Se 2022 foi um ano em que os eventos literários e do mercado editorial retomaram suas versões presenciais e testemunharam corredores e ruas lotados, em 2023 a perspectiva é de continuidade no ritmo, e, quem sabe, até de um aumento na oferta de feiras e festivais, dentro e fora do Brasil. O PublishNews angariou datas de eventos já confirmados para este ano – e vamos acrescentar aqui as novas datas de outros assim que forem divulgadas. Já sobre a Flip, a Prefeitura de Paraty (RJ) divulgou em seu calendário oficial datas para a 21ª edição da Festa para julho. Mas a Flip ainda não confirma a informação por conta de atrasos na liberação da Lei de Incentivo à Cultura. Marcado para acontecer de 29 de abril a 7 de maio, o Flipoços 2023 terá como tema "Literatura e fotografia, as histórias que as imagens não contam". Sobre a Bienal do Livro Rio (marcada para setembro), o presidente do Snel, Dante Cid, afirmou ao PublishNews que está buscando opções para tornar o evento mais atraente, de escopo maior do que o que já existe. "A Bienal não pode ser apenas uma feira de venda de livro", disse. "Queremos incrementar e de algumas formas vamos dar outras dimensões", prometeu. Clique no Leia mais para ver a lista completa.

O PublishNews+, área exclusiva para assinantes do PN, tem adiantado, semanalmente, os livros que só chegarão às livrarias em 45 dias. O serviço, chamado de Próximo Capítulo, é realizado graças a uma parceria com a MVB / Metabooks e tem por objetivo municiar livreiros de informações do que está no prelo das editoras. Nessa semana, o Próximo Capítulo traz as novidades que chegarão às livrarias entre 19 a 25 de fevereiro de 2023. Entre as novidades está Os corações perdidos (Intrínseca), obra distópica escrita por Celeste Ng, na qual a autora fala sobre racismo e xenofobia. No livro, asiáticos-americanos são vistos com desprezo e desconfiança por seus vizinhos e pelo governo. Prestes a chegar nas livrarias também está o thriller Alguém que você conhece (Record), de Shari Lapena, e que já foi escolhido pela TAG Inéditos. A Bertrand também lança em breve Tudo que é sólido desmancha no ar. O livro escrito por Darragh McKeon narra a forma como a vida de quatro protagonistas é permanentemente afetada pelo acidente de Chernobyl. E a Galera prepara o lançamento de Uma sombra na brasa, primeiro volume da série Carne e Fogo, baseada no universo de Sangue e Cinzas. Confira todas as novidades clicando aqui. Por enquanto, o Próximo Capítulo está aberto para todos os que se cadastrarem na plataforma, mas em breve o serviço ficará exclusivo para os assinantes do PN+. A nova seção se soma a outros serviços oferecidos aos assinantes do PN+, como o Radar de Licitações. Clique aqui para saber como ser um assinante do PN+.

A editora Global – que comemora 50 anos em 2023 – abriu uma vaga para coordenador editorial. É preciso residir em São Paulo, pois o modelo de trabalho é presencial; ter formação concluída em Letras, Produção Editorial, Educação ou similares; experiência em leitura crítica, tratamento de originais, relação com autores, edição e redação de textos e revisão de conteúdo; e conhecimento do processo editorial completo. A editora pede ainda que os interessados na vaga tenham mais de quatro anos de experiência no mercado editorial; experiência no desenvolvimento de projetos editoriais para materiais voltados para literatura; e experiência com preparação e revisão de textos literários, com aplicação de estilagem. As funções do cargo incluem a leitura crítica de originais e edição de materiais; edição de textos; edição de conteúdos digitais; aprovação de provas gráficas; e contribuir com cada um dos profissionais envolvidos em todas as etapas da produção editorial. A editora trabalha com pretensão salarial e interessados devem encaminhar currículos para recrutamento@globaleditora.com.br informando no assunto o nome do cargo desejado – Coordenador Editorial Literatura.

Seguindo a tendência global de controle da crise do clima e da energia, a Hachette Livre – empresa dona da Hachette Book Group e subsidiária da Lagardère SA – anunciou uma estratégia de redução das emissões de carbono. Com a meta ambiciosa de reduzir em 30% suas emissões até 2030, a editora pretende buscar sistemas de operações mais ecológicos e eficientes. Em 2021, a empresa reportou € 2,5 bilhões em receita e o total de seus negócios compreende mais de 200 selos, que juntos publicam cerca de 16 mil novos títulos por ano em uma dúzia de idiomas (principalmente inglês, francês e espanhol). As iniciativas foram anunciadas no final do ano passado em um relatório da companhia apelidado do “Plano da Biodiversidade". O plano da empresa tem metas como: a redução do uso de plástico e de 30% da proporção de livros triturados; diminuição de 26% da intensidade de carbono na fabricação do papel, e de 18% na impressão e na encadernação de livros; redução no frete upstream e downstream; e utilização de 100% de energia renovável até 2026. Clique no Leia mais e confira a matéria na íntegra.

