
O livro conta com 44 páginas e obras da artista visual Sil Karla, autodidata, filha de baiana e pernambucana, residente em Olinda há mais de 20 anos. Premiada na Cow Parade Recife (2017) e na mostra internacional Art Freedom (Paris, 2019), Sil utiliza tinta acrílica e giz pastel em telas e suportes variados, tendo como foco a representação da estética afro-brasileira, especialmente no cabelo crespo enquanto forma e volume.
A autora, Fabiana Maria, é pedagoga formada pela Universidade de Pernambuco (UPE), com especialização em Educação das Relações Étnico-Raciais (IFMG). É cofundadora do Cineclube Bamako (2012), cineclube pernambucano dedicado à exibição de filmes africanos e da diáspora negra. Fabiana também realizou os documentários Cabelos de Redemoinhos (2018), Joab Jó Malungo Jundiá – Mestre de Capoeira Angola (2022) e Do Mukumbuko ao Mikoko (2025), além de autora do livro infantil Cabelos de Redemoinhos (2022).
Fabiana conta ao PublishNews que a ideia surgiu a partir da constatação de que crianças negras da escola em que trabalhava não brincavam com bonecas negras: "Até hoje crianças brancas e negras brincam em sua maioria com bonecas brancas. Mesmo hoje em dia tendo acesso a bonecas negra, a minha geração só brincou com bonecas brancas e crescemos querendo ser o que nosso corpo não é".
Na narrativa, Tóin-tóin percebe que as bonecas usadas nas brincadeiras de sua aldeia não têm seus traços — nem no tom de pele, nem na textura dos cabelos. A partir desse estranhamento, um personagem inicia uma jornada de autoconhecimento ligada à história familiar, à oralidade e à memória coletiva da comunidade. O livro é voltado para crianças de 8 a 10 anos e poderá ser utilizado em projetos pedagógicos que tratem de diversidade e construção de identidade.
Ela conta que após essa vivência foi estudar sobre essa provocação e seus efeitos para si. A partir dos estudos entendeu que brincar de bonecas não era só uma brincadeira, mas também uma reprodução de comportamentos sociais. "As crianças imitam na brincadeira o cuidado, mas quando elas só cuidam de bonecas da estética branca? Que mensagem damos ao subconsciente coletivo? Que corpos negros não precisam de cuidados", afirma.
O projeto foi financiado pelo Funcultura, programa estadual de apoio à economia da cultura da Fundarpe e da Secretaria de Cultura de Pernambuco.






