Em 2024, PNLD distribuiu 194,6 milhões de livros didáticos
PublishNews, Guilherme Sobota, 23/10/2025
Valor total das aquisições ultrapassou R$ 2,1 bilhões, segundo dados do Anuário Abrelivros 2025

Lançamento do Anuário foi realizado no Unibes Cultural com representantes da Abrelivros, MEC e FNDE | © Abrelivros
Lançamento do Anuário foi realizado no Unibes Cultural com representantes da Abrelivros, MEC e FNDE | © Abrelivros
Em 2024, foram distribuídos 194,6 milhões de livros didáticos pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD). Os dados são do Anuário Abrelivros 2025, da Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais (Abrelivros), que reúne as principais editoras de livros escolares do país. A publicação de 2025, com o tema “Os Jovens e o Ensino Médio”, foi lançada nesta semana em São Paulo. O destaque deste ano foi a implementação da nova Política Nacional de Ensino Médio, e a publicação traz dados atualizados sobre a distribuição de obras pelo programa.

Disponível também na versão digital e em braile, o volume evidencia o PNLD como uma política pública consolidada há mais de oito décadas, responsável pela entrega de mais de 1,5 bilhão de livros didáticos às escolas públicas do Brasil somente nos últimos onze anos. As informações completas podem ser acessadas no site da Abrelivros.

Em 2024, 31,1 milhões de alunos receberam obras do Programa, o que corresponde a 82,9% do total de matrículas na rede pública de Educação Básica. O valor total das aquisições foi de R$ 2.134.385.678,83 – o preço médio por exemplar é de R$ 10,97.

"O Brasil passa pela implementação da nova Política Nacional de Ensino Médio, a segunda grande reforma dessa etapa em menos de dez anos, em um cenário marcado por desafios e por transformações trazidas pela Inteligência Artificial, pelas redes sociais e pelas mudanças no mundo do trabalho. Nesse contexto, a nova edição do Anuário Abrelivros aborda os desafios e as oportunidades dessa fase fundamental, além de dedicar uma seção especial ao PNLD, que, a partir de 2026, distribuirá novos livros didáticos alinhados à Política, incluindo obras de Educação Digital, componentes curriculares e projetos integradores. É com alegria que lançamos mais uma edição e, ao olhar para nossa trajetória de mais de 30 anos, a Abrelivros reafirma sua convicção no poder transformador da Educação e na defesa do livro como instrumento de diálogo com a sociedade e de formulação de políticas públicas", afirma Ângelo Xavier, presidente da Abrelivros.

Em um artigo, Xavier também comentou as dificuldades relacionadas ao orçamento do Programa.

"Vivemos tempos preocupantes. Em edições anteriores, já apontamos para a necessidade de incluir o orçamento do PNLD entre as despesas obrigatórias do governo, de forma a evitar cortes e contingenciamentos. Todavia, é preciso dar um passo anterior, e garantir um orçamento condizente com o tamanho do programa. Veículos de comunicação já apontaram para a insuficiência da dotação orçamentária para a execução do PNLD, em 2025. Reconhecendo o fato, o Ministério da Educação indicou estar em busca de recursos complementares. Mas, a verdade é que se trata de um problema crônico do PNLD. Um estudo do orçamento previsto nas Leis Orçamentárias Anuais – LOA, para o período entre 2016 a 2025, evidencia que o Programa vem constantemente perdendo valor", escreve.

De acordo com o Anuário, o orçamento nominal em 2025 é praticamente o mesmo do previsto em 2017, mesmo diante de uma inflação acumulada de mais de 48% no período.

Anuário Abrelivros 2025

Nesta edição, o Anuário explica o ciclo de atendimento do PNLD, organizado em quatro anos, e que contempla todas as etapas da Educação Básica: Educação Infantil, Anos Iniciais e Finais do Ensino Fundamental, e Ensino Médio. Em 2024, a distribuição foi de 2,5 milhões de obras para a Educação Infantil, 105,7 milhões de livros para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano), 73,7 milhões de exemplares para os Anos Finais (6º ao 9º ano) e 12,5 milhões de exemplares para o Ensino Médio.

Livro pode ser acesso gratuitamente no site da Associação | © Abrelivros
Livro pode ser acesso gratuitamente no site da Associação | © Abrelivros
O Anuário também apresenta ainda os números do PNLD em todas as 27 unidades federativas, permitindo uma visão abrangente do cenário estadual e a comparação com os números nacionais. São Paulo, o estado mais populoso do Brasil, recebeu 34,6 milhões de livros em 2024, beneficiando 5,8 milhões de alunos.

Com 106 páginas, o volume inclui infográficos, entrevistas com educadores e pesquisadores, além dos indicadores mais recentes da educação.

De acordo com o Anuário, os números não deixam dúvidas: é no Ensino Médio que estão os maiores desafios da Educação pública brasileira. As dificuldades a serem superadas começam pelo próprio acesso dos jovens a essa etapa de ensino, mas se intensificam quando o assunto é a permanência na escola, a conclusão dos estudos e, mais significativamente, os patamares de aprendizagem alcançados pelos alunos.

Evidências contundentes nesse sentido são, por exemplo, os resultados obtidos pelos adolescentes do Ensino Médio no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb): 32% dos alunos têm aprendizagem adequada em Língua Portuguesa; e, em Matemática, esse índice é de 5%. “Quando os estudantes chegam ao Ensino Médio, trazem defasagens acumuladas nas etapas anteriores da trajetória escolar, muitas vezes, com reprovações e períodos de abandono”, lembra Manoela Miranda, gerente de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação.

O edital do PNLD dos novos livros do Ensino Médio trouxe novidades importantes, já com foco nas políticas públicas que começaram a ser implantadas desde a Base Nacional Comum Curricular e que culminaram com a reforma do Ensino Médio. Entre elas, a escolha dos livros didáticos pelas escolas, ainda feita por áreas do conhecimento, mas com livros organizados por componente curricular. No novo desenho, também, serão ofertados os chamados livros integradores, assim denominados por integrar conteúdos de áreas diferentes e subsidiar itinerários formativos.

Para o presidente da Abrelivros,a nova versão do PNLD trouxe novidades e, também, desafios. Na sua visão, o FNDE incorporou sugestões das editoras, como o aumento do número de páginas de algumas disciplinas, como Matemática, e nos manuais do professor. “Mas a essência do programa não mudou, mantendo a área do conhecimento como elemento central, o que foi um grande desafio para os editores, agregando as disciplinas das Ciências em obras disciplinares que se relacionam entre si, respeitando as diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), bem como todas as leis que orientam a produção das obras didáticas”, considera.

Metodologia

Todas as informações relativas ao PNLD foram geradas e fornecidas pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Para os números referentes à Educação, esta edição do Anuário Abrelivros utiliza dados de fontes primárias (MEC/Inep, FNDE/PNLD e IBGE), quase sempre com a elaboração estatística do QEdu/Iede e da Assessoria de Pesquisa e Avaliação da Fundação Roberto Marinho. O Anuário Abrelivros 2025 traz os dados disponíveis no processo de produção. Nesta edição, a maior parte dos números são de 2024. Os dados referentes à aprendizagem dos estudantes brasileiros são de 2024, referentes à aplicação mais recente das provas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Esta edição não traz dados do PNLD Literário, que oferece obras de literatura a estudantes e professores. Em 2024, não houve distribuição de exemplares relacionados a esta iniciativa.

[23/10/2025 10:23:35]