A Pottermore, a editora digital global do mundo de Harry Potter, criado pela escritora J. K. Rowling, teve um baque nos lucros no ano de 2022. Após o superávit de vendas em 2021, o ano passado registrou uma queda da plataforma: 40% a menos do que no ano anterior. Os lucros caíram de £ 9,5 milhões em 2021 para £ 5,7 milhões em 2022, com a receitas também diminuindo em 6,4%, de £ 40,4 milhões para £ 37,8 milhões. Segundo o The Bookseller, os dados refletem as movimentações de vendas durante o lockdown; o aumento em 2020 foi brutal, de mais de 150% nas vendas, com os livros digitais e os audiolivros estourando nas telas dos dispositivos de todo o mundo. No contexto atual, parece que os números estão retomando à condição normal, assim como a vida das pessoas no pós pandemia. Porém, de acordo com a empresa, os resultados não desanimam. O ano de 2022 deu grandes conquistas aos livros de J.K, como o anúncio de que mais de um bilhão de horas de histórias de Harry Potter já foram ouvidas no Audible. Clique no Leia mais e confira a matéria na íntegra.

Uma mostra virtual organizada pela Associação dos Cartunistas do Brasil (ACB) já conta com mais de 100 trabalhos de cartunistas em homenagem a Pelé. “LOVE: Pelé pelos craques do traço” está disponível no site HQMIX com cartuns, charges e caricaturas de Pelé. São trabalhos de desenhistas como Dálcio, Mauricio de Sousa, Paffaro, Fernandes, Baptistão, Manga, entre muitos outros. Em um texto seu, publicado na abertura do livro Gol de Bico – Brasil nas Copas (Panini, 2013), de JAL e Gualberto Costa, Pelé escreve: "Um dia, já profissional e com um nome no Santos, ouvi um locutor dizer no rádio que eu desenhava bem as jogadas, os dribles e, principalmente, os gols. Então, de certa forma, cheguei à conclusão de que também sei desenhar. Só que com os pés. Isso só demonstra que as artes do futebol e do traço estão próximas. E que as caricaturas e charges que aparecem na imprensa, antes e depois dos jogos, são parte do espetáculo do futebol. Sem elas, ficaria tudo muito menos alegre e emocionante.” Segundo a produção, a exposição não tem data para encerrar e será atualizada com outros cartuns sendo incorporados ao site. Clique no Leia mais para ver a matéria na íntegra.

A crítica literária Parul Sehgal, titular da revista New Yorker e com contribuições para o The New York Times e o The New York Review of Books, é uma das vencedoras do Silvers-Dudley Prize de 2023. Criado há apenas dois anos, o prêmio reconhece contribuições relevantes para as áreas de crítica literária, crítica de arte e jornalismo nos EUA. O nome é uma homenagem a Robert B. Silvers, fundador do The New York Review of Books, e sua esposa, Grace Dudley. O escritor e crítico Ryan Ruby, colaborador de veículos como a Harper's, New York Times, The Paris Review e outros, também foi escolhido vencedor por seu trabalho que caminha entre a crítica e a filosofia. Outros vencedores do prêmio este ano incluem o historiador e escritor Timothy Snyder, cujo livro Na contramão da liberdade: A guinada autoritária nas democracias contemporâneas foi publicado no Brasil pela Companhia das Letras em 2019. Clique no Leia mais para ver a íntegra desta nota.

A Amazon deve cortar mais de 18 mil empregos na Europa. O anúncio feito pela empresa em um comunicado aos funcionários vem após o reporte de vendas em baixa. Até agora, espera-se que as demissões aconteçam apenas nos setores de RH e lojas, incluindo espaços Amazon Fresh and Go. A decisão final da empresa será anunciada até 18 de janeiro. A multinacional, que emprega 1,5 milhão de pessoas em todo o mundo, passa por uma desaceleração do seu crescimento, com queda nas receitas de publicidade e vendas. Com a inflação europeia caindo, seguida pelo alto custo de vida, muitos consumidores optam por guardar dinheiro, economizando e investindo para o futuro. Clique no Leia mais e confira a matéria na íntegra.

Na Hollywood dos anos 40, o decadente Pat Hobby luta para conseguir o próximo trabalho. Sempre tramando alguma coisa na surdina, ele tenta fazer o jogo para subir de escalão, com um olho na mesa dos poderosos e outro nas secretárias. Assim, ele embarca para uma humilhação cada vez maior, sofrendo reveses tanto no campo profissional quanto no romântico. As histórias de Pat Hobby (Dublinense, 160 pp, R$ 49,90 – Trad.: Hilton Lima), publicadas na revista Esquire e inspiradas pelo período quando F. Scott Fitzgerald viveu como roteirista, formam um relato vigoroso de Hollywood e seus tipos, em caminhos que vão da fama efêmera à implacável sarjeta. Fitzgerald escreveu dezenas de contos que captaram o espírito da “era do jazz” e retrataram a sociedade norte-americana com um olhar ácido e irônico.

