Angola, Brasil, Moçambique e Portugal estão na final do Prêmio Oceanos 2025
PublishNews, Redação, 24/10/2025
Treze editoras concorrem com livros finalistas; Silvana Tavano, Maria do Carmo Ferreira, Ana Maria Vasconcelos e Fabiano Calixto são os brasileiros com obras selecionadas

O Prêmio Oceanos anunciou nesta quinta-feira (23) os 10 finalistas de 2025. Cinco livros de prosa e cinco de poesia, de autores de Angola, Brasil, Moçambique e Portugal foram selecionados por júris especializados em cada uma das categorias, entre os respectivos grupos semifinalistas desta edição, a qual contou com o número recorde de 3.432 livros inscritos.

Se, na primeira etapa, que classificou os 25 semifinalistas de prosa e os 25 de poesia, cada jurado leu parte dos livros concorrentes, nesta segunda, que classificou os finalistas, cada um deles leu os 25 livros semifinalistas de prosa ou os 25 de poesia. Todo o processo foi realizado na plataforma desenvolvida pelo Itaú Tecnologia para o Prêmio Oceanos.

O âmbito transnacional do prêmio ficou evidenciado nos quatro países contemplados nessa etapa, assim como na diversidade de editoras classificadas para concorrer à etapa final: 13 editoras. O número maior de editoras em relação ao número de livros se explica porque três das obras foram publicadas em mais de um país, como especificado abaixo:

Finalistas prosa:

  • A cegueira do rio, Mia Couto – Moçambique. Romance publicado pelas editoras Caminho (Portugal), Companhia das Letras (Brasil) e Fundação Fernando Leite Couto (Moçambique);
  • As melhoras da morte, Rui Cardoso Martins – Portugal. Romance da Tinta-da-China (Portugal);
  • Mestre dos batuques, José Eduardo Agualusa – Angola. Romance publicado pela Quetzal (Portugal) e pela Tusquets (Brasil);
  • Ressuscitar mamutes, Silvana Tavano – Brasil. Romance da Autêntica (Brasil);
  • Vermelho delicado, Teresa Veiga – Portugal. Livro de contos da Tinta-da-China (Portugal).

Finalistas poesia:

  • As coisas do morto, Francisco Guita Jr. – Moçambique. Publicado pelas editoras Gala-Gala (Moçambique) e Kacimbo (Angola);
  • Coram populo - Poesia reunida [2], Maria do Carmo Ferreira – Brasil. Publicado pela editora Martelo (Brasil);
  • Lições da miragem, Ricardo Gil Soeiro – Portugal. Publicado pela editora Assírio & Alvim (Portugal);
  • Longarinas, Ana Maria Vasconcelos – Brasil. Publicado pela editora 7Letras (Brasil);
  • O pito do pango & outros poemas, Fabiano Calixto – Brasil. Publicado pela editora Corsário-Satã (Brasil).

Na prosa, de acordo com a organização do Prêmio, verifica-se uma intersecção de mito, poesia e História nos romances africanos. Sobre o incidente militar verídico, ocorrido em Moçambique em 1914 e narrado em A cegueira do rio, diz Mia Couto que a literatura consegue revisitar o passado, revelar o que se quis apagar, mas “sem apontar o dedo às pessoas”. Agualusa também traz um acontecimento histórico em Mestre dos batuques para narrar uma história de amor, configurando o que ele chama de “falso romance histórico”. Já as histórias de indivíduos que, confrontados com a morte, vão em busca de suas origens, memórias, relações pessoais e familiares, estão em Ressuscitar mamutes, de Silvana Tavano, e As melhoras da morte, de Rui Cardoso Martins. Nos contos de Vermelho delicado, Teresa Veiga questiona os limites entre o “normal” e o “anormal”, ou as várias faces assumidas pela “loucura”.

Na poesia, o “acontecimento” da publicação da obra de Maria do Carmo Ferreira, até este ano inédita em livro. Coram populo dá uma ideia sobre sua poesia inventiva e provocadora. Diversidade é também a marca de O pito do pango, que explora "regularidade e versilibrismo, experimentos gráficos e rimas, sonoridade, imagética e crítica". Como a de Fabiano Calixto, a poesia de Ana Maria Vasconcelos, em Longarinas, prima pela consciência formal, num livro em que formas breves compõem conjuntos instigantes. Inspiradoras são também as Lições da miragem, em que Ricardo Gil Soeiro transita por inúmeras epistemologias, subvertendo-as poeticamente. Francisco Guita Jr. é outro que convida à reflexão: As coisas do morto tratam da morte e da finitude, mas num chamado à urgência de viver.

O júri intermediário, que fez a leitura dos 25 semifinalistas de prosa, foi composto pelos brasileiros Jacques Fux (pesquisador, professor, tradutor e escritor) e Leonardo Piana (prosador e poeta); os portugueses Gustavo Rubim (escritor, pesquisador e professor na Universidade Nova de Lisboa) e Teresa Carvalho (professora e crítica literária), e o moçambicano José dos Remédios (ensaísta, jornalista e professor de literatura).

O júri intermediário, que fez a leitura dos 25 semifinalistas de poesia, foi composto pelo angolano Lopito Feijó (poeta, crítico literário e professor de literatura angolana); os brasileiros Bruna Beber (poeta, escritora, artista visual, compositora, tradutora e pesquisadora) e Rodrigo Garcia Lopes (poeta, romancista, professor, tradutor e ensaísta), e os portugueses Pedro Teixeira Neves (escritor, jornalista e fotógrafo) e Raquel Lima (poeta, performer, slammer, arte-educadora e pesquisadora).

A avaliação dos finalistas está a cargo de outro júri, de nacionalidades distintas, e também capacitado em termos técnicos. O de prosa é formado pelos brasileiros Bernardo Ajzenberg (jornalista, tradutor, editor e escritor) e Wellington de Melo (escritor, editor e professor universitário na UFPE); o moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa (escritor integrante da lista dos cem melhores autores africanos do século XX), e os portugueses Carlos Maria Bobone (escritor, editor e crítico literário) e Sara Figueiredo Costa (jornalista, colaboradora de publicações na área da crítica literária e do jornalismo cultural).

O júri em poesia tem a angolana Ana Paula Tavares (historiadora e poeta, ganhadora do Prêmio Camões 2025); os brasileiros Juliana Krapp (jornalista, poeta, finalista do Oceanos 2024) e Rodrigo Lobo Damasceno (ensaísta e poeta, finalista do Oceanos 2025), e os portugueses Daniel Jonas (tradutor e poeta) e Rosa Oliveira (professora, ensaísta e poeta).

Vale lembrar que ambos os júris foram eleitos pelo primeiro júri, que selecionou os semifinalistas entre os livros inscritos. Dia 10 de dezembro serão conhecidos os dois vencedores do Oceanos 2025, um em cada categoria.

O prêmio

O Oceanos é realizado via Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), pelo Ministério da Cultura, e conta com o patrocínio do Banco Itaú, da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas da República Portuguesa, o apoio do Itaú Cultural, da Biblioteca Nacional de Moçambique e do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde; e o apoio institucional da CPLP. O Prêmio Oceanos é administrado pela Associação Oceanos, em Portugal, e pela Oceanos Cultura, no Brasil.

[24/10/2025 11:28:49]