uma observação sobre o tempo e a posição dos astros no céu, seguidas da informação da temperatura do dia. Levantava-se geralmente às cinco da manhã e frequentemente associava a suas notas recortes de jornais, comentados no posfácio deste volume. Apesar do estilo sucinto da agenda, o texto permite que o leitor acompanhe as atividades de Rebouças primeiro em Londres, onde ele se encontra com Joaquim Nabuco, já então o mais conhecido dos abolicionistas brasileiros. Em seguida, mostra-nos sua viagem de trabalho à Holanda e, pouco depois, o retorno ao Brasil, onde acompanhamos as atividades do engenheiro em Minas Gerais e sua atuação na imprensa da Corte em prol da propaganda abolicionista — até a abolição da escravidão no Ceará em 25 de março de 1884 e o reencontro com Joaquim Nabuco no Rio de Janeiro, em maio desse ano.