Como afirma Joca Reiners Terron na apresentação do livro, O Sonho Americano tem dois lados como a moeda de um dólar. Um deles é reluzente feito o sol dourado do Vale do Silício. Já o outro, fosco e arranhado, é o que perfaz as histórias de Filho de Jesus (Todavia, 112 pp, R$ 59,90 - Trad.: Ana Guadalupe), livro fundamental da literatura estadunidense do final do século XX. Narrados por um personagem anônimo que participa da ação o tempo todo, os contos são povoados por seres à deriva, gente que trocaria a própria mãe por um pico na veia. São enfermeiros junkies num pronto-socorro onde deveriam ser os socorridos, não o contrário; ladrões que roubam casas arruinadas e homens que são esfaqueados no olho pela mulher enquanto dormem. A despeito de o sonho da contracultura ter acabado, a realidade dura e cinzenta dos anti-heróis de Johnson tem como único ponto luminoso o delírio fugaz de um barato qualquer. A via-crúcis bíblica tem 14 estações, assim como o programa de recuperação dos Alcoólicos Anônimos tem 12 passos. Filho de Jesus, por outro lado, não ultrapassa as 11 histórias, fábulas embebidas em ácido nas quais ninguém se recupera nem ressuscita ao final. Publicado originalmente em 1992, Filho de Jesus consagrou Denis Johnson, ele próprio um sobrevivente do alcoolismo e do vício.

Maria Messina (1887-1944) foi uma grande autora italiana ainda pouco conhecida. A coletânea de novelas Pequenos redemoinhos (Martin Claret, 158 pp, R$ 59,90, Trad.: Adriana Marcolini), expõe, com uma escrita lancinante, a condição das mulheres na sua terra natal, a Sicília, entre o fim do século XIX e o início do século XX: opressão, submissão e obediência. Impedidas de estudar e trabalhar, proibidas de fazerem suas próprias escolhas, às mulheres só cabia obedecer. Salta aos olhos o desalento da província pobre e o compadecimento por personagens mergulhados nos “pequenos redemoinhos” das humilhações. Sensível à realidade da época, Maria Messina não deixou de lado a emigração massiva de cidadãos da Sicília – com a particularidade de retratar o fenômeno sob a ótica feminina. Com suas dolorosas separações, a dissolução dos vínculos familiares e a solidão, a emigração é narrada em Pequenos redemoinhos sob o ponto de vista das noivas, esposas, avós e mães que são deixadas para trás, enquanto os homens partem com a promessa de buscá-las ou de voltar. Mas não as buscam e tampouco voltam. A autora permaneceu obscurecida por cinco décadas, até voltar a ser publicada graças à sensibilidade do escritor Leonardo Sciascia – siciliano como ela – que na década de 1980 propôs à editora Sellerio, de Palermo, a republicação de seus livros.

Em meio ao isolamento social imposto pela pandemia, o escritor Luiz Otávio Oliani decidiu aproveitar da melhor forma o tempo de confinamento se dedicando à escrita de seu novo livro de contos intitulado Pandemônio: Diário da quarentena de um sobrevivente à Covid-19 (Ventura, 86 pp, R$ 40). De março de 2020 ao início deste ano, Oliani produziu contos que relatam a mudança ocasionada pelo coronavírus na vida das pessoas de todas as idades e origens durante o período prolongado de isolamento. A sobrevivência em tempos tão sombrios trouxe inspiração para o autor relatar com seu olhar atento a dor do isolamento social, de forma leve e até cômica em alguns momentos, mas sem perder o tom crítico pela gravidade da situação. “Somos sobreviventes diante de todo o caos e a desordem da pandemia. Apesar do tema árido, os contos trazem situações inusitadas e um olhar otimista diante de tudo o que vivenciamos nestes dois anos”, explica o autor. Oliani retrata o mar de incertezas com a chegada do coronavírus, assim como a esperança das pessoas para superar período tão conturbado e paradoxal para todos, especialmente para os médicos e profissionais que trabalharam na linha de frente no combate à doença. O autor dedica os contos a todos estes incansáveis profissionais de saúde e aos cientistas, epidemiologistas, virologistas e bacteriologistas. Afinal, sem a ciência a batalha contra o vírus não seria vencida.

Eu já morri (Boitempo, 96 pp, R$ 43) é o oitavo livro do paraense Edyr Augusto. Em 17 histórias, ele mais uma vez retrata com olhar ferino personagens singulares da cidade de Belém. São moradores de rua, figuras humildes, prostitutas, viciados, compondo um caleidoscópio de um submundo descrito em relatos ágeis e diretos, que prendem a atenção do leitor de forma quase magnética. Edyr Augusto tem uma carreira consolidada como autor de histórias ácidas e cruas, situadas na Amazônia, mas que poderiam se passar em qualquer grande centro urbano. Ler seus livros é sofrer um tratamento de choque: a velocidade brutal aliada à barbárie potencializa ao extremo o realismo presente em cada frase seca e cortante de suas narrativas. O estilo implacável, mordaz e direto é como um soco no estômago: “Meus livros falam sempre sobre pessoas. Pessoas que são atingidas por golpes de violência, pessoas que são atingidas em seu âmago e precisam reagir”, contou o autor em vídeo para a TV Boitempo.