
Dona de uma das vozes mais influentes da literatura brasileira contemporânea, Adélia vem sendo celebrada dentro e fora do país. Em 2024, recebeu duas das distinções mais importantes da língua portuguesa — o Prêmio Camões e o Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras. Em sua carreira, acumula ainda reconhecimentos como o Griffin Poetry Prize, o Prêmio Jabuti, o Prêmio Biblioteca Nacional e, em 2014, a Ordem do Mérito Cultural.
A editora Record prepara uma série de lançamentos e relançamentos para festejar o tempo bem vivido da poeta. Em 2024 chegaram às livrarias novas edições de Bagagem (1976), Terra de Santa Cruz (1981), O pelicano (1987) e do romance O homem da mão seca (1994). Para fevereiro de 2026 estão previstas as reedições de Filandras, Miserere e Solte os cachorros. Cada título revisita momentos-chave da trajetória da autora — dos contos de intimidade feminina em Filandras ao salto para a prosa em Solte os cachorros, publicado originalmente em 1979.
Já O jardim das oliveiras, seu livro mais recente, traz 105 poemas que retomam temas centrais de sua obra — cotidiano e sagrado, lucidez e mistério, finitude e espanto. Em versos de forte carga simbólica, Adélia aprofunda a relação entre poesia, transcendência e experiência humana: “era Deus quem doía em mim”, escreve em um dos poemas, num gesto de radical entrega à linguagem.
Nascida em 1935, em Divinópolis (MG), Adélia Prado estreou tardiamente na literatura, após ser descoberta por Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), que recebeu seus originais por intermédio de Affonso Romano de Sant’Anna (1937-2025) e os descreveu como “fenomenais”. Desde Bagagem, lançado pela Imago em 1976, sua obra expandiu-se para a poesia, a prosa, a literatura infantil e o teatro, consolidando-se como um marco da literatura brasileira.






