
O líder indígena e acadêmico da Academia Brasileira de Letras (ABL), Ailton Krenak, amigo e parceiro intelectual de João, vai apresentar a obra no Sempre um Papo – TCE Cultural. Será na quarta (10), às 19h30, no auditório do Tribunal de Contas de Minas Gerais (Av. Raja Gabaglia, 1.315 – Belo Horizonte / BH). O encontro terá transmissão ao vivo pelo YouTube do TCE-MG e do Sempre um Papo.
O evento tem como tema o eixo “Justiça Climática e Territórios em Transição”, debatendo as urgências ambientais e humanas do nosso tempo. A cantora e ativista cultural Titane, organizadora do livro, fará a apresentação e o evento será mediado por Afonso Borges, criador do Sempre um Papo.
Com prefácio de Krenak e capa ilustrada pelo coletivo Movimento dos Artistas Huni Kuin (Makhu), coordenado por Ibã Huni Kuin, o livro revisita uma fase decisiva da trajetória do artista, marcada pela sua aproximação profunda com movimentos indígenas e ambientalistas, pela criação do Grupo Poronga e pela elaboração da trilogia acreana: Caderno de Acontecimentos, Tributo a Chico Mendes e Yurayá – o rio do nosso corpo.
O posfácio, assinado por Mara Vanessa Fonseca Dutra, reconstrói o contexto político e cultural do Acre nos anos 1980 e 1990 a partir de entrevistas com familiares, artistas colaboradores, lideranças indígenas, indigenistas e representantes de instituições que acompanharam João na época.
A publicação reúne três textos que dão corpo a essa travessia. O teatro e a floresta, artigo desenvolvido também em palestras e publicações no Brasil, Espanha, Alemanha e México, aborda a relação entre a prática teatral e a cosmovisão indígena. Já Como os Kaxinawá descobriram o teatro narra o primeiro encontro de João com os Huni Kuin em Rio Branco, quando ministrava um curso de teatro na cidade.
Já o inédito Diário de viagem ao Yurayá, escrito durante uma jornada de três meses pelo Rio Jordão, combina memória, descrição da vida na floresta e reflexões sobre convivência, arte, escuta e espiritualidade — registrando, de forma sensível e minuciosa, o olhar do artista em plena imersão.
A força desse ciclo amazônico ultrapassa a dramaturgia. Para além das peças, João das Neves registrou a floresta como território estético, filosófico e afetivo, no qual teatro, política, humanidade e ancestralidade se encontram. O Encenador e a Floresta mostra como foi decisiva essa experiência para a formação de um dos nomes mais importantes das artes cênicas brasileiras.
Audiolivro
A edição conta ainda com o audiolivro Viagem ao Yurayá – Diário da viagem de João das Neves ao Rio Jordão, narrado pelo ator Glicério do Rosário. A versão, mais compacta, amplia a acessibilidade da obra e integra o conjunto de materiais dedicados à presença do dramaturgo no Acre.






